C A P Í T U L O 5

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CAPÍTULO CINCO

Assim que cheguei ao prédio principal, pedi que a secretária da diretora a comunicasse sobre minha presença e fiquei aguardando em um sofá confortável, enquanto ela trocava meia dúzia de palavras murmuradas com a mulher, por um telefone, autorizando a minha entrada logo em seguida.

Já aguardando pelo pior, inspirei fundo, ajeitei meu uniforme, constatando que havia gotículas de sangue de Nicolas e finalmente adentrei a diretoria.

— Sente-se, por favor, senhorita Diniz — Helena disse evitando me olhar, assim que notou a minha presença.

Insegura, hesitei por alguns segundos, dando pequenos passos. Nunca que enfrentar aquela mulher me causou tanto receio. Tive a leve impressão que se me sentasse na cadeira a sua frente, Helena se transformaria em um dragão e me devoraria ali mesmo.

— Diretora Helena, olha... — murmurei enquanto me sentava. Percebi que estava trêmula. — Quem começou foi o Nicolas e...

— Não me importa quem começou — interrompeu-me buscando meu olhar pela primeira vez, desde que entrei em sua sala.

Assustei-me, afinal, todo juiz que ouvir ambos os lados da história.

— Ué?! Como assim, Helena?! Você não pode fazer isso! Você tem que me ouvir! — elevei o tom de voz, admirada com o seu posicionamento. — Vai passar pano pra aquele filho da puta?

— Não posso como devo. Sou a diretora. Não preciso de versões quando as câmeras me dizem tudo — confrontou, sustentando meu olhar. — E mantenha o nível da conversa, por gentileza. Não estou passando pano pra ninguém.

Passei as mãos em meus cabelos, agarrando-os com força.

— Ah, Helena, você precisar me ouvir! Aquele idiota falou um monte de merda nojenta sobre você e...

— E eu já disse que pouco me importa — juntou as palmas das mãos, colocando os cotovelos sobre a mesa. Balancei a cabeça, incrédula. — Nicolas esteve aqui mais cedo, com o mesmo comportamento que o seu e, consequentemente, também teve a mesma resposta de minha parte — cabisbaixa, senti a angústia esmagar minha garganta. — lhe chamei aqui para assinar o livro de ocorrências acadêmicas e aplicar-lhe o castigo. Você e o Nicolas não participarão da festa de boas vindas do colégio e estão suspensos dos passeios no próximo final de semana, além de servirem como auxiliares dos monitores.

Senti como se meu corpo fosse explodir de raiva. Aquela mulher não estava dando a mínima.

— Ah, quer saber de uma coisa, senhora diretora? — disse irônica, me levantando. — Vamos com as formalidades, já que você prefere assim, não é?! Pegue todos esses castigos, esses papéis, essas suspensões e suma para o inferno! Não fico nessa porra desse lugar nem mais um minuto! — ela manteve-se inexpressiva. — Na moral, odeio toda essa porcaria que estou sentindo! Eu... Eu... — percebi que estava soluçando de tanto chorar. — Quero que tudo se foda!

Quando pensei em me virar para ir embora, a mulher se levantou, batendo as mãos espalmadas sobre a mesa.

— O que deu em você, senhorita Diniz? — perguntou, franzindo a testa. — O que você queria? Vocês dois erraram e estão de castigo. É o que posso fazer — finalizou inclinando-se na minha direção.

— Estou com ódio desse menino! — gritei chorosa.

Ela deu a volta em torno da mesa, alcançando o filtro de água, oferecendo-me um copo em seguida.

— Você está muito nervosa, senhorita Elizabeth — ela ajeitou a camisa social que usava e aproximou-se um pouco mais. — Vou providenciar uma maneira de fazer com que as atividades do Nicolas não coincidam com as suas.

Mudança De Planos (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora