Acho Que Eu Também

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P.O.V ALICE

- Você tá mais calma?- Pergunto quando Jade parece perdida em pensamentos, acredito que nada bons de acordo com os últimos acontecimentos.

- Estou sim Ali, obrigada.- Ela sorri.- Só queria falar com a Bia.- A olho sem entender.

- Quem é Bia?- Ela solta um suspiro como se estivesse cansada.

- É a minha sobrinha, filha da Liv, tem cinco anos. É tão linda, mas não deixa ninguém se aproximar quando está triste ou com medo.

- Por quê?- Pergunto sem entender.

- Tia Suzi, mãe do babaca do Lucas percebeu que ela tinha reações diferentes do comum quando ela tinha quase quatro anos. Ela trata com psicólogo,mas nem ele conseguiu a acalmar, ela é mais sensível que pessoas comuns.- Céus, é só uma criança. Sinto meus olhos arderem por imaginar uma criança tão pequena sendo tão sensível e tendo que passar por essa situação toda.

- Será que tem como eu a conhecer um dia?- Jade me analisa.

- Ela tá aqui no hospital, na sala infantil.- Sei onde é, já passei muito tempo nesse hospital.

- Vamos lá?- Pergunto enquanto limpo algumas lágrimas, não é hora para chorar sua perda Alice.

- Claro.- Ajudo Jade a se levantar devagar.

Tem poucas crianças na sala, hospital não é o melhor ambiente para os pequenos, vamos combinar. As crianças parecem alheias ao clima pesado que existe em um lugar como esse, algumas brincam com jogos educativos, outras assistem a um desenho na televisão, tem também crianças pintando desenhos com tinta. Quase não reparei na garotinha ruiva com o olhar assustado, ela está tão encolhida em um canto, como se tentasse se fundir a parede. Contenho o impulso de correr até lá.

- É a Bia, minha pequena está tão diferente do normal...- Olho para a Jade e percebo que ela está chorando.

- Por que você não se senta enquanto eu vou falar com ela?- Ela me olha duvidosa.- Confia em mim, eu sei como é ser uma criança com medo de perder uma das pessoas mais importantes da sua vida.- A diferença é que eu perdi meu avô, a única influência masculina decente que tive na infância, minha referência de como um pai deveria ser.

- Não custa tentar.- Ela cede e acaba se sentando próxima a porta.

Ando até onde a pequena garotinha está, me sento próxima a ela, mas não muito, porque não quero entrar no seu espaço sem ser convidada. Ela me olha curiosa, mas não faz questão de focar em mim por muito tempo.

- Meu cabelo também é vermelho.- Ela me olha de novo e sorrio.

- É.- Ela olha para o próprio cabelo e depois foca o olhar no meu.- O seu é igualzinho o da pequena seria, sabia?

- E você gosta dela?- Bia parece pensar.

- Gosto, mas prefiro a Branca de Neve. Ela tem os sete anõezinhos e eles são tão engraçados. Parecem minha família sabia?- Sorrio com a comparação que ela faz.

- E sua família é legal?- Ela sorri.

- É sim, papai é muuuito ciumento, mas eu mando nele. Foi tia Jade e tia Gabi que me ensinaram isso sabia? Porque eu sou uma princesinha, até meus tios fazem o que eu quero.- Ela se aproxima de mim como se fosse me contar um segredo.- Sabia que eles não deixam qualquer um mandar neles?- Solto uma risada ao perceber que ela está se soltando comigo.

- Não?- Pergunto interessada, nem eu sei o porquê.

- Não. Mamãe disse que eles só obedecem às mulheres que amam. Eu não entendi ainda o que isso significa, mas mamãe disse que quando eu for maior vou entender tudinho.- Ela olha para um ponto invisível.- Tô com saudade da mamãe.- Meu coração aperta ao ver ela começar a chorar.

Indomável Salvatore - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora