C A P Í T U L O 8

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CAPÍTULO OITO

— Acho que seus pais nos aguardam no colégio – Helena comentou assim que saímos do hospital, arqueando as sobrancelhas enquanto olhava para a tela do celular.

Meu coração palpitou forte, cheio de inseguranças.

— Ah, Helena, aconteça o que acontecer, vou ficar com você, ok?!

Ela sorriu e balançou a cabeça em negação, destravando o alarme do carro.

— Então... — murmurei assim que ela deu partida no veículo. — Qual é a sua idade?

A diretora deu uma risada gostosa, olhando-me rapidamente de soslaio, voltando a atenção para o trânsito da cidade.

— Minha idade? Por que quer saber minha idade, menina? — fez um charme básico, ligando o som em uma estação de rádio qualquer.

— Ué — dei de ombros, dando um risinho. — Curiosidade, né?! — em seguida, coloquei minha mão em sua coxa desnuda, tendo em vista que a barra do vestido ficava um pouco suspensa quando ela se sentava.

Helena apresentava um semblante descontraído, com uma leve pitada de devassidão.

—Quantos anos você acha que tenho?

A analisei atenciosamente. A diretora possuía não somente o rosto, mas também um corpo muito bem cuidado, resultado de academia e procedimentos estéticos. Entretanto, sua pele apresentava as inevitáveis marcas de expressão que sempre surgem com o passar dos anos.

— Ah, sei lá! — afaguei sua coxa em um movimento suave. Percebi quando ela mordeu o lábio inferior. — Sou péssima com esse lance de idade. Uns trinta sete, estourando quarenta anos...

Só se for em cada perna, Elizabeth — deu mais uma risada melódica. — Quarenta e cinco anos, minha cara.

— Quarenta e cinco? — perguntei arregalando os olhos.

— Ora, por que o espanto? — Helena arqueou uma das sobrancelhas, me olhando mais uma vez pelo canto dos olhos.

Dei uma risadinha, balançando a cabeça.

— Cara, eu não acredito que estou apaixonada por uma mulher mais velha que a minha mãe...

Nesse instante, sua tez assumiu uma tonalidade enrubescida, enquanto um largo sorriso enfeitava seu rosto.

— E eu estou com uma garota que tem idade o suficiente para ser considerada minha filha.

— Por falar nisso, você tem filhos?

— Tenho sim. É um rapaz. Chama-se Rafael. Está fazendo intercâmbio.

Em meio ao silêncio que voltou a permanecer entre nós, comecei a imaginar como seria a reação de minha mãe quando soubesse que eu estava apaixonada por Helena.

— Helena... — murmurei atraindo rapidamente sua atenção. — Por que você me mandou embora da sua sala aquele dia? E ainda me disse aquelas coisas?

Já estávamos quase nos aproximando do colégio. Ela suspirou e apertou o volante com firmeza.

— Você sabe que isso que estamos fazendo não pode acontecer, não é?! — ela falou adentrando após passarmos pelos portões de grade do colégio. — E que se alguém descobrir... — arqueou as sobrancelhas, como se tivesse um grande receio. — Tem muitas coisas em jogo, Beth! Muitas coisas e te garanto que vão além do meu casamento... Muito além!

Fiquei assimilando seus dizeres, o temor presente em cada uma de suas palavras, enquanto ela dirigia para o estacionamento da escola.

— Hã... Antes de sairmos do carro, Helena — murmurei. — Posso te fazer mais uma pergunta?

Mudança De Planos (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora