Capítulo 8

74 3 0
                                    

"Liriane"

Estávamos sentados num dos sofás que havia no quintal do Max.

— Eu amava praticar surf mais parei, já faz 3 anos — contou-me. 

Não fiquei surpresa.

— Porque, se era o que você amava?

— Não gosto muito de falar nisso — ficou pensativo e triste.

O que me fez desejar saber o que era.

— Eu gostaria que você compartilhasse isso comigo — falei sincera. Ele pareceu-me relutante, então acrescentei: — são 12meses, vamos ter que pelo menos ser amigos.

— Amigos? — falou como se tivesse a analisar a palavra.

— Eh... podes confiar em mim.

Ele respirou fundo, como se buscasse forças, o Sandro tinha um lado frágil e ele iria compartilhar comigo. Acho que isso já é um bom sinal para mim.

— Eu tinha um irmão, diferente de mim, ele era branco, com olhos castanhos claros, puxou os olhos do meu pai e a cor da minha mãe.

— Os vossos pais sabem fazer filhos —escapou pelos meus lábios. 

Devia ter ficado só nos pensamentos.

Lançou-me um sorriso de canto.

Isso é que dá passar muito tempo perto da Nina.

— Você me acha lindo Liriane — disse de uma forma provocadora — isso é interessante, o que mais você pensa de mim — um sorriso travesso brincava em seus lábios.

— Não muda de assunto, continua a história — ele riu. 

Eu queria muito que ele continuasse.

— Posso continuar depois... — olhou para mim como se quisesse dizer alguma coisa, mas tivesse receio.

— Tudo bem amor? — falou uma mulher aproximando-se de nós, cumprimentou o Sandro com dois beijos na bochecha, toda íntima — estou com saudades — me ignorou, o Sandro olhou para ela e parecia nervoso.

Olhei-a de cima a baixo.

— Essa é a minha esposa, Liriane — nos apresentou, finalmente, e entrelaçou as nossas mãos.

— A esposa dele — falei e mostrei o meu anel para ela ver.

— Ficamos um ano sem nos vermos e te encontro casado, que pena — disse toda sarcástica — pensei que fosses alérgico a casamentos.

Eu vou matar ela. Eu mato você.

Esta tudo bem... respiro fundo.

Olhei para ele que sorriu para ela.

Parece que eu é que estou aqui a mais, não vejo razão para me submeter a essa humilhação. 

— Eu já vou — informei, pondo-me de pé.

Ela colocou algo no bolso da calça dele e depois ele veio atrás de mim, com um sorriso nos lábios.

As pessoas nunca mudam.

— O que é que ela pôs no teu bolso — indaguei assim que passamos pela porta de saída, da casa do Max.

— Não dê importância, não é nada relevante.

— Sandro...

— Só foi um bilhete — falou, num tom aborrecido.

— Dá aqui, quero ver — ordenei, com a minha mão estendida. Ele retirou do bolso e deu-me de má vontade.

A força do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora