Isso não passa de uma filha da pu...

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O sol brilhava alto no céu, era quase hora do almoço. Naruto observou o papel em que residia a assinatura de sua mãe. Ela havia assinado o passe sem questionar nada, ela havia assinado... Pensava completamente perplexo.
Naruto suspirou. Provavelmente nenhum dos dois devem ter se dado ao trabalho de ler do que se tratava aquilo, só assinaram de qualquer jeito sem prestarem atenção por estarem ocupado demais com o trabalho, como sempre.
Seis horas, era o limite daquele passe, teriam que estar de volta até esse horário.
O loiro contemplou o portão negro entediado por esperar, tinha chegado ali cedo, o combinado era encontrar Hinata no portão meio-dia.
Enfiou as mão nos bolsos da bermuda jeans, definitivamente aquela não era uma boa roupa, por que diabos escolheu uma camisa laranja para vestir por cima da camiseta branca? No fim das contas acabou usando aquilo mesmo.
Lembrando dos acontecidos do dia anterior, brigou consigo mesmo por não conseguir recusar ajudar outras pessoas, por causa disso acabou se metendo nos problemas de duas pessoas que estavam sendo obrigadas a aceitar casamento arranjado, coisa que não tinha nada a ver com ele, mas seria totalmente horrível deixar Hinata naquele estado depressivo...
Mesmo se metendo não tinha conseguido fazer nada em relação à Karin, não, isso não tinha nada a ver com ele de qualquer forma.
– Naruto? – A voz feminina e doce o tirou de seus devaneios.
– Ah, H-Hinata. – Se assustou com seu nome sendo chamado de repente. A garota fechou o punho e o encostou junto ao peito, parecia nervosa.
O sol brilhou forte no cabelos amarrados em um coque bem tradicional, Hinata usava um Yokata florido também, estampado com orquídeas, coloridas por uma palheta variada de roxo.
– Me – me desculpe, acho que demorei. – Falou nervosa com o rosto vermelho.
– Não, eu que cheguei cedo demais. – respondeu. – Então sua casa é tradicional japonesa? Eu não sabia... – Disse um pouco nervoso.
– Ah, não se preocupe com isso, eu só tenho roupas formais para sair, é por isso que me vesti assim. – A garota gesticulou com as mãos em resposta.
Não demorou muito até um carro preto estacionar em frente ao portão à espera deles, pronto para levá-los.
Naruto engoliu em seco.
Dentro do carro observou o motorista, bem clichê, caladão e sério, com um óculos escuro, sorriu achando graça.
– Gente rica tem dessas né? – Brincou quebrando o total silêncio dentro do veículo.
– Você também é rico. – Apontou Hinata estranhando o comentário.
– Nenhum carro clichê de filme nunca me buscou na porta da escola. – Respondeu. Era um mimado, mas aquela afirmação não era nenhuma mentira.
O loiro olhou pelo visor do smartphone, eram quase uma e meia da tarde, e nada de chegarem à propriedade Hyuuga. Só via mato e mais mato à frente. Até que finalmente se tocou. Arregalou os olhos com tamanho exagero.
– E-espere! Esse não é o quintal da sua casa, né?! – Indagou, logo viu a amiga soltar um suspiro.
– É sim... Meu pai é meio exagerado. – Respondeu.
Passado mais alguns segundos logo o loiro pôde ver uma enorme mansão, diferente do que havia imaginado ela era completamente em estilo ocidental. Bem em frente à construção, numa posição centralizada, havia uma bela fonte de mármore branco por onde vertia água.
Assim que saíram do veículo, seguiram um caminho da entrada principal até a sala de visitas acompanhados por um mordomo de terno preto, no caminho, Naruto notou que as empregadas mantinham um estilo japonês e usavam yokata, mas os mordomos usavam terno. Diferente do lado fora que era completamente ocidental, o lado de dentro era uma mistura maluca de japonês e inglês, além de outras coisas que não fazia ideia de qual cultura era.
Não esperaram muito, logo a madeira da porta de correr fez um barulho de baque. Um homem alto com um semblante sério vestindo um yokata branco entrou na sala. Tinha uma estranha aura intimidadora em sua volta.
Ao seu lado, uma garota o acompanhava, mais baixa que Hinata, também trajando um yokata branco.
– Olá pai. – Hinata disse reverenciando em dogeza.
Naruto engoliu em seco.
[ . . . ]
Apertou os punhos por cima dos joelhos que já começavam a arder pela posição rígida. Se encaravam à algum tempo com um silêncio incomôdo que pairava no ar.
O homem a sua frente o olhava de forma ameaçadora, quase como se quisesse devorar sua alma.
– É ele Hinata? – Questionou para a garota.
– S-sim! – Falou com uma expressão séria. – Por isso, cancele o noivado! O senhor disse que o faria se eu tivesse alguém especial para mim!
– Eu nunca disse que cancelaria nada. – Respondeu rígido. Hinata estreitou os olhos. – Entenda que nós precisamos de alguém para assumir tudo da linhagem Hyuuga.
– Eu mesma posso fazer isso! – Aumentou o tom de voz irritada.
– Coloque-se em seu lugar! – O homem gritou de volta. – Você não serve para ser chefe de nada, é apenas uma mulher fraca! – Apertou a têmporas. – Sendo ele um Uzumaki, poderá beneficiar-nos...
– É... Com todo o respeito! – Naruto interrompeu, apesar de estar tentando controlar a língua. – Tio, estamos no século 21, Hinata tem todo o direito de escolher quando irá se casar!
– Você não tem o direito de dizer isso, eu faço as escolhas como chefe da família. – Rebateu o pai.
– Sinceramente, isso não passa de uma filha da pu... – Hinata tapou a boca do loiro impedindo-o de terminar a frase.
– Escute pai, eu te respeito, sou grata por ter me criado como sua filha. Mas me recuso a fazer isso, eu decido quando, como e com quem irei me casar no futuro. – Levantou calmamente puxando Naruto pelo pulso. – Eu não voltar até que mude essa sua ideia ridícula! – Falou por fim e se retirou do local levando Naruto junto.
– Me desculpe por isso... – Falou assim que conseguiram sair do quintal da mansão Hyuuga. – Eu te arrastei para algo que tinha nada ver com você, e nem ao menos adiantou de algo. – Puxou a presilha que prendia o coque deixando o longo cabelo espalhar-se pelas costas.
– Não foi sua culpa, seu pai é muito cabeça dura! – O loiro disse tentando acalmar a garota. – Vamos, vou pagar algo para comer, você deve estar com fome.
Hinata meneou com a cabeça em positivo.
– Tenho certeza isso vai ser resolvido, por isso não se preocupe. – Naruto segurou a mão de Hinata por puro impulso de superproteção, nem ao menos havia percebido, apenas se deu conta quando pararam num quiosque para comer alguma coisa.
– Existe algo que eu possa fazer pra recompensar esse fiasco e agradecer à sua ajuda? – Questionou a garota colocando os hashis sobre o pote de porcelana ao terminar de comer.
– Hum... – Naruto parou pensativo. – Na verdade sim... – Respondeu menos empolgado do que deveria estar.

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