Capítulo 7

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— Ok, eu passei o café da manhã te cutucando. Você já percebeu que estou curiosa. Certo?

— Claro, se isso não fosse ficar curiosa teríamos conceitos bem diferentes de curiosidade.

— Então por que você não me diz logo o que é?

— Você está fazendo tempestade em copo d'água, não é algo tão grandioso assim. E eu vou te entregar, assim que você terminar de almoçar, me deixe comer.

Fiz um sinal de zíper com a boca e continuei a comer, olhava algumas vezes para Peter e ele ria. Eu sempre tive esse grande defeito, a mania de unir a curiosidade e a ansiedade e depois não conseguir lidar com o tempo. Comecei a cantarolar para me distrair, Payphone acabou por ficar na minha cabeça pelo resto do dia, mas havia ajudado por alguns minutos.

Terminei de comer e comecei a conversar com Jonathan à minha frente, claro que mesmo que eu criasse um assunto ele desviava novamente para algum esporte. Eu gostava de praticá-los, mas odiava falar sobre. Queria conversar com outra pessoa, mas Júlia, ao meu lado direito, estava mais interessada em papear com Luca, enquanto ao meu lado direito Peter comia lentamente de propósito.

Quando ele finalmente terminou de comer, nós dois subimos para a suíte dele e eu fiquei esperando no sofá enquanto ele entrava no seu quarto. Segundos depois, Peter voltou com uma caixa de papelão.

— Eu não abri ainda, estava em Miami, na casa da minha mãe, chegou hoje aqui em Nova York, e faz certo tempo que eu não vejo isso. Quero que você abra.

— Sério? E se for uma bomba?

— Se eu estivesse te dando uma bomba, eu iria morrer. E se eu morresse, Luke iria me matar.

Peter deu um sorriso bobo e me entregou um chaveiro. Rasguei a fita que lacrava a caixa e tirei um cartão que estava dentro da caixa, ele estava endereçado a Peter, então o entreguei. Dentro da caixa havia um boné, com o desenho de um filtro de sonhos e a frase Never Stop Dreaming na frente com um fundo branco, enquanto atrás ele era roxo.

— Peter, você me fez te perturbar esse tempo todo por um boné? Que está empoeirado. — soprei a aba do boné e vi a poeira sair dele.

— Ei, não me culpe, o boné é seu.

— Meu? Você por um acaso está com todas as minhas coisas? Boné, cordão? O que mais?

— O cordão você jogou em mim, o boné você me emprestou e eu nunca devolvi. Só isso.

— Qual a história desse boné? Tem que ser algo especial. Certo?

— Você costumava participar de competições de skate, obviamente escondida da sua mãe, e na primeira vez que você ganhou a competição você tinha participado do campeonato inteiro com esse boné e disse a todos que ele era da sorte.

— Então por que eu te emprestaria ele se era tão importante para mim?

— Depois que a sua mãe descobriu, eu acabei sendo o único que ainda gostava de andar de skate, então você me deu o boné.

— Então por que devolver agora?

— Porque hoje nós vamos andar de skate. — parei de brincar com o boné e olhei assustada para Peter — É só uma competiçãozinha por diversão. Alguns caras da pista vão andar de skate, e nós vamos "competir" — ele fez as aspas com os dedos — mas não é nada sério. As meninas me disseram que você está tentando voltar a ser a Aurora que você era antes, então...

— Ok, tudo bem, mas se eu me machucar... — brinquei para ver sua reação.

— Eu vou estar lá, sempre estive.

Memórias de Saturno [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora