❇ Capítulo 3 ❇

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        " Liriane"

Liguei o telefone e vi várias chamadas perdidas do Gael e dos meus pais. Passei a mão pelo meu cabelo e soltei um suspiro pesado. Olhei para o visor do telefone, o peso da confusão que se instalou em minha vida aumentando a cada segundo.

Bebi uma única vez e acabou em casamento. Isso só acontece comigo, não é possível.

Ligo ou não? É melhor não, ainda não estou preparada, pelo menos não para falar com o Gael.

Tinha que ligar para os meus pais, devem estar preocupados comigo.

Atenderam logo no primeiro toque.

— Liri, o que é que se passa contigo? não podes começar a fazer essas coisas, nós ficamos tão aflitos, não podes ficar dias sem dar satisfações. A pessoa cria os filhos para isso? Para depois nos matarem de preocupação? é isso que queres? — a preocupação na voz dela era palpável.

— Mãe...desculpa.

— Desculpa nada, como é que fazes isso comigo e o teu pai? Volta agora mesmo! — ordenou.

— Não posso — falei com muita dor no coração.

— Porquê?

—Mãe, eu preciso vos contar algo que...

— Estas grávida? É uma notícia maravilhosa — apressou-se em dizer.

— Não mãe, não é isso.

— Então é o quê? Estás a deixar-me preocupada.

— Não posso contar agora.

— É algo ilegal?

— Não, não é nada ilegal.

— Mataste alguém.

— Não.

— Mas podes ser presa?

— Não, não é nada desse tipo, APENAS liguei para dizer que está tudo bem, quando eu poder conto. Peço um pouco de paciência. Tchau, tenho que desligar.

— Ei, onde é que está a educação que eu te dei, o teu pai quer falar contigo.

— Oi, filha, o importante para mim é saber que estás bem — escutei o meu pai dizer do outro lados da linha.

— Obrigada. Conseguiste localizar a tua amiga? — perguntei preocupada.

— Não, ainda não sei nada dela.

De longe, ouvi a voz da pessoa que eu tanto evitava.

Gael

— É ela? — escutei-o indagar. O meu coração acelerou.

Como vou contar a ele?

Engoli a seco. Engoli a seco, tentando reunir coragem para enfrentar a conversa que sabia ser inevitável.

— Filha, vou passar o telefone ao Gael — avisou-me o meu pai. 

Desliguei o telefone. 

Ainda não estava preparada, como é que eu vou contar para ele que estou casada?

— Chegamos — disse o taxista.

— Ah, sim. obrigada —agradeci e desci do carro.

Não acredito que eu vou começar a viver com um desconhecido. 

O taxista ajudou-me a subir com as malas. Peguei a chave do apartamento com o porteiro, conforme as instruções do representante da terceira pessoa, que ainda estava a tentar descobrir quem era.

A força do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora