Paco
Quando aceitei voltar para Madri foi para ficar mais perto da minha mãe que estava vivendo sozinha em um apartamento imenso depois que ficou viúva. Meus pais eram médicos e trabalhavam no Hospital geral da cidade Porto de Elizabeth na África do sul. Eu fiz parte da Organização humanitária médicos sem fronteira e participei de várias missões. Com a morte de meu pai, minha mãe retornou a Madri e entrou em depressão. Estava me fazendo mal ficar longe dela. O meu tio Oscar, era médico e diretor do Hospital Universitario Santa Cristina, me ofereceu para dá aula e trabalhar em plantões. Concordei em deixar tudo para traz e vim para ficar junto da minha coroa. Nas primeiras semanas, fiquei com ela e dei todo amor e atenção que merecia. Convenci ela a ficar um pouco com as irmãs em Marbella, é um lugar tranquilo e tem um mar maravilhoso com águas azuis cristalinas e areias brancas. Era tudo que ela precisa naquele momento era sentir-se amada e por isso eu passava quase todo final de semana com ela. O voo direto para Marbella durava cerca de trinta e seis minutos. Se eu fosse de carro levaria mais cinco horas e meia.
Tudo isso era uma mudança muito grande na minha vida pessoal e profissional. Era acostumado a lutar pela sobrevivência do paciente por não ter medicamentos suficiente nos campos de refugiados e já aqui, com toda essa tecnologia e medicamentos em abundância, me fazia repensar em como a vida é desigual. Os grandes governantes poderiam se comprometer mais com esses países que vivem a baixo da linha da pobreza.
Estava caminhando para mais um plantão, era médico Pediatra com especialização em cardiologia infantil e fiz meu Doutorado em infectologia. Não vou negar que adorava curti a vida e conhecer pessoas, principalmente as mulheres. Parei para lê a mensagem de minha mãe e estava digitando a resposta quando senti um corpo esbarrar no meu. Assustado olhei e era uma médica que estava distraída, nossos olhos se encontraram e imediatamente meu radar gritou: Linda!
— Parece que nós dois estávamos com a cabeça nas nuvens. Machucou? — falei sem retirar meus olhos dos seus.
— Não foi nada. — Ela saiu a passos rápidos
Quem era aquela mulher? Precisava saber qual era o nome dela.
Raque, médica brasileira que fazia parte do intercâmbio, estava vindo em minha direção toda sorridente. Era uma linda morena.
— E aí, Raquel? Já está adaptada a cidade e ao no Hospital?
— A cultura é diferente, mas estou encantada com Madri, o hospital é de primeiro mundo.
Como todo brasileiro ela era muito simpática.
— Já conheceu todos os médicos?
— Acabei de conhecer a Dra. Aurora, a que todos chamam de A Dama de Gelo. Ela foi muito educada, acho que estão exagerando — falou indignada.
— De quem você está falando? —perguntei confuso.
— Aquela que outro dia Marcus estava falando.
Balancei a cabeça com a infantilidade das pessoas ficarem colocando apelidos nas outras.
— É muita infantilidade dele e de outras pessoas também.
— Ela acabou de sair do vestiário. É baixa, estava com os cabelos presos... ela é linda.
Então a dama de gelo era a mulher que esbarrou em mim.
— Não cheguei a ver ninguém — neguei.
Despedi-me e fui para a emergência. Atendi alguns pacientes e depois fui para o refeitório almoçar. O lugar estava lotado, peguei a bandeija, prato
talheres e me servi. Sentei na mesa com Paul, um médico inglês que veio pelo intercâmbio, e Marcus, um médico que chamou Aurora de Dama de Gelo. A conversa era sobre sairmos a noite para dançar. Era uma boa, eu estava precisando, mas como no outro dia eu tinha que estar muito cedo no aeroporto para ir para Marbella, não dava para mim. De longe avistei a médica que eu tinha esbarrando comendo sozinha em uma mesa com mais três lugares vazios. É por isso que começaram chamá-la de a Dama de gelo, ela ficava afastada de todos. Ela era tão linda! Tinha algo nela que me atraia. Marcus chamou minha atenção com as mãos.
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RomanceDISPONÍVEL NA AMAZON KINDLE. Sinopse Aurora Gutiérrez, desde cedo soube o significado da palavra Solidão. Filha de pais negligentes, foi criada por sua babá Lola, a única que vedadeiramente conhece Aurora. Estudante exemplar, logo cedo já sabia qua...