ALGHARKA

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Antes

O vale dos Alpes estava mais silencioso àquela manhã, as árvores dançavam com a brisa leve do oeste, e por entre a neblina fria era possível ver reflexos da luz do sol. O aroma de afloryn predominava por ali. Com muita cautela uma elfa encapuzada seguia o rastro de flores para dentro do vale, subindo e subindo. Até vislumbrar a sombra de sua presa, ela correu para alcançar a criatura, passos rápidos, porém ainda cuidadosos. Decidiu mudar de tática e se escondeu atrás de uma árvore larga, esperou a respiração da criatura desacelerar e saltou para pegá-la. Em um movimento perfeito, acertou o pequeno animal.

- Por que eu sempre acerto onde você está?

A voz familiar à fez sorrir enquanto pegava a caça.

- Você tem muita sorte. - Ela deu de ombros se aproximando do jovem elfo de armadura.

- Ártemis, sabe o que seu pai pensa de sair para caçar.

- Meu pai está ocupado, com o jantar de amanhã. - Revirou os olhos.

- Não pode continuar agindo como se fosse uma...caçadora. - Ele hesitou.

- Crescemos juntos, você mais do que ninguém deveria saber que eu não nasci para fazer bordados, participar de horas de reclusão ou todas essas malditas regras da realeza.

Artêmis já ia passando pelo amigo, quando este, segurou seu braço.

- As coisas estão diferentes. Coisas ruins têm acontecido.

- Acha que não sei? Tenho descido as montanhas. - A elfa baixou o tom de voz. - Os vampiros e os lobos estão em guerra. As leis foram quebradas.

- Você o que? - O homem claramente se irritou. - Você enlouqueceu? E se vissem você?

- Vartan, eu precisava ver. Lá é um lugar curioso, e existem outras raças, sobrenaturais que eu só tinha conhecido nos livros.

O nobre Elfo se afastou inquieto e logo se voltou a ela.

- Me prometa que não fará mais isso. Pelo menos não até descobrirmos o que está realmente acontecendo.

- Preciso falar com meu pai.

- Ártemis, olhe para mim.

A elfa parou por um instante ainda encarando o arco e flecha nas mãos.

- Temos que... - Parecia confusa. - Temos que ajudar.

Ártemis partiu sem se despedir mesmo com os protestos de Vartan. Que apenas seguiu o mesmo caminho de volta.

[...]

A cidade de prata se ergueu logo após a descida do vale. O vilarejo Nascente abrigava o povo da floresta e depois das estradas de granito e a cascata de ouro lá estava o grande palácio real, feito de prata pura fundida em cada pedaço erguida a mais de setecentos mil anos. As bandeiras do reino tremiam ao vento, o símbolo da casa dos elfos, uma árvore seca com traços finos sob a cor de um verde escuro.

Enquanto caminhava pela ponte de entrada, a princesa admirou a estrutura impecável do palácio e desejou ter nascido no Vilarejo Nascente. Respirou fundo e prosseguiu. Vartan vinha logo atrás meio desconcertado.

- Não é uma boa ideia! - Alertou.

Mas já era tarde demais, Ártemis já estava atravessando as portas uma a uma, marchando decididamente até a sala de espelhos. Quando a abriu mirou os olhos do pai que se assentava no trono ao lado da rainha, eles escutavam o relato de um pardal.

" - Eles estão perto meu rei, uma mestiça e quatro lobos. Parece que pretendem subir as montanhas e...."

- Então eles vêm nos ver? - Ártemis não podia conter a adrenalina em seu corpo.

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