"Liriane"
Eu não sabia se iria conseguir suportar ficar um ano com aquele idiota, no entanto ainda nutria a esperança de que ele pudesse melhorasse e que isso fosse temporário.
Quando acordei ele já tinha saído, ainda bem. Como não queria ficar sozinha em casa sem fazer nada, combinei com a Nina de nos encontrarmos num bar.
Eu estava sentada perto da janela que tinha uma paisagem maravilhosa, que formava um ambiente agradável. Enquanto contemplava a paisagem, inúmeras lembranças e emoções tomaram conta da minha mente. Fui transportada para diferentes momentos, uma mistura de nostalgia e reflexões sobre o que estava por vir.
Sabe aquele momento que da vontade de voltar a ser criança, regressar no tempo, ou simplesmente fugir de tudo?
É o que eu sinto agora. Gostaria que a minha mãe estivesse aqui, de certeza que ela me faria um chocolate quente, e veríamos um bom filme, com direito a pipoca. Imagino o cheiro delicioso da pipoca estourando, tudo exatamente como merecemos em um momento como este. O desejo de conforto e segurança, que a presença materna traz, parece esmagadoramente palpável neste instante.
Seria um daqueles preciosos momentos de conexão entre mãe e filha, onde as palavras são substituídas pelo calor do abraço e a garantia de que, mesmo nos momentos mais difíceis, há um refúgio seguro.
Sinto a falta dela e do meu pai. Sempre fui muito apegada a eles, acho que é por ser a única filha.
Respirei fundo.
Uma lágrima escapou. Rapidamente, tratei de limpá-la.
Crescer dói, principalmente quando caímos e nos sentimos perdidos... sozinhos, sem saber o que fazer, quais decisões devemos tomar. É nesses momentos que todos os medos e indecisões surgem, nos questionamos se somos capazes ou não. No entanto, é exatamente nesses momentos que temos a oportunidade de mostrar quem realmente somos.
Soltei uma risada.
— És a mulher mais linda que eu já vi na minha vida — disse o Gael, olhava-me com admiração — és a única que ocupa os meus pensamentos, que invade os meus sonhos e que tem o meu coração nas mãos, o meu coração é teu e sempre será — foram as palavras mais lindas que eu alguma vez escutei. Lembrava-me daquele momento com muita nitidez.
Ansiava por ouvir essas palavras, da sua boca, há bastante tempo.
O Gael sempre foi um homem fechado, sob seu sorriso, escondia-se uma tristeza profunda, cicatrizes marcantes que resistiam tenazmente à tentativa de serem apagadas. Mesmo afirmando ter superado tudo, havia momentos em que percebia sua presença distante, como se um véu sombrio ainda pairasse sobre sua essência. Diante desse cenário, mergulhei de coração na missão de demonstrar, de maneira intensa, o meu amor por ele. Em meio às sombras que o envolviam, buscava ser a luz que iluminaria seu caminho, mesmo nos dias mais escuros.
A tarefa de ajudá-lo a superar suas dores revelou-se uma jornada desafiadora. Gael, relutante e cauteloso, demorou a se abrir comigo. Cada palavra compartilhada era como uma conquista valiosa, cada confissão uma vitória sobre os fantasmas do passado que o assombravam.
Hoje, contemplo com admiração a resiliência de Gael, mas ainda me pergunto sobre as profundezas de sua alma. Como ele realmente está por trás do sorriso que tenta dissimular as feridas? Essa incerteza ecoa no meu peito, carregada de um amor que persiste, incansável, na esperança de que cada gesto, cada palavra, seja um bálsamo para as dores que ele guarda. Em meio a essa dança delicada entre sombras e luz, permaneço ao seu lado, ansioso por testemunhar a transformação de sua tristeza em uma melodia de esperança e cura.
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A força do destino
RomancePLÁGIO É CRIME!!! Capa feita por mim. É a história de Liriane e Sandro. Duas pessoas que não se conhecem, nunca se viram e moram distantes uma da outra. Uma vingança de uma terceira pessoa, acaba por juntar o caminho deles dois. Ele é negro, sem c...