C A P Í T U L O 22

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CAPÍTULO VINTE E DOIS

O sinal ecoou por todo o edifício central indicando o término das aulas do turno da manhã.

Enquanto recolhia meus materiais, percebi que mesmo que houvesse passado alguns dias desde a minha briga com Lunna no refeitório, as pessoas ainda me observavam, embora com menos intensidade, pois estavam preocupados com o resultado da primeira etapa do vestibular.

Com tantos pensamentos confusos rondando minha mente, tive quase certeza que meu resultado do vestibular seria um fiasco. Certamente, estudar ali no Santa Rosa não estava sendo mais um investimento interessante e aquilo me fazia questionar qual seria a reação de mamãe ao descobrir que, provavelmente, havia ido mal na prova mais importante da minha vida.

Devido aos acontecimentos e confusões dos últimos meses, Bruna, Lunna e eu fomos remanejadas de classe e alojamentos, mas ainda assim nos encontrávamos em algum momento do dia e eu conseguia ler o sentimento de ódio de Lunna por ter falado a verdade sobre a sua mãe. E o sentimento de raiva dela aumentava ainda mais quando sua presença era recebida por cochichos e risadas carregadas de deboches de nossos colegas.

Enquanto andava pelos corredores, percebi um pequeno alvoroço de adolescentes em frente ao mural. Cabisbaixa, segui com passos rápidos o suficiente para chegar logo ao refeitório, embora estivesse sem fome.

— Ei, Beth! — Carol gritou assim que me viu, acenando insistentemente do outro lado do pátio.

Diminui o ritmo de caminhada e ela aproximou-se, exibindo um sorriso acolhedor.

— E aí? — falei forçando um sorriso. — Cadê o André pra gente almoçar logo?

Ela olhou para o pequeno grupo de alunos com quem estava momentos antes e disse:

— Ele está ali conversando com um pessoal sobre o baile de Halloween! — seus olhos esverdeados faiscaram no mesmo instante, juntamente com a voz eufórica. — Vai ser festa a fantasia!

Franzi as sobrancelhas e suspirei desanimada logo em seguida. A única coisa que eu queria depois de tanta confusão era desaparecer daquele colégio.

— Qual é, Beth?! — minha amiga indagou ao perceber meu desânimo. — O colégio inteiro está animado! A gente passou por um estresse "desgramado" por causa da prova fodida do vestibular!

Balancei a cabeça em negação e continuamos seguindo pelo pátio. Logo na porta do refeitório estampava um enorme cartaz de divulgação da festa. E a julgar pelo clima de entusiasmo que perpetuava no local, o assunto nas mesas entre os alunos era sobre isso.

Enquanto servíamos nossa bandeja, mantive-me em silêncio ouvindo Carolina falar disparadamente sobre o baile, sobre a sua fantasia. E a única coisa que eu conseguia pensar era se Helena também estaria na festa.

Assim que sentamo-nos à mesa, André aproximou-se e percebeu meu desinteresse no assunto.

— Ih, o que foi, Beth?! O que está rolando pra você estar com essa cara?

— Não é nada — forcei um risinho. — Só estou pensando em fingir estar doente pra não ir nessa festa. Não quero estar no mesmo lugar que a Bruna ou a Lunna...

— Mas caramba! Vocês estudam no mesmo colégio! Ou você se esqueceu disso? — Carol interveio arregalando os olhos. — Poxa, Beth! Vamos com a gente! Vai ser legal!

— Aí, gente! Não sei, não! Todo lugar que eu vou só arrumo confusão... Acho melhor ficar quietinha no dormitório.

— A gente cuida de você... — André disse sorrindo e Carol concordou. — Você está precisando se divertir. Todos nós estamos!

Mudança De Planos (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora