AuroraPassei a noite acordada pensando em como eu não percebi o que estava acontecendo comigo. Com tantos acontecimentos na minha vida, esqueci que eu deveria ter ficado menstruado a quinze dias atrás. Minha nossa! Que confusão está a minha vida.
Saí da cama logo que o dia amanheceu e fui fazer uma caminhada na esteira. Depois que tomei um banho e me vesti, fui para a cozinha tomar um café. Quando cheguei, Lola não estava e foi Madalena, a nova secretaria da casa, quem me serviu.
— Bom dia, Aurora. Vai tomar seu café completo ou só o suco de laranja? — perguntou.
— Bom dia, Madalena. Quero um café com torradas de grãos, não estou com muita fome.
Assim que Jardel me apresentou a Madalena, ela começou a me chamar de doutora, senhora, madame e eu comecei a ficar incomodada, então tive uma conversa bem direta com ela. Disse que não gostava que me chamasse de doutora, senhora e muito menos de madame e que para se ter respeito não precisava disso. Pedi que me chamasse apenas de Aurora e desde então, ela começou a me chamar apenas por meu nome.
— Você sabe onde Lola foi?
— Foi ao mercado fazer compras.
Assim que terminei, me despedi e fui para a garagem onde Frank já estava me esperando. Entrei no carro e falei que iria para clínica.
Meu celular tocou e era uma mensagem de Paco me desejando bom-dia e falando que já estava no plantão e que a noite nos veríamos. Enviei outra escrevendo que tivesse um bom plantão e que esperaria com ansiedade a sua presença a noite.
Coloquei o celular na bolsa e fiquei olhando a rua pensativa. A viagem de casa até a clínica foi rápida, ainda era cedo e não tinha trânsito. Entrei na recepção indo direto falar com Silvia, minha secretaria, para pedir que assim que a doutora Helena chegasse me comunicasse. Helena era uma das ginecologistas obstetras que faziam parte da equipe multiprofissional da clínica. Ela era uma grande profissional e eu tinha muita confiança nela.
Entrei no meu consultório e retirei meu celular da bolsa e guardei ela no armário. Abri meu notebook e vesti o jaleco. Sentei-me na cadeira atrás da minha mesa olhando minha agenda eletrônica e constatei que tinha três consultas marcadas com novos pacientes.
Esfreguei minha têmpora já com prenuncio de uma dor de cabeça. Realmente eu precisava de um descanso, havia mais de três anos que não tirava férias. Para dizer a verdade, eu sempre me esquivei de estar fora do meu trabalho e isso me fazia me sentir bem, porém, estava sentindo essa necessidade.
Conhecer Paco estava mudando a maneira com que eu levava a vida. Enquanto eu vivia solitária e me achava suficiente, ele era uma pessoa que amava a vida compartilhada. Ele era muito ligado a família e aos amigos. Até seu modo de ver a medicina era totalmente diferente a minha. Enquanto ele era o avesso a ficar preso a um escritório e hospitais, eu já me sentia bem.
Paco tinha a alma livre e escolhia onde ficar, mas isso não queria dizer que não tinha raízes. Pelo contrário ele era bem enraizado, tinha amor a família e sempre que podia estava junto deles. Sabe o que queria e quando queria ia atrás dos seus sonhos. Eu apenas tive uma opção na vida, estudar e construir o que eu chamava que era suficiente.
Depois que fiz tantas descobertas já não sabia se queria continuar a viver assim. Um amor surgiu na minha vida para mudar tudo que eu considerava suficiente para mostrar que a vida tinha muito mais a oferecer. O exemplo de tudo isso poderia ser confirmado logo mais.
O telefone tocou e eu vi que era o ramal da recepção. Atendi e era Silvia me avisando que Helena já havia chegado. Avisei que estava indo até ela e pedi para não ser interrompida. Saí do meu consultório e segui o corredor parando em frente ao consultório três. Respirei e bati na porta já entrando.
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RomanceDISPONÍVEL NA AMAZON KINDLE. Sinopse Aurora Gutiérrez, desde cedo soube o significado da palavra Solidão. Filha de pais negligentes, foi criada por sua babá Lola, a única que vedadeiramente conhece Aurora. Estudante exemplar, logo cedo já sabia qua...