Capítulo 19.

31 8 0
                                    

Aurora

Ainda atordoada com os últimos acontecimentos fui voltando ao normal pouco a pouco. Ficar sabendo da verdade sobre minha vida foi difícil, mas eu só tinha duas opções para aceitar a realidade. Eu poderia agradecer por não ser filha daquela mulher ou ficar triste por ter passado por situações desnecessária por ganância daqueles dois.

Eles destruíram a vida de uma jovem mãe e a minha por me privar de ter sido criada por ela, alguém que me daria amor verdadeiro.

Que horror! Como pode existir gente capaz de cometer tanta maldade? São uns monstros, isso sim. E por que logo comigo? Eram essas as perguntas que me fazia.

Paco não estava, mesmo preocupado comigo havia ido para faculdade. Ele tinha de dar aula, mas logo estaria de volta.

Levantei-me da cama e fui para o banheiro tomar um banho. Precisava de respostas e não seria ficando na cama, lamentando, que eu as teria. Passei por muitas situações ainda bem jovem, porém, hoje sou uma mulher e não iria desmoronar.

Vesti-me e desci para falar com Lola. Assim que ela me viu, veio até onde eu estava. Seu rosto tinha um semblante de lamento.

— Preciso que você chame Francesca e Rafael para virem até aqui, preciso conversar com eles e todos que conviveram na mansão antes que eu nascesse.

— Lamento não poder ajudar, eu só fui morar na mansão depois que você nasceu.

— Eu sei, Lola, por isso solicito os dois aqui. Eles e Jardel viveram lá e vão saber falar quem mais trabalhou na mansão na época.

Ela assentiu indo até o telefone.

Fui para até meu escritório ligar para clínica e avisar que não poderia atender ninguém. Assim que encerrei a ligação, meu celular tocou mostrando no visor o nome de Ricardo Bonifácio, o advogado de meu pai. Naquele momento eu não desejava falar com ninguém, então deixei que a chamada caisse na caixa de mensagem.

Peguei a carta sobre a mesa e a reli novamente. Só iria acreditar em tudo que ele escreveu depois de ter provas contundentes e confirmar o fatos. Fernando era um homem de várias facetas e poderia estar jogando para se vingar de Alda as minhas custas. Com provas nas mãos eu saberia por onde começar.

Todo estresse e pressão que estava vivendo me causava  náuseas. Reclinei-me para trás na cadeira e respirei fundo.

Francesca e Rafael chegaram e junto com Jardel entraram no escritório.

— Vocês devem estar se perguntando o porquê tiveram que vir aqui com urgência. Vou fazer algumas perguntas e gostaria que pensassem bem antes de responder. Tudo que vocês lembrarem, qualquer coisa, pode ajudar. — Respirei fundo mais uma vez. Estava muito ansiosa.

Olhei para eles e senti a tensão crescer no ar.

— Eu acabo de descobrir que Alda não é minha mãe biológica e que fui sequestrada da minha verdadeira mãe por Fernando para dar um golpe em meu avô. — Mostrei a carta a eles e cada um leu silenciosamente.

Contei-lhes minhas dúvidas e cada um foi falando o que se sabia e se lembrava. Francesca foi a primeira a se pronunciar.

— Aurora... você sabia como eles eram, nunca nos deram intimidades para circular na casa. Quando fiquei sabendo que a senhora Alda estava gravida não podíamos nem parabenizá-la, a mulher era muito irritada. A única coisa que notei na época foi que ela não parou de beber. Eu era jovem, mas já tinha Sofia e sabia que na gravidez não se podia ingerir álcool. Depois eles viajaram e só apareceram quando você já tinha nascido e a única vez que vieram me procurar, foi para perguntar se eu não conhecia uma babá para ficar com você e foi aí que Jardel indicou Lola. Ele sabia que ela estava procurando um emprego e moravam no mesmo bairro, então a trouxeram para fazer uma entrevista. Alda não pensou duas vezes e contratou Lola no mesmo dia, e daí em diante, quem cuidou de você foi Lola.

...Onde histórias criam vida. Descubra agora