C A P Í T U L O 10

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CAPÍTULO DEZ

Assim que chegamos ao colégio, vários alunos retornavam do feriado prolongado. Ainda assim, era estranha a sensação de me sentir como uma turista, depois de alguns dias fora dali.

Enquanto mamãe e eu seguíamos para o prédio administrativo, analisei a escola por um breve momento: o lago, as edificações, as árvores e ao longe, bem ao longe, percebi que havia uma cerca metálica delimitando o espaço entre o colégio e bosque. Fiquei imaginando Helena dando ordens para que construísse o quanto antes aquela cerca.

Assim que visualizei o carro de Helena estacionado sob a árvore, encoberto por algumas flores amarelas do ipê respirei profundamente, fechei os olhos e sorri. Como era bom estar de volta.

*.*.*

— Comporte-se, ok?! — mamãe pediu logo que nos aproximamos da sala da diretoria e assenti com a cabeça, sentindo meu coração envolver-se de ansiedade.

Logo que a porta se abriu, deparei-me com Oscar sorrindo, enquanto segurava um copo de uísque.

— Ah, bom dia! Entrem, por favor! — pediu solícito.

O encarei com seriedade. Ele me fitou profundamente, como se lesse as entrelinhas de minha alma.

Assim que entramos, Helena estava sentada atrás de sua mesa, com a coluna ereta, como sempre, transbordando elegância com suas vestimentas sociais incrivelmente impecáveis, assim como a maquiagem que realçava a cor intensa de seus olhos e os cabelos bem aprumados.

— Bom dia, Laura! — a diretora saudou, apresentando o sorriso cortês. — E, bom dia, senhorita Elizabeth! — mirou seus olhos nos meus.

Sorri, apesar de ter achado a sua saudação formal, mas não podia reclamar, pois estávamos diante de minha mãe e seu marido, que nos olhavam atentos.

— Bom dia! Fico agradecida por me cederem um horário para está reunião.

— Estou sempre ao inteiro dispor dos pais dos meus alunos, Laura. Sente-se, por favor — a diretora pediu educadamente. — E, por gentileza, Elizabeth, peço para que nos dê licença por alguns minutos, se não for incomodo para a sua mãe, sim?!

Suspirei e franzi as sobrancelhas, deixando transparecer minha confusão. O que Helena queria dizer com aquilo e aquelas atitudes? Sem argumentos, me retirei da sala de Helena, trêmula e nervosa. O que será que ela iria fazer?

— Beth! — Carolina gritou assim que me avistou no pátio, enquanto perdia-me em meus devaneios curiosos sobre a conversa que acontecia na diretoria. — Aí, cara! veio!

A garota desceu de um carro, aproximando-se com passos largos e desengonçados.

— Que saudade de você, mano! — exclamou ao me abraçar forte.

— Também senti saudades...

— Você veio para ficar, não é?! — seus olhos esverdeados estavam cintilantes.

— Ah, eu não sei... — forcei um risinho. — Minha mãe está conversando com a Helena...

Ela sorriu docemente.

— Bem, pelo menos agora teremos paz nessa escola, sem o Nicolas por perto.

Um suspiro profundo foi liberto. Brinquei com mecha do meu cabelo, concordando com um aceno rápido.

— Mas olha, vim aqui também pra ver vocês... Cadê o André? — perguntei, tentando mudar o foco do assunto. Relembrar a noite da agressão ainda me machucava.

Mudança De Planos (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora