BATISMO

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* * *SALMO XLV

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SALMO XLV

No breu da noite de minha lucidez,
Eu pensava
Que o amor era moldável
A qualquer forma...
Era uma abstração ingênua e vaga.
Não a culpo de ser imaterial,
Era o puro Espírito que paira sobre as águas.
Li na bíblia essa rasura!
O fato é que me ative na alquimia
Do amor,
Da água,
Do espírito.

E me foi um tempo insondável
O que eu sentia:
Uma fotografia esquecida da infância,
Uns versinhos enamorados e rejeitados,
A brutalidade de um choro de saudade,
A cicatriz no lado esquerdo do corpo,
A tarde chuvosa com amigos na cozinha,
A primeira noite depois do primeiro beijinho de amor,
A vez e medo que minha mãe caiu doente,
A última vez que olhei comovida o crucifixo...
Tudo bíblico, porque submerso.

E eu aqui,
Arfando o ar,
Afogando minha carne que ama,
Suplicando o Espírito no peito.
Desde o início eu pairando, pairando, pairando...
Acham meu corpo boiando morto na praia,
Mas minha alma é inalcançável como água
Quando ganha o mar
E nunca mais se prova doce,
Porque o amor é salgado,
E Deus mesmo o chorou todinho...

- Lívia de Magdala.

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