Capítulo 17 - Sangue de Dragão

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Longe da glória de uma arena flutuante e ainda mais de um momento comovente de rebeldia contra os estereótipos físicos sociais da bruxandade brasileira, um homem aguardava ansiosamente sua entrega.

De pé, o professor Anderson Quintella escorava-se em um pilar quase sem iluminação. Seu olhar medonho mirou ferozmente o pequeno menino que se aproximava. O segundanista magricela se entregava com uma expressão aterrorizada, onde se podia ler que estava fazendo algo de errado.

O aluno de Castelobruxo estava tão disperso em pensamentos conspiratórios sobre ser seguido que acabou passando sem sequer ver o bruxo à espreita.

- Garoto. - Ele o chamou.

Jasiel acabou pulando com o susto e o frasco que escondia em sua mão voou. Ele tentou apanhá-lo mais uma ou duas vezes, mas seus esforços só ajudaram a jogar o recipiente ainda mais longe. O vidro girou em pleno ar e para o garoto observou cada rodopio lentamente.

Com os olhos arregalados, Jasiel acompanhou a trajetória até o chão. Ele fechou os mesmos para não ver o recipiente se partir e o conteúdo espalhar-se. Contudo, ele não ouviu o barulho do frasco se partindo.

Anderson o convocou com a varinha a milímetros do chão e ao invés de partido em mil cacos, o vidro estava no punho do bruxo.

- Foi mal... - Jasiel lhe pediu desculpas.

- Seu merdinha. - Ele respondeu, impetuoso. O professor ergueu o frasco e o sacudiu, observando o líquido um tanto grosso em vermelho-borgonha. - Por que demoraram tanto?

Jasiel fechou os olhos, temendo represálias com a indagação em tom enraivecido. - E-ele só entrou em combate hoje, senhor.

- Se aquela jamanta da Andrea fizesse as coisas direito, já teria o sangue do porquinho antes mesmo de ele entrar na competição. Incompetentes...

O menino respirou fundo e voltou a falar: - Ela pediu para te avisar que ele concordou. Que está pronto para a hora que você quiser.

- Pelo menos isso, escória. - O homem alegrou-se internamente e seus olhos brilharam ao imaginar o que faria com aquilo. No segundo seguinte, reparou que Jasiel ainda estava ali o encarando. - SAIA! - Ele gritou e espantou o garoto, que correu como uma barata assustada e tropeçou por todos os lugares possíveis.

O bruxo seguiu pelo lado contrário ao do aluno. Ele caminhou gloriosamente pelos corredores da grande Hogwarts, sentindo-se empoderado. Os arcos, portões e escadas eram pequenos em comparação a seu ego.

Anderson tinha tanta certeza de que era o mais belo, esperto e poderoso bruxo que muitas das vezes esquecia-se de sua condição precária. Em momentos como aquele, ele preferia se provar diante uma ameaça que focar-se em completar seus planos.

Caminhando o mais rápido que pôde, ele cruzou o castelo rapidamente sem que quase ninguém cruzasse o seu caminho. Àquela altura, a maior parte dos alunos já estava de volta a arena flutuante para ver as desventuras da competição. Por isso, era fácil caminhar tão expressivamente diferente. Um pequeno respiro em sua contínua interpretação.

Ele seguiu pelas últimas escadas rumo à sua sala como professor. A espiral foi percorrida rapidamente até que chegou a porta de seus aposentos que já exalava um curioso fedor de enxofre.

Ao abrir a porta tudo parecia normal. Para quem olhasse o local, era digno de um professor de voo apaixonado por seu antigo time de quadribol. Havia mais vassouras pelo quarto que livros e as prateleiras dos armários contavam com poucos objetos pessoais. Mesmo a escrivaninha do professor, não possuía muita coisa. Não havia nada além de um pergaminho claramente virgem e uma pena com a ponta endurecida no tinteiro seco.

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⏰ Última atualização: Oct 28, 2019 ⏰

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