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SALMO XXVIPedirão contas da tua liberdade.
Sorrirás o sorriso que se põe atrás do sol
E a curvatura deste mundo se apequenará,
Atenta,
Ante o teu brado.
Mas de ti
Só ecoarão isso que os teus inquisidores atestaram
Em teus olhares:
Tu te erguerás
E depois inclinarás,
Cingirás a terra
E o tempo terá passado
Sem satisfazeres os teus ossos;
O teu suor gotejará
Reto e direto ao chão
Sem que eles e elas vejam;
Teu cansaço será respiro para os que agonizavam sem alegria;
Tuas mãos,
Tremendamente vazias,
Desaprenderão a conjugar
Verbos que seguram, manipulam ou sufocam;
Teu rosto, sulcado pelo vento, terá em si talhado as surpresas,
Boas e amargas,
Encobertas de velhice e solidão;
Tua voz será certeira e vinda como que do mundo do irrepetível,
Cantando o sotaque das gentes simples e a mudeza dos doutores;
E teu sangue borbulhará uma vez mais,
Mas será de mansidão, esta que passou devastando tua vida
E, tendo somente a história anônima que te registre,
Tu dirás:Eu sou livre!
- Brenda de Magdala.
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Salmos de Madalena
PoetryEssa coletânea de poemas intenta ser uma Ode ao feminino e a sua estreita relação com o Transcendente. Deus não é homem nem mulher, mas certamente traz em si - e no-lo dá a revelar - o que tem e gera de feminino e, por naturalidade, as mulheres tran...