CONTO DO VIGÁRIO

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As Crônicas de Elys - A Herdeira Mestiça - PARTE 1

-Tem certeza que é uma boa ideia?

- Você precisa relaxar mais Molly!

As ruas noturnas de Ibiza eram sempre agitadas, Mariah e sua melhor amiga Molly comemoravam um aniversário. Ainda sim, a garota de cabelos cacheados parecia não estar se divertindo tanto quanto Mariah.

-Não saia de perto de mim. - Alertou Molly.

- Molly o que deu em você hoje? - A menina franziu o cenho.

-Eu só... - Molly parou por um momento, seus olhos brilhando a luz do letreiro da boate Amnesia.

-Vamos. - Mariah puxou Molly para dentro. A boate estava lotada, diversas pessoas dançavam, bebiam e se divertiam todos em pura nostalgia. As duas meninas seguiram até o bar, e Molly pediu duas garrafas d'água.

-Esqueça a água, duas doses de uísque, por favor. - Pediu a outra menina.

-Hoje você está impossível! - Gritou Molly inutilmente já que o som estrondoso da boate, não permitia que Mariah ouvisse direito.

Estou feliz, minha amiga. Fique também! Por mim. -Pediu ela sorrindo.

-Está bem. - Molly se deu por vencida

Já dentro do local, elas se sentaram em um canto cheio de sofás pretos e dourados, onde as pessoas podiam descansar seus pés cansados de tanto dançar. Molly estava particularmente bonita aquela noite, com um vestido tubinho de mangas e argolas douradas que se moviam junto com o humor da garota, Mariah pensou, que, nunca tinha visto a amiga tão brilhante, e ao mesmo tempo, tão nervosa.

- Quer me contar o que está acontecendo com você?

- Eu só quero que você se divirta. - Molly forçou um sorriso. Mas, elas se conheciam a anos suficientes para que Mariah percebesse seu disfarce.

-Eu já sei de tudo! - Declarou. - Molly se aprumou como se acabasse de levar um tapa.

- Sabe!?

-É claro! Você acha que não vou passar nas provas finais, por isso esta agindo como super. Protetora, e tem o Ryan.

- Espera, o que? - Molly ficou confusa.

- Eu sei que gosta dele, desde o primeiro ano. Não se preocupe, segunda você vai chamar ele pra sair, e eu não aceito, não como resposta.

Molly abriu a boca, mas logo desistiu, nada convenceria Mariah do contrário.

Se tinha uma coisa admirável na garota, era que, não importava o que lhe dissessem, ela acreditava em si mesma, nas suas intuições que sempre estavam certas, ou pelo menos, ela pensava que estavam.

-Agora chega de papo furado, vamos nos divertir essa noite, como se fosse a última de nossas vidas. Você está comigo?

Molly encarou os olhos eufóricos da melhor amiga e por um momento tudo se dissipou, eram elas, ali, juntas, apenas se divertindo como garotas normais do colegial.

- Sempre estarei com você.

A noite se seguiu, algumas horas se passaram, a aniversariante já estava bêbada e Molly também tinha perdido parte de seus sentidos.

-Vamos embora! - Implorou Molly e a menina de longos cabelos castanhos sentou-se no bar.

E ele surgiu alto de olhos negros, postura firme, seus músculos sobre saiam da camisa branca de barmen, e seus cabelos eram em corte militar e um sorriso que faria mulheres ficarem insanas por apenas admirar sua beleza.

-O que as moças vão querer? - Perguntou ele.

-Onde está o outro barman? - Perguntou Molly desconfiada.

-Acabou o turno dele. Sou Marcos. - Ele estendeu a mão, mas Molly ignorou.

-Dois copos D'água. - Pediu indiferente. Enquanto isso Mariah falava coisas sem sentido com o rosto colado no balcão.

-Sua irresponsável. Tome isto! - Molly a forçou a beber a água.

E por sua vez ela vomitou nos sapatos da melhor amiga que rosnou de raiva e impaciência.

-Droga! Vou limpar essa nojeira. Não saia daqui. - Alertou, e a menina colou novamente o rosto no balcão. Molly saiu para o banheiro onde, ainda nervosa, praguejava.

No bar, o belo homem, encarou a menina por alguns segundos e pulou o balcão a levantando cuidadosamente.

-Mas o que? - A cabeça da menina girava e ela olhou confusa para Marcos.

-Está tudo bem, sua amiga está ocupada agora. Vou leva-la para casa, meu bem. - Disse tocando levemente o rosto da menina que protestava enquanto era carregada para os fundos saindo em um beco com quase nenhuma iluminação. Marcos a encostou contra a parede, que abriu os olhos encarando os completamente negros dele.

- Calma querida, é apenas questão de instinto. -Ele passou os dedos pela boca pequena dela que quis gritar, mas o som foi sufocado quando viu os caninos do homem se afiarem como marfins cortantes, ele os cravou na jugular dela, enquanto saboreava o sangue fresco de sua vítima, ele tapou a boca dela para que não gritasse, sufocada, as lágrimas correram pelo rosto apavorado.

Nesta mesma hora, Molly ouviu ao longe o som, ainda que a música da boate dificultasse para ela não fazia diferença. Molly saiu em disparada e encontrou o bar vazio, nem sinal da amiga e o mais preocupante... Nem de Marcos. Ela sentiu o aroma de cinzas e seguiu até a saída, mas não havia ninguém lá, o silencio se fez no beco escuro e Molly correu para o lado oeste onde havia um bosque.

-O que... Fez comigo? - A menina sufocava enquanto era carregada nos ombros do homem.

-Cale-se! - Disse ele jogando-a sobre um cerco de arvores fechado, sob a lama do solo ainda úmido.

-Você... - A menina não conseguiu terminar. Pois o homem já havia dado as costas e então sufocou e cuspiu sangue negro, tentou se mexer, mas seu corpo já não respondia mais, suas pupilas dilatadas, ela tremia sobre a grama. Deitada a beira da estrada sangrando, morrendo aos poucos, paralisada. Era assim que seria seu fim? Morta por um canibal lunático. Pensou a garota ironicamente. Mas a escuridão começou a tomá-la. Já não havia o que fazer a não ser esperar a alma deixar seu corpo imundo naquele bosque abandonado (...)

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