* * *
SALMO XLVIEu apalpava algo
Em meus olhos
Quando o coro dizia – distraído de si:
"Cordeiro de Deus".
Eu latia à piedade
Como um vira-lata que não viu nada.
Mas o coro insistia:
"Cordeiro de Deus"
E me jogavam na cara um e outro pecado,
O mundão que Deus mesmo fez
E uma necessidade homilética de tirar
O mundo de Deus
Para dá-lo ao pecado
Para depois tirar o pecado do mundo
Porque assim quis Deus...
Do outro lado eu estendia e apertava as mãos
Porém nada em mim mitigou
E o cordeiro escapou.
O meu anjo, velho e amigo,
Me sossegou a língua
E semicerrou os olhos.
Eu contemplei
Sangue
Carne
Silêncio... Ó!
É quando me faço cordeiro
Que do Senhor eu tenho a Paz!– Cintia de Magdala.
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Salmos de Madalena
ŞiirEssa coletânea de poemas intenta ser uma Ode ao feminino e a sua estreita relação com o Transcendente. Deus não é homem nem mulher, mas certamente traz em si - e no-lo dá a revelar - o que tem e gera de feminino e, por naturalidade, as mulheres tran...