CAPITULO 11

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A sensação de que a minha vida estava virando de pernas pro ar não passou quando acordei no dia seguinte.

Minha mãe não foi trabalhar na trabalhar naquela manhã. Ela acordou cedo e limpou o nosso quarto, com muito jeitinho, para não me acordar. Quando despertei, ela estava lavando o banheiro, e depois que terminou, disse que faria o meu café da manhã. Levantei e tomei banho, ainda me sentindo muito mal pelo que tinha acontecido do dia anterior. Tentei não pensar nisso, não queria pensar nisso logo cedo. Queria passar um bom dia, queria ficar acordado no colégio, fazer as lições e ser um bom aluno, para que o diretor não fizesse mais perguntas.

Me troquei rapidamente, e fiquei sentado na cama, encarando a parede. Meu coração estava pesado, e eu não sabia reagir aquela quantidade estúpida de sentimentos. Era a humilhação que eu passei na escola, à tarde maravilhosa que tive na casa do diretor e as acusações que ele fez contra a minha mãe... sem falar do que acontece com Rayn. Balancei a cabeça e tentei esquecer. Já tinha passado por coisas piores, não deixaria que aquilo me afetasse. Minha ideia era que ao menos no sábado, mamãe e eu passaríamos o dia todo juntos. Era o que estava me movendo para chegar ao fim do dia.

A verdade é que eu não queria ir para a escola, mas se eu faltasse o diretor continuaria pressionando minha mãe. Era complicado continuar com aquilo. Meu coração estava despedaçado por dentro, mas ainda tentava bater. Peguei a minha mochila e sai do quarto. Ouvia Patrick esbravejando, e a exaustão emocional já estava no auge, não eram nem sete horas da manhã. "Nicollas não entendeu, acho que ele não sabe o quanto estamos fodidos agora..." lembrei do que minha mãe havia dito a Jonas. Nós só tínhamos um ao outro. Neguei com a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos, tinha que me focar em ficar o da inteiro firme, blindado contra esse tipo de emoções. Desci as escadas e não vi Patrick no sofá como de costume. Entrei na cozinha e o vi bebendo olhando para a janela. Mamãe estava de costas para mim, ela se assustou e secou o rosto rapidamente. Em cima da mesa tinha alguns papéis que ela rapidamente recolheu e colocou na bolsa.

— O que aconteceu? — Falei olhando para seus olhos vermelhos.

Ajoelhei em seus pés esperando uma resposta, as lágrimas voltaram a cair sobre seu rosto, eu passei a mão sobre a sua face procurando algum hematoma, porém não tinha mais nenhum. Ela tentou sorrir, e enxugou violentamente as suas lágrimas, deixando meu coração apertado.

— Está tudo bem, só estou cansada — ela disse tentando mostrar que estava tranquila.

— O que houve? Foi ele? O que ele fez? — Perguntei desesperado.

— Olha aqui seu delinquente — disse Patrick um pouco alterado caminhando em direção a geladeira — Eu não relei um dedo nela... sua querida mãe perdeu o emprego — disse irônico abrindo a sua cereja. — A assistência social vai adorar isso — ele comentou rindo.

Senti vontade de fazer aquele homem escroto comer a droga daquela garrafa. Claro que eu não acreditei no que ele tinha falado, além de estúpido Patrick era um grande mentiroso, revirei os olhos e voltei a dar atenção a minha mãe que ainda chorava. Levantei e peguei um copo de água para ele poder se acalmar um pouco, ela negou, ofereci mais uma vez e então ela aceitou, suas mãos estavam tão tremulas que pensei que ela pudesse ter um troço bem na minha frente. Odiava quando minha mãe ficava daquela forma, me sentia impotente, não sabia como podia ajudar o que me deixava ainda mais agoniado. Patrick nos observava, acho que ele estava gostando de ver mamãe triste daquela forma.

— Ele tem razão, me ligaram para dar a notícia — ela comentou com a voz pesada, visivelmente segurando choro.

— Vocês são uma piada sabia? — Patrick disse saindo da cozinha — Você deveria ter vendido esse garoto, teria menos problemas hoje — ele completou nos deixando sozinho.

A PRIMAVERA QUE MUDOU AS NOSSAS VIDAS (Romance gay) (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora