Depois daquilo não tive mais vontade de ficar na confetária. Voltei para casa sozinha, a Nina ainda tentou me convencer de ir com ela encontrar o César, mas não conseguiu. Eu não queria correr o risco de vê-lo.
Uma parte de mim queria estar com ele, outra parte queria nunca mais olhar na cara dele. Mas a parte que queria estar com ele, falava mais alto.
Sentei no cadeirão de pernas cruzadas. Fiz um coque frouxo e comecei a tentar comer um pouco do estrogonofe que comprei no caminho, num restaurante aqui perto por insistência da Nina. Peguei o controle e deixei num canal que estava a passar um filme que achei interessante. Enquanto brincava com a comida, meus pensamentos vagueavam e uma única pessoa estava na minha cabeça: Sandro.
Deixei a comida por cima da mesa de centro de vidro. Estava sem fome. Nem conseguia prestar atenção no filme.
Eu tenho que fazer alguma coisa, se não vou enlouquecer. Mas eu não posso continuar assim.
Fui até o quarto e abri o guarda-roupa, tirei uma camisa dele e inspirei o seu cheiro. Sentei no chão ainda com a camisa nas mãos. As lembranças da noite que passamos juntos me atormentava. Os sentimentos, as sençassões e as troca de olhares. Senti um aperto no caração, as lágrimas ameaçavam cair de novo.
Eu nem deveria pensar nele. Queria poder arrancar esse sentimento do meu coração, mas ao que parece a cada dia ele se torna mais forte.
Eu pensei, eu acreditei que ele me amava.
Apoiei o meu corpo na cama, sentada no chão frio, com os olhos fixos no teto, sem saber o que fazer.
Sou arrancada dos meus pensamentos, com o som do meu telefone, avisando-me que alguém estava a ligar-me.
Corri para o atender, tinha um resquicio de esperança que fosse ele e isso fazia o meu coração descontrolar as suas batidas. Mas um desanimo profundo veio assim que vejo que não é ele, mas sim o Gael. Eu queria que fosse o Sandro.
Mas por que eu pensei que era ele? Se ele não quer saber de mim.
- sim- atendo sem desfarçar o desanimo na voz.
- Liriane, eu estou em Los Angeles.
- como assim?- perguntei surpresa.
- eu não podia ficar lá parado, meu lugar é onde você estiver.
- Gael -Mau sabia o que dizer. Eu queria voltar a sentir o que eu sentia por ele. O Sandro só tem me machucado. Tem me feito sentir tão pequena.
- eu quero te ver. Podemos nos encontrar? - perguntou do outro lado da linha.
Eu não podia negar isso para ele, não custava nada e chegou o momento de deixar tudo claro, então concordei. Combinamos nos encontrar num restaurante aqui perto.
Preparei-me rapidamente. Coloquei um vestido solto verde de alça e um salto médio branco e uma bolsa branca. Retoquei a maquiagem e fiz um coque frouxo. Chamei um táxi, que em poucos minutos chegou.
O restaurante era bem próximo, então em poucos minutos estava lá. Assim que me vi diante da entrada do restaurante, comecei a ficar nervosa. Mas eu não podia fugir.
Entrei e procurei-o com os olhos, o encontrando numa mesa próxima a janela. Ele sabe que é o meu canto favorito.
Ele estava atento ao telefone, caminhei até ele em passos pequenos.
-Gael- pronunciei quase num tom inaudível. Ele olhou para mim com o mesmo olhar de sempre, aquele olhar que me deixava derritida, mas que agora não me causava nada.
-Liriane- Levantou-se ficando cara a cara comigo- senti tanto a tua falta, amor- aproximou-se para beijar os meus lábios, mas virei o meu rosto. Seus lábios foram contra a minha bochecha. Ele me olhou espantado, sem entender nada. Mas mesmo assim abraçou-me. O que me surpreendeu, não consegui retribuir. Ele afastou-se e me encarou- vamos sentar- puxou a cadeira para mim. Cavalheiro como sempre.
Nos olhavamos e eu me sentia estranha, desconfortável. Olhei para o cárdapio, desviando os meus olhos dos dele. Senti seu olhar sobre mim. Depois de escolher, fizemos os nossos pedidos.
Ele colocou a sua mão por cima da minha e olhou-me nos olhos. Eu não me sentia a vontade como antes. Tirei rápidamente a minha mão por cima da mesa. Ele me olhou sem entender nada, com confusão nos olhos.
- algumas coisas mudaram...- ele me olhou como se já precentisse o que eu iria dizer. Eu tentava encontrar as palavras certas para explicar tudo, mas na realidade não existiam. Doeria da mesma forma.
-Boa tarde, espero que não esteja a atrapalhar- sua voz adentrou nos meus ouvidos. Antes de olhá-lo uma felicidade encheu o meu peito e fez com que o meu coração batesse rápido contra o meu peito. Parecia que iria saltar a qualquer momento pela boca.
Olhei-o e não acreditava no que os meus olhos viam. Era mesmo ele, parecia um pouco abatido. Mas era ele. Era mesmo ele.
- quem é ele?- perguntou o Gael.
- eh... Ele é o Sandro...
-Sou o marido dela- me interrompeu, com a mão apoiada na mesa, encarando-o -e quem é você?
Isso não vai correr nada bem, olhei para a situação sem saber o que fazer e com medo de onde isso poderia parar.
- sou o Gael, o noivo dela.- levantou-se encarando-o também. O Sandro desviou os seus olhos dos dele e me olhou de uma forma acusadora, com ira nos olhos.
- espero que aproveitem, é um ótimo restaurante- falou, forsou um sorriso e retirou-se. Suspirei, soltando o ar que nem sabia que tinha prendido.
Acompanhei os seus passos até a sua mesa, onde estava uma mulher muito bonita sentada. Aquilo fez-me ficar com raiva. Eu aqui sofrendo e ele aproveitando.
-é ele, não é? Não acredito nisso- falou dando meia volta e saindo do restaurante. Com um olhar decepcionado.
Eu não podia fazer nada, deria o quê, se é tudo verdade. Eu já não o amo mais, e é melhor assim, pelo menos já esta tudo esclarecido. Meus olhos encontram os do dele, que logo desviou, continuando a conversar com a tal mulher. Deve ser mais uma das que ele leva para cama. A minha vontade era ir lá e estragar o jantar deles, como ele fez com o meu.
- está aqui os pedidos- falou o garçom me despertando. Olhei para tudo aquilo. Eu estava sem fome, mas também não queria sair do restaurante- pode deixar o meu- falei para ele, que acatou sem protestar.
Mal conseguia comer, acompanhava-os com o olhar, as suas risadas, queria saber o que era tão engraçado, se calhar eu também riria com eles.
O que de tão interessante eles estão a conversar?
Ela passou a mão dela delicadamente pelo seu braço e mordeu o lábio inferior.
Respira Liriane. Fechei os olhos, os apertando fortemente. Inspirei e expirei. Abri os olhos.
Vi eles levantarem, depois dele pagar a conta. Paguei a conta rápido e pareceu-me que esse processo demorou um século. Já não tinha esperança de os encontrar. Sai as pressas, quase tropessando nos meus pés.
Eu era uma idiota? Era mesmo. Uma idiota apaixonada. O que eu poderia fazer?
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A força do destino
RomancePLÁGIO É CRIME!!! Capa feita por mim. É a história de Liriane e Sandro. Duas pessoas que não se conhecem, nunca se viram e moram distantes uma da outra. Uma vingança de uma terceira pessoa, acaba por juntar o caminho deles dois. Ele é negro, sem c...