DO TRONO AO PÓ

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A sala do trono agora mais parecia um mausoléu, vazia, escura e silenciosa. Como se tivesse sido esquecida no tempo. Em seu trono de pedra, com o corvo entalhado acima da cabeça, Lorenzo o descendente de Eurin, o rei dos reinos e senhor da noite. Agora, não fazia jus a nenhuma das nomenclaturas. Estava cansado, os ombros caídos, as mãos cerradas a todo o momento, a fúria corria suas veias. Mas, outra coisa lhe perturbava a mente. Tinha descoberto os planos de Mariah, e com isso, a notícia de uma prisioneira nas montanhas, fez o coração de pedra de o rei estremecer. Em conflito sobre o que fazer se arrependera de atacar a aldeia, tinha inflamado uma guerra adormecida. E agora, toda a paz em Elys, ruía diante dos seus olhos.

- Deixe-me adivinhar. Passou a noite inteira aqui? - Íris também não parecia estar nos melhores dias, os cabelos soltos pretos e espessos se estendiam até a cintura, ainda vestia a túnica cor vinho a qual usava para dormir. Sem nenhuma joia, ou soberba ela se aproximou de Lorenzo.

- O que fizemos a aldeia, não será perdoado Irís. Sabe o que isso significa?

- Nós trouxemos justiça ao nosso povo. - A rainha estava convicta de suas palavras.

- Nosso povo queria sangue derramado. Sangue inocente.

- Nenhum ser que já andou por esta terra, está livre do pecado. Todos nós, somos condenados.

- Quando foi que aconteceu?

Lorenzo a encarou, e a mulher confusa, piscou.

- O que?

- Quando se tornou... Isso? - Havia desprezo na última palavra.

Íris manteve o silêncio.

- Quando a conheci, pensei que era uma boa mulher. Você amava esse lugar, era piedosa e cheia de amor. Apesar de nossa natureza nos dizer o contrário, você lutava por justiça Íris. Você chorou ao ver Simon torturado. Chorou quando pensou que ele tinha morrido naquele córrego.

- Você o trouxe para dentro da nossa casa, ele comeu da nossa comida, viveu entre nós. Mesmo sendo um maldito mestiço. E... - Íris sentiu um nó na garganta.

- Você o amava...

- Você me trouxe a ilha para casar, estávamos apaixonados, me prometeu um reino inteiro, e um casamento forte. Mas tudo sumiu, quando Aurora apareceu com um filho e se fez de vítima. Um anjo sem asas procurando por um idiota que cuidasse da criança. E não foi só isso. Você se apaixonou por ela. - Íris vomitava as palavras, os olhos ardendo em lágrimas. - Teve uma filha com ela!

- Então a culpa de você ter se tornado um ser repugnante e asqueroso é minha?

- É exatamente isso, milorde. - Debochou a mulher. - Tudo que você toca, se destrói. Tudo que toca, morre! Eu amava o Simon, você nunca me deu filhos, então eu o aceitei. Ele era um garoto doce, e inteligente. Ele seria o meu príncipe, eu o veria se tornar rei um dia.

- É triste ver, sua deplorável situação Íris. Mas quero que saiba. Killian era um parasita, um bastardo imundo, uma doença para Elys. Ele merecia sofrer.

-Ele era uma criança!! - Esbravejou a vampira com os punhos cerrados.

- Simon não era seu filho. Nunca foi! Aurora foi quem deu-lhe a luz, ela é a mãe.

- Nenhuma mulher no mundo amou esse menino como eu amei. Da mesma forma que nenhuma outra, vai te amar Lorenzo, como eu um dia amei.

- Você me culpa por Simon, por Aurora, e o fato de nosso casamento ser falido? Veja bem, você não mediu esforços para continuar com essa coroa na cabeça. Quando aquele parasita fugiu, você permaneceu calada. Seu silêncio foi à confirmação que seu verdadeiro amor, é aquele trono de pedra.

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