Comecei a lembrar de tudo que tínhamos feito até aquele dia. Desde quando havíamos nos perdido para tentar conhecer Peter. Quando ele cantou Saturn para mim, duas vezes, em duas cidades diferentes, duas músicas com o mesmo nome. O futebol no parque, o passeio de barco na e a pista de skates. Lembrei-me de quando visitamos o orfanato em Hartford, de quando eu fiz o Cowboy slide e da festa do Bruno Mars em Toronto. Lembrei-me de quando ele me chamou para sair e de quando dançamos Thinking Out Loud em um quarto de hotel. Lembrei-me do nosso segundo primeiro encontro e do nosso segundo primeiro beijo. E das coisas mais recentes, da sala de música em Vegas e de como brincamos de snaps até tarde porque no dia seguinte estaríamos de partida. Dormi pensando nisso.
Acordei com a luz do sol que vinha da varanda e escutei o toque da música. Sentei-me e vi Peter sentado no sofá da varanda com seu violão, ele começou a cantar baixinho como se não quisesse me acordar. Levantei e sentei ao seu lado, ele continuou cantando entre um sorriso.
— Não acha que um dia isso vai perder o efeito? — perguntei quando Peter terminou e beijou a minha bochecha.
— Isso o quê?— Isso de cantar o que você quer dizer.
— Acho que não, quando nenhuma música puder dizer o que eu sinto, eu escrevo uma. — Peter apoiou o violão na parede ao lado e colocou o braço sobre meu ombro — Então, você está indo embora hoje.
— Sim...
— Não precisamos de uma despedida nem coisa do tipo, precisamos? — ele perguntou, encostei meu rosto entre seu pescoço e seu ombro antes de responder.
— Não, está bem assim. — o seu perfume me trouxe, como nunca havia antes, uma onda de sensações, pareciam cenas dispersas que passavam na minha cabeça, mas nenhuma lembrança concreta — Não tem mais nenhuma história para me contar?
— Só dias simples em que estivemos juntos, como um casal ou não, mas acho que nada realmente importante.
— Queria esses dias simples agora. — ele deu um sorriso.
— Juro que estava esperando que fosse dizer que a vida é difícil e começar a filosofar, deduziria que está grogue de sono.
— Não, eu não vou filosofar agora, vou deixar isso para o avião. — ele deu um sorriso, eu estava recostada em Peter, ele estava com o braço direito sobre mim e minha mão direita estava detrás de seu pescoço mexendo em seu cabelo, teria passado muito mais tempo naquele quase abraço, mas tive que voltar à realidade da despedida quando ouvi o clique da câmera — Eu vou deixar para matar ela em casa, mamãe vai querer velar o corpo.
— Diga a Andrea que Demons espera que ela passe bem por esse momento de luto.
— Demons?
— Andrea me chamava disso.
— Por que ela te odeia tanto?
— Se eu soubesse, teria mudado. "Peter Daemons não é boa influência Dylan" "Daemons, um nome tão parecido com Demons não deve ser boa pessoa" "O Dylan tudo bem, mas deixar as meninas andarem com o Demons, Carl?" "Dylan está machucado novamente? Isso é coisa do Demons" "Volte para o inferno de onde saiu Demons"! — ele imitou a voz da minha mãe — Acho que a última me machucou muito mais do que qualquer outra.
— Me desculpe por ela.
— Vocês dois vão sair da varanda ou eu posso tirar mais fotos? — Jade gritou, consegui ouvir a risada de Angélica, que teria voltado de onde quer que estivesse quando eu acordei e a de Júlia, que acordou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Memórias de Saturno [CONCLUÍDA]
Teen FictionSofrer um acidente e sair viva já era algo pelo qual ela agradecia, mas Aurora acaba por descobrir que a batida deixou mais sequelas do que imaginava. Ela resolve buscar uma parte esquecida de sua vida e pega a estrada com suas duas irmãs e suas dua...