A Herdeira Mestiça

TODOS PARTEM E SE PARTEM

Os campos estavam lotados, mais cabanas tiveram de ser construídas os relatos sobre a herdeira e seus feitos percorrem continentes fora de Elys, mais e mais mestiços se apresentavam, outros fugiram das sombras para se abrigar no território dos lobos. Os treinamentos tinham ficado mais intensos, de vez ou outra uma briga acontecia, ou alguém se feria misteriosamente. Apesar de Bernard ser um excelente líder e conseguir manter a paz na maioria das vezes, os mestiços não o obedeciam. A raça, o sangue e os genes falavam mais alto em certos momentos. O instinto era algo impossível de ignorar. Era outono em Elys, a cor das árvores se tornou mais quente, o vento fazia com que dançassem graciosamente, sobre o solo úmido das chuvas recentes, cada um se tornava mais habilidoso com a espada, com a magia e com a própria força. O tinir das espadas, cada passo para frente e para trás, cada desvio, cada respiração ofegante trazia um vislumbre de esperança. Os que eram poucos, se tornaram muitos e agora mais destemidos do que nunca. 

Mariah estava toda de preto, com sua roupa de treinamento, botas de caça, calças largas e top preto, em seus braços braceletes de prata pura do solo dos elfos antigos. Protegia suas habilidades, na realidade era um medidor de magia, para evitar que a mestiça ganhasse vantagem sobre os treinos. Não fora um presente. Mais sim um pedido. Em seus duas mãos carregava adagas de porte médio, os cabelos presos em uma trança espinha de peixe. Estava suada e arfando, tinha acabado de deslizar sobre o solo após um ataque de Pedro. Se levantou rapidamente e deferiu uma sequencia de golpes aos quais o vampiro desviou com perfeição. Ele deu um meio sorriso para ela, que suspirou lançando uma das adagas para cima, ele se distraiu com o movimento, e Mariah aproveitou para atacá-lo chutando seu peito o que fez com que ele cambaleasse, e não parou por ai continuou investindo em socos e chutes, até que Pedro segurou sua perna e a arremessou contra uma árvores, Mariah olhou para cima a adaga já fazia seu caminho de volta, ela correu e subiu nas costas dele, o socando e tentando derrubá-lo, agarrou em seu pescoço e desceu com as pernas até Pedro bater com violência as costas no chão. Ela apoiou o pé sobre seu peito e sem olhar pegou a adaga no ar e apontou para ele. 

- Achou mesmo que me venceria desta vez? 

- Trapaceira. - Pedro estreitou os olhos, levantando as mãos em rendição. 

- Que audácia da sua parte, Lorde Pedro. - Mariah fez uma reverencia teatral, imitando Kyle no primeiro dia em que se conheceram. Guardou a adaga e ajudou o marido a se levantar. 

Ele se aproximou dela e tocou seu rosto. 

- Você sabe que eu teria ganhado essa se não fosse, você sabe, toda coisa da adaga. 

- Ah claro que sim. - Mariah concordou sorrindo. Pedro a beijou gentilmente. 

Ambos se olharam por um tempo em silêncio, estavam felizes, estavam juntos e aquilo, aquele olhar era de pura e inocente compreensão e cumplicidade. 

- Mariah eu preciso que saiba... - Pedro pegou as mãos da amada. 

- Mariah!! Pedro!! - Frida vinha correndo campo acima. - Vocês precisam voltar, más noticias. 

Mariah olhou da mestiça para Pedro. 

- O que você queria dizer? 

- Não...isso pode esperar. - Pedro forçou um sorriso. - Vamos, vamos ver o que esta havendo. 

Mariah assentiu e os três fizeram o caminho de volta. 

- Você está pálida Frida. O que houve?

- É...é melhor vocês mesmos verem. - A elfa mestiça estava cabisbaixa e parecia muito assustada. 

De volta a aldeia Knowa, a multidão estava aglomerada nos limites olhando alguma coisa, a cada passo para mais perto o coração de Mariah acelerava, quem poderia ser, ou o que, o que estava acontecendo para todos estarem assustados. Costurou seu caminho por entre a multidão até dar de cara com a cena, Arwen de joelhos com seu rosto e corpo cobertos de sangue e em seus braços o corpo da esposa frio e sem vida, cicatrizes profundas sob a pele da rainha. Mariah conhecia aquelas marcas, ela conhecia o metal utilizado, era ele...