Capítulo 29 - O Jantar

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Olhei no fundo de seus olhos e vi dor, solidão, nada parecido com aquele homem arrogante que conheci na estrada.

_ Tive atitudes imperdoáveis  que quero consertar mas não  sei como nem por onde começar.  O fato de você  não  aceitar a herança  de meu irmão  me desestrutura, arrasa com tudo que já  fui.

_ Não  estou fazendo isso por vingança  ou desprezo. Só  não  quero mais isso. Heitor foi um tudo na minha  vida mas me mostrou o quanto é  desumana esta busca por poder.

_ Era eu o mascarado.

_ Eu desconfiava. Mas foi muito bom!

_ Eu manipulei a recepcionista  para saber qual era seu brinco.

_ Ahahaha, não  acredito.

_ Fiquei louco aquela noite. Não  esqueço  seu cheiro, seu calor. Você  me levou ao paraíso.

_ Posso dizer o mesmo.

_ Preciso ter você de novo. Na noite da estrada eu fui resgatado  da escuridão. Depois  você  me mostrou  o amor verdadeiro ao se despedir das cinzas do meu irmão. Sua moqueca me deu uma visão  do que poderia ser a felicidade de estar a seu lado como seu homem. Então aconteceu a melhor noite da minha vida e eu não  sabia mais o que fazer.

_ Me diz que não  foi  o responsável  pela palhaçada da reunião.

_ Não, apenas participei  como sócio. A ordem  estava a sua procura e Max amou aquilo para te atrair. Eles sabem da sua postura quanto a exposições em público, mas você  não deixou te manipularem. Te admirei mais ainda.

_ Arthur eu já  fui muito machucada na vida. Abandonei a Ordem por causa disso.

_ Esqueça  a Ordem. Max reconheceu  sua razão.  Estamos liberados.

_ A melhor notícia em anos!

Minha alegria foi tanta que levantei e sentei em seu colo em um abraço espontâneo.

Suas mãos quentes espalmaram em minhas costas e meu corpo tremia de alegria, prazer, liberdade  e tesão.
Liberdade tem gosto de sexo.

Precisava de Zoe aqui comigo.

Não  impedi quando ele me beijou. Quente, profundo, sedento.

Pegou o celular e passou uma mensagem para Teo:

Não  se atreva a subir sem me avisar. Precisamos de 2 horas a sós.

_ Duas horas?

_ Por hoje, não  esquece que estou em recuperação. Mia, podemos  ir devagar, quero você  para o resto da minha vida.

_ Só  se for sem cobranças.

Passou sua mão  em minha bochecha, olhou fundo em meus olhos e encostou sua testa na minha.

_ Você  manda. Eu só  obedeço.

_ Então  me leva pro quarto, quero ser bem obedecida.

Acho que passamos mais de duas horas.

Nenhum  dos  dois olhou o relógio. 

Só  aterrisamos quando ouvimos o tof tof tof da Harlley saindo da garagem e subindo a rua.

BEM acelerada, talvez para avisar que Téo tinha concertado a moto, ou que já  era hora de nos aprontar para o jantar.

_ Você  se importa se eu não  for jantar com sua mãe?

_ Por favor Mia, segura minha mão neste jantar?

Elizabeth me suga, preciso teu apoio para encarar ela de frente.

_ Ela é  sua mãe!

_ Biológica, só! Vou te levar para conhecer Juana, a mulher que me criou. Ela sim foi minha mãe. Heitor deve ter contado como foi a separação.

_ Sim, contou.

_ Vamos tomar banho, já são  19 horas!

_ Me leva? Tô  molinha.

_ " aiai"

_ Amo te ver assim.

O interfone tocou.

Era Téo perguntando  se podia subir.

Enquanto ele tomava banho  e se arrumava eu terminei minha maquiagem, coloquei as sandálias  e fui para a sala.


Arthur estava muito elegante em uma calça  jeans e camisa social branca. Sua postura de macho alfa mexeu com meu coração. 

Não era Heithor, era sua versão  executivo, pronto para tomar o que era seu.

_ Admirando o Cristo?

_ Este lugar é  muito  agradável.

_ É  meu refúgio.

Quando chegamos à garagem Teo já  tinha arrumado os carros.

A Harlley ao lado da camionete me lembrou Heithor, mas afastei  o pensamento.

Novas atitudes.

_ Mia posso ir de moto? Quero testar.

_ Claro Téo, está  em boas mãos.

_ Pode até  dar uma paquerada pela praia depois do jantar.

_ Hummm, vou pensar na proposta.

_ Garanto que Julia aceitaria ser sua companhia.

_ Posso Arthur?

_ Deve.

_ Arthur, meu bebê, você  está  atrasado.

_ Elizabeth, isto não  é  um jantar oficial. Somos família.  Chega de cobrança.

_ Ok, venha, sente ao meu lado. Mia, senta você  ali.

_ Mia vai ficar a meu lado.

Quando levanto os olhos percebo alguém  me observando com um sorriso cínico. 

Hecktor me olhava da entrada do restaurante e por sua expressão, não  lhe agradava o que via.

Devagar, como um puma armando seu bote, aproximou -se de nossa mesa.

_ Elizabeth, amada, a quanto tempo! A cada dia mais ofuscante!

_ Hecktor! Meu amor, não  sabia que estava no Brasil! Sente aqui a meu lado, janta conosco!

_ "Agora sim ferrou tudo. Maninha, sai dessa agora."

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