❇ Capítulo 1 - O bar ❇

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           "Liriane"

Acordei com um som constante no meu ouvido.

Que droga!

Sem abrir os olhos, estiquei a minha mão até a mesa de cabeceira, ainda deitada.

— Sim — respondi com uma voz sonolenta.

— Ai, desculpa amor, te acordei? — bastou escutar a voz dele para eu despertar, e me ajeitei na cama, de modo a ficar sentada na mesma.

— Imagina! já estava acordada — disse com um sorriso bobo.

— Uhumm.... Estou com saudades.

— Mais que eu não, não vejo a hora de voltar para a minha casa... para a minha vida e... para o meu querido futuro "marido" — dei ênfase na última palavra.

Rimos.

— Eu também estou ansioso, já estou com muita, mas muitas saudades, minha futura esposa e futura sra. Cooper...

Continuamos a conversar por um bom tempo sobre assuntos aleatórios, isso só serviu para aumentar a minha saudade. Fogo! não conseguia ficar longe daquele homem.

Sorri com os meus pensamentos.

Escutei o meu telefone tocar. Olhei para o ecrã. Era a Nina. Atendi.

— Bom dia, boa tarde e boa noite! — disse toda animada, sua voz transbordando entusiasmo. 

Não acredito que ela consegue começar o dia com essa disposição toda?

— Boa tarde — respondi a rir. Levantei as sobrancelhas de forma ligeira, indicando um misto de surpresa e divertimento.

— Só boa tarde? — disse num tom de decepção — esperava mais, "como boa tarde, tudo bem? Dormiste bem? Como é que vai o dia?", agora só boa tarde, que decepção Liri — foi o nome que ela me deu no pouco tempo que falamos.

— Como consegues acordar tão animada, cheia de vida? Por que eu aqui só me apetece voltar para cama, aliás, é isso que eu deveria fazer...

— Na na ni na não, vais acabar de te preparar por que vais descer e almoçar comigo, por que essa hora querida, já é hora de almoçar. Onde já se viu, numa cidade tão linda passar o dia trancada no quarto. Estou à tua espera no restaurante do hotel.

— Ah, se pelo menos o meu noivo estivesse aqui — falei antes de suspirar, só de pensar nele.

— Ok, porém ele não está aqui infelizmente, mas nem por isso vais deixar de aproveitar esta cidade.

Depois de tanta insistência dela, tive que aceitar, senão eu acho que ela não me deixaria em paz.

Após me preparar fui em direção ao restaurante. Ao entrar avistei-a sentada numa mesa perto de uma das janelas que tinha uma vista incrível do mar. Trouxeram o cardápio, escolhemos e depois ficamos à espera do nosso pedido.


— Amiga! — disse eufórica — acabou de entrar um pedaço de mal caminho, maravilhoso. Senhor... — abanou-se com a mão — comecei a rir — esse eu queria na minha cama agora, bem que eu precisava, que pecado é esse... preciso relaxar.

Ela era uma peça.

Olhei para a direção que ela estava a olhar e imediatamente compreendi a razão de tanta animação. Era um homem negro, com olhos azuis claros, que contrastavam de maneira magnífica com o seu tom de pele, era uma junção maravilhosa, aquela pele negra, aqueles olhos e mais aquele corpo maravilhoso. Uma autêntica perdição.

Abanei a minha cabeça, tentando afastar esses pensamentos que insistiam em surgir.

Calma, és noiva, se controla. 

Que visão!

Respirei fundo e demoradamente.

Sou noiva e ele é maravilhoso, então tudo bem.

— Oh! Esse homem é a resposta de todas as minhas orações. Esse tinha que ser preso por ser muita tentação, isso deveria dar cadeia — falou sem tirar os olhos de cima dele.

Ela dizia cada coisa.

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          "Sandro"

Entrei no restaurante e já senti olhares em cima de mim. Desde pequeno sempre foi assim, isso por causa dos meus olhos azuis, as pessoas passavam a vida me fazendo perguntas do tipo:

  "São lentes de contacto?"
  "Isso é alguma doença?"
   "Não és negro, como é que tens olhos azuis? "

Isso antes dava-me raiva, a minha vontade era de responder "vocês são burros ou idiotas? não sabem o que é genética?".  Ou usar lentes de contacto castanhas só para não ter que passar mais por isso, no entanto, hoje em dia eu amo eles, já não me incomodavam mais, até me ajudavam na caça.

Sentei-me em uma das mesas centrais, aguardando apenas alguns minutos até que meu amigo Edgar, responsável pela administração da empresa local, aparecesse. Após desfrutarmos do almoço, engajamo-nos em uma conversa animada sobre diversos assuntos. Foi então que ele me convidou para conhecer a boate do hotel, e sem planos específicos para a noite, aceitei prontamente.

A boate estava agitada, entrei e sentei num dos bancos do bar, pedi uma bebida enquanto esperava por ele.

— Posso te fazer companhia? — perguntou uma voz feminina. Sentou-se no banco ao meu lado.

Era uma loira linda, de olhos azuis. 

Estamos a começar bem a noite.

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          "Liriane"

— Nina, não quero ir, prefiro ficar aqui — tentei convencê-la, porém não resultou.

Ela queria praticamente me obrigar a ir para a boate do hotel, mas eu preferia ficar no quarto, tranquila, descansando. Nunca fui fã desse tipo de ambiente, não me atrai. No entanto, eu sabia que persuadi-la a mudar de ideia era uma tarefa difícil, então, eventualmente, cedi à pressão.

Entrei na boate observando o ambiente agitado, e senti-me como se estivesse em um labirinto, perdida entre as luzes e a música pulsante.

— O que é que se passa, apenas vais ficar aí a olhar? — indagou a Nina, notando minha hesitação em meio ao lugar movimentado — vamos lá nos divertir —ela segurou minha mão e me conduziu em direção ao bar.

Ela acenou para o barman e pediu duas bebidas. Encarei-a.

 — Eu não bebo — informei-a.

— Negativo, não bebias. Não tem graça vir para aqui e não beber nada.

— Prefiro não beber.

—Para de truques, bebe pelo menos 2 copos.

— Só 2 — falei a ceder.

E mas uma vez ela conseguiu me convencer. Vamos a isso!!!

A força do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora