Capítulo 19 - O Refúgio

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Cheguei no meu refúgio arrasada, mas ciente de que tinha feito o melhor para mim.

Apesar de ser uma cidade violenta, o Rio é um lugar onde podemos nos esconder no silêncio do anonimato.

Ninguém está ligado em quem você é ou deixa de ser.

É a solidão de se estar rodeado pela cultura e pelo desfrutar de uma natureza exuberante.

O que necessito está ao alcance de um telefone, a paz do terceiro andar, aos sons da natureza, é, sem sombra de dúvida, a melhor terapia anti depressiva.

Dormi no sofá, em frente à janela escancarada .

Acordei bem mais disposta, já era noite, o piado da coruja da arvore da frente me acolhia e me informava da ausência de agitação tão característica em dias normais.

Comi um sanduiche de presunto requeijão e abacaxi.

Às 21 horas liguei o celular.

Como é bom ficar desconectada por uma tarde.

Preciso lembrar de fazer isso mais vezes.

Tinha muitas mensagens, mas eu foquei na família.

Notícias da filha, do filho, e da sobrinha.

De Arthur 134!

Mais 20 ligações!

Essa gente não sabe respeitar um não?

Duas ligações de um numero Desconhecido.

Tentei ligar mas estava fora de área.

_ Marie?

_ Mia, onde você está? Estamos preocupados.

_ Estou ligando para dizer que sinto muito pelo trabalho de vocês mas eu não posso participar.

_ O Max nos explicou sua decisão e nos ofereceu um cachê bem alto para uso do vídeo para propaganda da boate. Arthur sugeriu cortar a parte que você aparece.

_ Ok, façam como quiserem, não me importo.

_ Você precisa autorizar o uso da imagem.

_ Amiga estou sem paciência para aquele povo. Estou no Rio.

_ Eu te compreendo. Não esquece de nós.

_ Pode deixar, não esqueço.

_ Gerson?
_ Dona Mia! Que bom que ligou! Tem um monte de gente procurando a senhora.

_ Mesmo? E era o que?

_ Primeiro foi seu Arthur, o motoqueiro. Depois seu Max da boate. À noitinha veio uma van, mas falaram com o Junior.

_ E o que vocês disseram?

_ Que achava que a senhora tinha viajado porque o carro não estava.

_ Fez muito bem, obrigada. Alguma novidade na obra?

_ Nada não, Fica tranquila.

_ Tá. Qualquer coisa me liga.

Acho que são as duas pessoas com quem precisava falar.

Envolvida no enredo do livro que lia, O Leão de Wall Street, da Juliana Dantas, levei um susto quando o telefone fixo tocou.

_ Dona Mia?

_ Sim Gerson, fala.

_ É Seu Téo que quer falar com a senhora.

_ Bota ele na linha. Fala Téo!

_ Mia, é o Bear. Saiu daqui doido e se ferrou aí em Niterói.

_ Aí meu Deus, explica melhor.

_ Caiu da moto na entrada da ponte, na curvinha.

_ Morreu?

_ E vaso ruim morre ? Não, mas tá bem ferrado.

_ Qual hospital?

_ Antonio Pedro, mas não pode receber visitas, tá em coma induzida.

_ Téo, cuida aí das coisas que eu vejo isso.

_ Mia, cuida dele aí para mim? É nosso irmão!

_ Tá bom, te dou notícias.

Pensei em ir até Niteroi, mas se ele estava em coma não adiantaria.

Liguei para o Antônio Pedro e deixei meus telefones para me comunicarem qualquer alteração no quadro de Arthur.

Conhecia muita gente , minha filha trabalhava lá.

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