Capítulo 22

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Boa leitura!

* *

Alexandre me desafiava a questioná-lo, suas palavras deixaram isso bem claro. No fim, eu sei que nosso diálogo acabaria com o seu "que interessante" e varias paranóias seriam plantadas na minha cabeça.

Antes que eu pudesse processar suas acusações, fomos interrompidos pelos sons do retorno de alguém que era mais importante do que eu imaginava. Dona Ruth carregava algumas sacolas e, assim que notou a presença do Alexandre, abandonou todas no chão e seguiu para os seus braços.

"Finalmente você apareceu!" - ela deu um abraço demorado nele, que parecia estar retribuindo com o mesmo afeto.

Ao redor de Alexandre, dona Ruth parecia ser outra, ela sorria e seus olhos verdes brilhavam como nunca. Ele tinha esse efeito sobre as pessoas e, com muitas ou poucas palavras, eventualmente te conquistaria. Então por que ao meu lado ele mostrava sua verdadeira face? Por que ele queria tanto me colocar contra o Oliver?

"E o tio, como está?" - ele perguntou e a Ruth o encarou com tristeza no olhar.

"Ainda na mesma, querido."

Eu encarei os dois e Alexandre percebeu a minha expressão de dúvida.

"Não te contaram, Janeiro?" - ele disse - "Titio enlouqueceu depois de descobrir que o próprio sobrinho estava por trás da morte dos pais."

Todos os olhos presentes na cozinha dirigiram-se à porta de entrada que levaria para a sala principal. Oliver estava parado e observando o ambiente, seus olhos não possuíam fúria e muito menos o rancor que eu estava sentindo.

Dona Ruth manteve o seu silêncio e me encarou, como se implorasse para eu manter o meu também. Como se aquilo fosse apenas uma brincadeira de duas crianças. Mas não era, eu tinha certeza.

Naquele momento, eu não sabia dizer qual dos dois homens era o mais assustador.

"Alexandre, meu escritório. Agora." - Olivier disse, com as palavras carregadas de frieza.

Realmente, aquele não era um jogo qualquer e, querendo ou não, agora eu era uma das peças.

* *

De portas fechadas, Oliver e Alexandre passaram horas dentro do escritório. Não houveram gritos ou objetos quebrados e eu admirei a paciência do Oliver.

Alexandre fez acusações graves. Acusações de alguém que era como seu irmão e de alguém que, segundo Oliver, ele mesmo ajudou naqueles momentos difíceis. Nada fazia sentido e eu não sabia em quem acreditar. Mesmo assim, lembrar dos momentos que tive com Oliver me fazia duvidar de qualquer outra palavra existente na face da terra e isso ainda é complicado de admitir.

   É difícil admitir que Oliver perdera tanto quanto eu e sabia exatamente como era sentir que não pertencia a lugar algum. Eu me pergunto como ele ainda vivia naquela casa, naquele terreno, dentro daquelas memórias que ainda estavam vivas e pintadas nas suas costas. Passei a admirar não só a definição do seu corpo, mas tudo que envolvia o mesmo, e isso também era difícil de admitir.

Tornar-se Janeiro (em pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora