Capítulo 23 - Lago

96 5 2
                                    

- Se eu fosse você não faria isso. - Ouvi uma voz grave a dizer. - Está frio, vai acabar ficando doente.

  Me virei e vi Niall com os braços cruzados junto ao peito.

- O que você está fazendo aqui! Vai embora! - Rosnei.

- O parque é público e eu não vou embora. - Ele disse seriamente. - Preciso de pensar...- ele falou para si mesmo, mas era possível escutar.

- Bom, eu sei como se sente. Ando passando por coisas semelhantes em casa. -  Enfiei meu corpo todo dentro da água. Me levantei, ao modo que podia respirar novamente. Tirei meus cabelos molhados para fora da cara e vejo Niall a despir-se.

- O que vai fazer? - Pergunto.

- O que parece?

- Que vai fazer merda. - Disse como se fosse óbvio. Ele me ignora e pula na água.

- Mas enfim, quer desabafar? De onde veio a idéia de pular na água às 4h da madrugada? - Ele pergunta.

- E você? De onde veio a idéia de aparecer aqui no parque às 4h da madrugada?

- Problemas em casa... e você? - Ele diz distante.

- O mesmo...- respiro fundo e desisto da tentativa falha de não lhe contar nada. - Acho que Derek está me traindo, por isso entrei no lago.

- Você ficou com ciúmes e pulou na água gelada á essa hora? Anda nas drogas? - Ele diz com um sorriso torto, e eu apenas reviro os olhos dando um sorriso parvo. Não, sem essa de sorrisos parvos agora, coração. - Sem sentido, mas... Acho que Marylin também está me traindo.

Puxa, então o nome dela é Marylin? Não me diga!

- Marylin? - Pergunto com os olhos arregalados. - O nome dela é Marylin? - Pergunto mais do que exaltada.

- Sim, vocês se conhecem? - Ele perguntou, deixando seu corpo boiar.

- Derek chegou em casa falando de uma tal de Marylin...- digo revoltada.

- Será...? - Ele levanta o olhar e me encara.

- Não. Com certeza não. - Corto-o. - Não quero nem pensar nisso. E eu não vou investigar, vou apenas por uma pedra em cima. - Pronuncio  e olho-o atentamente.

- Anos atrás, você contrataria um detetive para investigar o paradeiro desta Marylin. - Ele diz gargalhando.

- Você...você se lembra? De quando éramos mais jovens e...- começo.

- ...E isto aconteceu, exatamente como está acontecendo agora, neste lago...- ele termina. - Nós. Os dois. Seu telefone começou a tocar, no pior momento. - Ele encara o céu e posso ver um sorriso saltar em seu rosto.

- Pois é. - Gargalhei, olhando as estrelas. - Bem, pelo menos desta vez, deixei o telefone no carro.

- Como é estar repetindo tudo isto?- Ele pergunta sem desviar os olhos do azul-escuro berrante do céu acima de nós.

- É estranho.- digo arregalando os olhos.- Ok, muito estranho! É como rebobinar o filme, ter uma nova oportunidade para recomeçar. Para não repetir os mesmos erros.

- Acha que o que passamos foi um erro? - Cospe e eu olho-o surpresa, mas logo volto meu olhar ao ponto anteiror.

- Não tem essa de "o que passamos", nós não passamos nada. - Digo sarcástica. - Mas, se tivesse falado "o que aconteceu"; eu compreenderia.

- Ainda não respondeu minha pergunta.

- Talvez sim, tlavez não. Depende de muitas coisas. - Saio da água e vestindo meu suposto pijama.

Summertime Sadness → N.HOnde histórias criam vida. Descubra agora