CAMPO SANGRENTO

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No longo caminho até as Montanhas que ficavam nos limites da ilha logo ao norte das torres de diamante da cidadela. A floresta do Éden era cada vez mais peculiar a medida que avançavam, as vezes se abrindo em campos e colinas, em outras sendo densa e abafada. Porém havia magia em cada árvores, cada galho e folhagem, entre os ocos das copas, podia-se ouvir os cochichos agudos das ninfas da floresta, que faziam parte da fauna de Elys, mas não eram um povo organizado, existiam muitas outras criaturas da floresta que Mariah nunca imaginou ver tão de perto, nem em seus sonhos poderia imaginar tudo aquilo. Enquanto passavam pelo pântano ensolarado, pelo menos foi assim que Maicon chamou. A mestiça se assustou com uma criatura de tamanho médio, em um tom verde musgo, suas costas eram duras como as de tartaruga, mas seu rosto lembrava uma ave pré-histórica. Ele se movia lentamente.

- O que é isso? - Cochichou ela para o lobo que tinha um sorriso torto estampado no rosto.

- É um Kappa, eles são bem numerosos nessa parte de Elys. Não os encare muito. - Vendo que o ponto de interrogação ainda gritava no rosto de Mariah, ele se voltou para a criatura. - Eles são espíritos da floresta do Éden, eles protegem a vitalidade da ilha.

- Uau.. - Mariah suspirou, definitivamente Elys continuava a surpreendendo.

Mais a frente, Lia e Melina seguiam conversando incansavelmente e Victor acompanhava logo atrás, os ombros encolhidos, os cabelos cobrindo os olhos.

- Acha que ele vai falar comigo alguma hora? - Mariah se encolheu um pouco.

- Ei a culpa não foi sua. A culpa é dos Malditos Molfenters.

- Eu poderia ter feito algo...

- Todos nós poderíamos, mas não foi isso que aconteceu. - Maicon estava sério, o que era raro vindo do lobo extrovertido. - Ele só precisa de um tempo.

Maicon lançou um sorriso amigável a mestiça.

Seguiram por mais um dia inteiro, o sol tinha dado uma trégua e agora a noite dava boas vindas em um circulo de árvores de tons esverdeados que se assemelhavam ao mundo dos humanos, pensou a mestiça. Quando pararam na área circulada.

- Já vai anoitecer melhor ficarmos por aqui hoje. Todos estão cansados. - Lia estava mais firme que o comum, talvez a tristeza não desse espaço para provocações.

Maicon e Melina seguiram para dentro da floresta atrás de madeira seca, enquanto Lia e Victor caçavam o jantar um pouco mais distante. Mariah fez a varredura, para ter certeza que não tinham sido seguidos por soldados de Payne, ou qualquer outra ameaça.

- Eu não acredito que você ainda não falou pra ela. - Melina estava abaixada tentando identificar a melhor madeira.

- Não é tão simples. É que...ah...bom.. - Ele gaguejou.

- Maicon! Quando fui embora éramos crianças! E desde aquela época você morria por Lia. O que aconteceu? Pensei que chegaria aqui e os veria noivos.

- Muita coisa mudou desde que você partiu.

- Eu sei. Mas você ainda a ama, certo?

Maicon encarou os próprios pés, enquanto brincava com um galho nas mãos.

- Sempre.

Melina se levantou com um monte de galhos nos braços.

- Deveria falar pra ela. Com tudo que está acontecendo. Não podemos deixar essas oportunidades passarem.

- E o Victor?

Melina parou de andar, automaticamente seu rosto corou.

- É diferente. - Engoliu em seco. - Nós...eu...

A Herdeira Mestiça Onde histórias criam vida. Descubra agora