C A P Í T U L O 6

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CAPÍTULO SEIS

No fim da semana, após a missa, encontrei Helena desacompanhada do marido, conversando com outros alunos na porta da capela.

Tentei encará-la, porém ela parecia entretida na conversa e ria divertidamente. Sendo assim, passei Helena acompanhada de André e Carol e quando a diretora me olhou, senti meu coração bater forte, descompassado e o familiar calafrio no abdome aparecer.

— Olá, meninos! — ela tocou meus ombros, apresentando o mais belo e largo sorriso. — Posso subir com vocês?

Entreolhamo-nos e Carolina concordou com um aceno e fomos caminhando, silenciosos, lado a lado.

— Então, diretora — resolvi provocar. — O Oscar não veio, não é?! Por quê?

— Ele teve que resolver alguns compromissos em outra cidade — explicou, enquanto passava a mão espalmada sobre o vestido azul escuro, de decote arredondado, ajeitando-o. — Estão animados para festa de amanhã? — perguntou forçando um sorriso, querendo se esquivar do assunto que eu havia iniciado.

— Confesso que é meio difícil estar animada com algo que estou proibida de participar — disse gargalhando de modo sarcástico.

Carol e André se entreolharam, surpresos, enquanto Helena suspirava.

— E eu sinto muito por isso, senhorita Diniz. Mas você está arcando com suas consequências — ela ajeitou os óculos, em um gesto de nervosismo.

Em frente ao prédio principal, ela despediu-se de meus amigos e notei certo desconforto em sua expressão facial quando aproximou-se de mim.

— Obrigada pela companhia, meninos! Tenham uma boa noite! — ela forçou um sorriso.

— Se quiser, posso te acompanhar ao estacionamento, diretora — sugeri em um impulso, logo que Helena fez menção em seguir seu caminho.

Percebi que a diretora hesitou por alguns segundos, porém concordou com um aceno. Sem buscar um olhar de aprovação de meus amigos, fui até Helena e começamos a andar juntas. Parecia que meu coração saltaria pela boca.

— Por que você está me evitando? — indaguei enquanto andávamos pelo pátio bem iluminado e mantínhamos uma distância considerável uma da outra.

— Quem disse que estou te evitando?

— Você mandou os outros fazerem o seu serviço, mal olha na minha cara Por que está fazendo isso?

— Não te devo explicações, Elizabeth — respondeu em uma tonalidade ríspida. — Talvez, eu esteja te evitando por suas atitudes imaturas. Já parou pra pensar nisso? Tome cuidado pra não espalhar por aí o que aconteceu em minha sala, tá?!

Semicerrei os olhos, boquiaberta, ofendida com seus dizeres.

— Cara, você acha mesmo que vou sair por aí espalhando que quase transamos? — dei um risinho repleto de ironia. — Muito corajosa você.

Ela destravou o alarme de seu carro, respirou fundo, passou as mãos pelos cabelos e me encarou:

— Sinto muito, Elizabeth, felizmente tenho preceitos éticos e um casamento a serem zelados.

Mostrando um semblante amargurado, falei com a voz estremecida por lágrimas:

— Não foi isso que você zelou quando me beijou, Helena! Mas fique despreocupada, manterei distância de você! — dei uma piscadela, virando as costas pra ela.

Ela entrou no carro e percebi que ficou ali, parada por alguns segundos. Talvez, me olhando pelo retrovisor.

*.*.*

Mudança De Planos (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora