C A P Í T U L O 21

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CAPÍTULO VINTE E UM

Caminhei pelo campus, acompanhada da monitora ao prédio da diretoria. Ao longe, pude notar o caminhão da companhia de energia mexendo na fiação do poste, o que explicava a falta de luz no colégio.

O céu estava encoberto por nuvens cinzentas e ventava frio e forte, sacudindo os galhos finos e frágeis das árvores, indicando que, novamente, cairia uma tempestade.

Entramos no prédio e a monitora trocou algumas dúzias de palavras com a secretária e em seguida subimos até a sala de Helena.

— Bom dia, diretora Helena! – a monitora saudou em um tom firme, atraindo a atenção da mulher que deixou seus óculos escorregar até a ponta do nariz. — Trouxe a aluna, conforme a senhora solicitou.

Cuidadosamente, a diretora analisou-me dos pés a cabeça, mantendo um semblante sério. Ela estava cercada por pilhas de papéis. Quando olhei do outro lado da sala, próximo a estante, Oscar observava a situação em silêncio, saboreando uma dose de café.

— Ok, muito obrigada! — Helena respondeu cordialmente. — Pode se retirar. Tomarei as devidas providências.

Após a monitora se retirar, fui engolida pelo silêncio colossal que nos envolvia. Era muito constrangedor estar ali, no mesmo ambiente que o Oscar.

— Andou aprontando novamente? — o homem, por fim, proferiu, sorvendo um gole generoso do café. O sorriso largo estampava sua face.

Forcei um sorriso para ele e em seguida, fiquei cabisbaixa, concentrando-me na minha respiração. O que Helena estava tramando?

— Por gentileza, sente-se, senhorita Diniz — Helena pediu calmamente, apontando para a cadeira a frente de sua mesa. — E, por favor, Oscar, peço que nos dê licença por alguns instantes. É assunto particular... — voltou-se para o marido. — Gostaria de não ser interrompida, por isso, puxe a porta quando sair.

— Tudo bem! – ele concordou em um tom de voz pacifico. — De qualquer forma, estarei aqui ao lado, na sala dos professores, para resolver algumas pendências. Qualquer coisa me chame!

*.*.*

Quando finalmente estávamos a sós, Helena ajeitou os óculos outra vez no rosto e ficou me encarando por uma fração de segundos.

— Você não perde mesmo a oportunidade, hein?! – comentei exibindo um sorriso sarcástico.

Ela exibiu um sorriso bonito.

— Não se preocupe Elizabeth, não tomarei o seu tempo.

— É bom que seja rápido, pois tenho um monte de coisas pra fazer...

— Na verdade, queria apenas te comunicar sobre o seu castigo por ter comparecido ao dormitório após o horário de silêncio — ela puxou o caderno de ocorrências que estava na gaveta e o colocou sobre a mesa.

— O quê?! Como assim? — perguntei franzindo as sobrancelhas, encarando-a com estranheza. — Você ficou doida, filha?! Foi por sua culpa que cheguei depois do horário! Vai fazer isso mesmo?

— Vou sim! — ela me encarou profundamente. Notei que conteve um sorriso de canto de boca.

— Me recuso a assinar isso, Helena! Na moral! A culpa foi sua! — exclamava inquieta enquanto ela se colocava de pé.

Enquanto eu retrucava o castigo que seria me aplicado, a diretora se posicionou atrás da minha cadeira e inclinou-se, de uma maneira que seu queixo ficasse pousado sobre meu ombro.

Mudança De Planos (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora