Capítulo 17.

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Aurora

Pensei muito sobre o que estava acontecendo na minha vida naquele momento, tive vontade de deixar para lá e continuar vivendo sem nenhum contato com eles. Mas, infelizmente, Oscar estava preocupado porque a mídia estava aglomerada na frente do hospital só esperando o momento da chegada de Fernando Gutierrez, o poderoso dono de um dos maiores Bancos de investimentos da Europa. Alda Gutierrez não é uma mulher de deixar-se confiar quando estava histérica. Se ela procurou o Hospital Santa Cristina, era porque ela achava que eu ainda trabalhava lá. Ela sempre foi fria e calculista, sabia muito bem como tirar proveito de uma situação para si. Algo muito ruim estava por vir. Pelos olhos de Lola ela também estava pensando da mesma forma que eu. Nós duas sabíamos com ler as ações da senhora Alda Gutierrez nas entre linhas.

Oscar já devia esta em Madrid, pois assim que ele ficou sabendo da situação foi para o aeroporto pegar o primeiro avião. Eu estava esperando o jatinho da companhia e junto com ele Artur e o advogado de Fernando, que segundo ele eu precisaria escutá-lo antes de voltar para Madrid. Olhei para Paco e percebi o quanto estava apreensivo. Precisava contar algumas coisas sobre meu passado isso era o mínimo que eu poderia fazer depois de ontem. Seus olhos me cobravam.

— Oi — disse ao me aproximar. — Preciso falar com você por um momento.

— Você sabe que não precisa — enfatizou.

— Sim, eu preciso — respondi convicta olhando em seus olho. Havia chegado o momento de enfrentar meus fantasma.

Ele segurou minha mão e subimos as escadas para o segundo andar onde um imenso corredor se estendia até uma grande sala de jogos, livros, Tv, computadores e um grande sofá com vários pufes de couro. Grandes janelas de vidro davam para o mar mediterrâneo, aquilo ficava como uma pintura viva em uma tela de vidro, era simplesmente lindo. Paco se aproximou e me abraçou por trás

— Lindo, não é?  — perguntou e recostou seu queixo na minha cabeça. — Você não se da muito com seus pais e isso deu para perceber.

— Fui apenas um negócio para os meus pais. Meu avô impôs um filho para entregar a direção do Banco para o meu pai. Quando nasci, fui entregue aos cuidados de Lola e com oito anos fui para um colégio interno. — Respirei fundo. — Aos dezessete fui emancipada e eles nunca mais me procuram. Minha família sempre foram os empregados. Lola nunca me deixou, ia me visitar todos os sábados e levava os doces que Francesca fazia. Nas férias, eu sempre passava ao lado deles. Eles são o que me importa. — Respirei aliviada quando terminei.

Paco escutou o que falei em profundo silencio, apenas eu sentia as batidas descompassadas do seu coração nas minhas costas. Virei meu corpo e fiquei de frente para ele. Levantei o rosto para alcançar seu olhar e o que vi lá, não foi pena como eu esperava e sim raiva.

— Você não vai ao encontro dessa mulher sozinha, eu vou estar ao seu lado — disse trincando a mandíbula.

Abracei seu corpo forte. Essa força que ele me passava, me mostrava que agora eu não estava só e era bom saber disso. Porém, tinha que enfrentar meus fantasmas sozinha para seguir em frente. Alda Gutierrez desta vez teria uma surpresa ao me encontrar.

— Obrigada por isso, mas preciso enfrenta sozinha — falei olhando para seus olhos e vi que ele compreendeu.

Arthur tinha acabado de chegar com o advogado de Fernando e fomos direto para o escritório. Lola e Paco estavam juntos, pedi que ficassem comigi. Arthur começou a explicar a real situação de saúde de Fernando e fiquei surpresa ao saber que estava com câncer de fígado e não quis fazer tratamento. O pior foi saber que um mês atrás ele solicitou a presença em sigilo do seu advogado Ricardo Bonifácio e lhe entregou um esboço de um novo testamento declarando que eu era sua única herdeira e com isso, o Banco de investimento e tudo que lhe pertencia com sua morte, passaria para meu nome. Gelei quando ouvi.

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