C A P Í T U L O 23

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CAPÍTULO VINTE E TRÊS

*ATENÇÃO: ESSE CAPÍTULO PODERÁ CONTER CENAS QUE PODEM DESENCADEAR GATILHOS EMOCIONAIS.

Embora o baile estivesse com uma energia gostosa naquela noite, logo que sai do ginásio deparei-me com pequenos grupos de alunos fantasiados curtindo o agito de longe, compartilhando um único cigarro.

Enquanto caminhava pelo pátio em direção a diretoria, cada vez que me distanciava, ainda conseguia ouvir o volume alto da música agitada, risadas, gritos eufóricos e, por algumas vezes, colegas usando algumas fantasias bastante intimidadoras.

Quando estava me aproximando do edifício administrativo, percebi que todas as suas luzes estavam apagadas, excetuando-se a do escritório de Helena. Dei um sorrisinho de canto de boca, carregado de malícia e balancei a cabeça, questionando-me o quanto nosso envolvimento beirava a insanidade.

Em meio aos meus devaneios particulares, percebi que um vulto me observava na penumbra do estacionamento. Nesse momento, desacelerei o passo e foquei na silhueta, semicerrando os olhos, tentando reconhecer quem estaria por ali.

Inicialmente, pensei que pudesse ser algum colega usando drogas ou se agarrando com alguém, mas um calafrio assombroso me envolveu quando a silhueta deu alguns passos, saindo da penumbra, ficando sob a iluminação de um dos postes do colégio. E então, pude sentir o medo invadir cada pedacinho meu ao perceber que a pessoa de estatura alta usava, além de vestimentas negras, uma capa escura que se alcançava o chão. Entretanto, o mais assustador foi a máscara de porco que encobria a identidade do sujeito. Nesse instante, parei de caminhar, sentindo meu ritmo cardíaco descompassado, os olhos esbugalhados e uma sensação horrível.

Olhei para os lados e, infelizmente, estávamos apenas eu e aquela figura. Pensei em correr para dentro do edifício, buscar a ajuda de Helena, porém seria mais fácil para que ele me alcançasse e então, minha última saída foi voltar para a festa. Olhei para trás, por cima dos ombros, observei o ser mascarado, inspirei fundo e corri.

Por mais que eu tentasse ser ágil, não conseguia. Entre passos desengonçados e tropeços, contribuindo ainda mais para o meu desespero, ele me alcançou. Praguejei contra mim mesmo por ter escolhido uma fantasia com sapatos tão altos.

— Te peguei, vadia! — disse me puxando com violência pelos cabelos, tombando-me no chão.

Fechei os olhos sentindo o impacto por todo o meu corpo e um enorme pavor me preencheu. Reconheceria aquela voz em qualquer lugar.

Caída, fiz força para me levantar, porém sua bota em minha lombar me empurrou com força contra o chão. Elevei o rosto para olhá-lo e nesse momento ele ergueu a máscara. Era ele.

— Nicolas! — exclamei enquanto ele me levantava pelos cabelos, exibindo seu sorriso mais diabólico.

— Pensou que eu tinha me esquecido de você, vagabunda?

Tentei me debater, porém ele me segurava cada vez mais forte. Quando pensei em gritar, mesmo sabendo que ninguém ouviria, o rapaz tapou minha boca com a outra mão, pressionando-me contra o seu corpo e me arrastou para o quartinho de material de limpeza da escola que ficava há uma curta distância do prédio administrativo.

Assim que a porta se fechou, um cheiro de mofo misto a sabão impregnou o ar juntamente com o meu pavor.

Os olhos do belo garoto faiscavam de ódio. Ele tremia tanto quanto eu, entretanto, ao contrário de mim, o menino estremecia de excitação.

Gritei. Gritei alto até sentir a garganta arder. Ele apenas sorria, me observando atentamente, já sabendo que ninguém poderia atrapalhá-lo.

— Pode gritar o quanto quiser... — falou aproximando-se, encurralando-me entre ele e a parede. Pude sentir seu hálito quente em meu rosto, sua respiração agitada e, inclusive o forte odor de suor misto a um perfume nauseante. — Ninguém vai te ouvir.

Mudança De Planos (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora