Capítulo Vinte e Nove

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Quase três semanas havia se passado desde a viagem do casal. Felicity ainda não havia conversado com o filho. Oliver estava ocupado com a empresa, as crianças estavam tendo vários trabalhos escolares, e por isso ela tinha decidido que conversaria com o filho, quando tudo se acalmasse. Mesmo que tudo estivesse caótico, ela sabia que já deveria ter conversado com Bryan, principalmente por ele estar passando todo final de semana com o tio. Ela sabia que Oliver autorizava para não chatear o filho, e isso estava deixando-a agoniada. Finalmente, depois de todos aqueles dias caóticos, ela achou o momento certo. Aquele dia estava extremamente frio, mas isso não impediu o marido de sair. Felicity aproveitou que ele havia ido resolver algumas coisas na empresa, para enfim conversar com o filho. Brooke havia ido com o pai, e mesmo que Oliver tivesse prometido passar no parque antes de voltarem para casa, Bryan quis ficar em casa. Foi nesse momento em que Felicity viu os olhos do marido ficarem opaco, e seu humor mudar; apesar das crianças não terem percebido. E foi por ver o quanto aquilo estava afastando Oliver de Bryan que ela decidiu que daquele dia não passaria. Laurel estava certa. Já deveria ter conversado com Bryan á semanas. Deveria ter conversado mesmo com os dias caóticos, corridos. Ela viu Oliver se sentir mal quando o filho não quis sair com ele, e Felicity se sentiu pior ainda ao ver como um "prefiro ficar em casa" atingiu o marido em cheio. Ela não entendia, mas sentiu uma vontade enorme de chorar. Nem Brooke ou Bryan perceberam o desconforto do pai ou os olhos marejados da mãe. Felicity se sentou ao lado de Bryan, dizendo que precisavam conversar.

É importante, muito importante, então escuta a mamãe, okay? – Ele não estava entendendo nada, mas mesmo assim assentiu. – Eu sei que você está super animado com os passeios que têm feito com seu tio, com o fato de ele estar presente novamente na sua vida, mas..., eu quero te pedir algo. – Os olhos verdes não deixaram os do filho por nenhum momento. – Não deixe seu pai de lado, querido.

Como assim, mamãe? Não entendo porque tá me pedindo isso.

Esses momentos, essas saídas, os dias que tem passado com seu tio, deixaram seu pai... – Ela pensou um pouco, decidindo qual palavra usar. – Com ciúmes, de você.

Ciúmes de mim? – Pergunta, confuso.

O modo como conversa com seu tio, como pediu para sair, a forma como o abraça, como fica animado perto dele... Isso meio que deixa seu pai enciumado. – Bryan abaixou o olhar por um momento, antes de se voltar para a mãe. – Hoje você não quis sair com seu pai, mesmo ele dizendo que passaria no seu parque preferido.

Mas mamãe..., não foi por mal.

Eu sei, querido. – Pegou em suas mãos. – Seu pai esteve..., longe, por seis anos, e ao ver a afinidade que você e seu tio tem um com o outro..., ele sentiu ciúmes. – Bryan abaixou a cabeça. – A afinidade de vocês, seu pai sente que é diferente do que você e ele têm. Ele está sentindo que..., está o deixando de lado, por ter seu tio por perto. – Bryan olhou para a mãe com os olhos lacrimejados.

Eu amo o papai. Não quis magoar ele.

Eu sei, meu amor. E tenho certeza de que seu pai também sabe disso, mas... – Ela respirou fundo, se controlando para não chorar, enquanto observava o filho fazer o contrário. Ele não fazia um barulho se quer, mas as lágrimas desciam pelo rosto infantil. – Sabe, você não se sentiria mal, se eu e o papai déssemos mais atenção a Brooke do que á você? – Ele balança a cabeça devagar, enquanto mais lágrimas desciam. – Então, é assim que seu pai se sente, querido. Ele não queria sentir isso, ele não queria sentir ciúmes, não queria sentir inveja, não queria nada disso, mas..., foi mais forte que ele, entende? – O menino volta a assentir.

Não queria que... – Limpou a parte direita do rosto com a costa da mão direita. – O papai se sentisse assim. Eu só estava com saudades do tio Roy, mamãe.

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