Saí do banheiro, me vesti e deitei-me na cama. Estava a pensar no dia anterior na casa do Daniel, do que ele me disse, do que nós fizemos. Minha consciência está pesada sobre isso, e não consegue relaxar. Amanhã é domingo e Bia irá vir aqui, talvez conte tudo isso a ela. Preciso desabafar com alguém e ela é uma boa ouvinte. Escuto meu celular tocar e pelo nome na tela eu já sei de quem se trata.
- Oi - disse sem a mínima vontade.
- Jennifer... desculpa te ligar a essa hora mas é que eu não poderia deixar isso assim. Me desculpe por ontem - eram 10h da noite e eu precisava dormir/ olhar para o teto e pensar.
- O que você quer? - Questiono já esgotada disso tudo.
- Acho que devemos conversar, não? - Ele proponhe.
- Sobre o quê? Sobre as vadias ligando no seu celular enquanto estou como você? Se for, vai a merda, Daniel.
Eu e Daniel estávamos deitados na mesma posição de hoje a tarde, mas agora ele enrolava meu cabelo - já muito enrolado - com o dedo. Estávamos em "conchinha". Ele ia dizer algo, mas seu celular em cima da mesinha de centro toca. Ele olha na tela e desliga a chamada. Essa pessoa torna a ligar várias e várias vezes.
- Atende, Daniel! - Reclamo.
- Não, Jennifer - ele parece estranho, talvez assustado. - Esse momento é só para ti. Seja quem for, hoje meu dia é para você.
Me calo com suas palavras, e se um soriso bobo não brotou na minha face, eu já nem sei quem sou. Mas o telefone torna a tocar, esgotando com a minha paciência.
- Argh, Daniel! Você não atende, pode deixar que eu faço isso - afirmo pegando o celular e colocando na orelha, Daniel tenta me impedir, mas não consegue.
- Daniel? Amor, pensei que não ia atender! Porque não retorna minhas ligações?
Era ela.
Aquela voz.
Aquela maldita voz.
Olho furiosa para Daniel e coloco no viva-voz. Tento certeza que minhas mãos estam tremendo e minhas veias da testa forçadas, apesar de elas não aparecerem.
- Pergunte aonde ela está - mando.
- Olha a besteira que você vai fazer, Jennifer.
- Pergunta logo, caralho.
- Na onde você está, Tatiane? - Ele pergunta, me obedecendo.
- Estou na minha casa, amor. Já está louco para me encontrar de novo, não é? Minha bucetinha também está morrendo de saudade.
Cacete.
Pra que ela disse isso?
Quer morrer com certeza.
- O que é isso, Daniel? - Berro olhando em seus olhos, e tenho certeza que os meus estão vermelhos. - Porra, quem é essa mulher?
- Jennifer, eu...- ele tenta se safar mas as palavras estão entaladas em sua boca.
- Você o que, seu desgracado? - Ameaço e pego uma de suas almofadas. Bato nele com toda a minha força com a almofada. - Me dá essa porra desse celular, caralho!
- Jennifer, fica calma. Antes de tudo fica calma - ele pede fazendo stop com as mãos.
- Calma na casa do caralho, você me traiu! Duas vezes! Na minha cara! - Grito. - Me dá essa porra desse celular, agora!
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Summertime Sadness → N.H
Novela JuvenilA velhice e as palavras incertas me assombram tanto quanto a dor e o amor me assobraram quando era jovem. A morte para mim será agora mais do que uma virtude, mais do que um privilégio. E então, eu poderei reencontrra-lo. Assim que eu terminar de c...