CAPITULO 25

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Quando acordei no dia seguinte, Rayn não estava mais lá.

Demorei para pegar no sono, aproveitei dos os segundos de sua presença, mas meu corpo não aguentou ficar tanto tempo acordado, o remédio ainda corria em minhas veias, o sono foi inevitável. Rayn provavelmente saiu pela janela, da mesma forma como entrou. Deitado na cama ainda conseguia sentir seu cheiro em meu lençol, seu cheiro em mim, as lembranças da gente sonhando um futuro só nosso. Mesmo que eu sentisse a dor consumindo minhas entranhas, lembrar de Rayn era o nosso analgésico.

Mas a dor estava lá.

Foi inclusive foi a dor que me fez despertar. Era no abdômen, um pouco acima das costelas, uma espécie de pressão que gerava um desconforto para respirar. Não era um dor insuportável, mas incomodava de certo modo. Ao menos iria ao médico para diminuir a cobrança de minha mãe, e aliviar seu estresse. Mas hoje dor alguma iria me abater, tinha planos claros do que fazer pelo dia inteiro e ver Rayn mais tarde era o plano principal, então ficar deitado na cama me lamentado e sofrendo pelo que aconteceu ontem não era uma opção.

Eu queria Rayn e o futuro que ele tinha desenhado para nós. E se ele estivesse falando sério? Minha mãe ficaria bem aqui nos Estados Único com Jonas, vivendo o que ela sempre sonhou, um homem bom, católico e honesto, enquanto eu poderia encontrar outras oportunidades ao lado de Rayn, vivendo uma vida nossa, sem medo, sem nos esconder. Isso era uma possibilidade da qual poderia se tornar real. Nunca tinha sonhado tão alto, e agora conseguia pensar em outras possibilidades além da asa de Dona Rose.

Nicollas [10h12pm]. E se o nosso apartamento tivesse uma varanda?

Antes de descer as escadas me sentei no primeiro degrau, o cansaço e a falta de ar estavam presentes pelo pouco de esforço que fiz. Encostado com a cabeça no corrimão escutei uma conversa emocionada entre minha mãe e Jonas. A porta do quarto deles \z fechada, fiquei com medo de ser uma briga, mas prestando atenção, reparei que só a minha mãe falava, levantei devagar e fui até a porta do quarto, sem temer as consequências de ser pego ali. Coloquei o ouvido próximo a porta, e me concentrei em entender o que eles falavam.

— Não sei Jonas, eu não consigo confiar nele, se pudesse minha vida teria sido outra — Desabafou num tom chateado.

— Rose, de qualquer forma ele é o pai dele... Nicollas quem deve decidir dar uma chance ou não a ele — Jonas falou num tom muito mais apaziguador.

— E se ele estragar tudo? Fazer meu filho se apegar e depois desaparecer como sempre faz quando as coisas ficam difíceis? — Minha mãe deu uma risada amargurada — Eu acreditei em muitas promessas dele, Jonas... ele nunca cumpriu nenhuma — completou.

Me afastei da porta embriagado com as informações que escutei. Estava claro que os dois falavam de meu pai, logo poderia considerar que ele... tinha voltado! Não me senti nem no direito de ficar feliz com a notícia, antes do sentimento de culpa me dominar por acreditar que aquilo era uma ameaça a minha mãe. Mas e se ele estivesse disposto a ser meu pai? Eu precisava de um pai? Me afastei da porta assim que senti meu celular vibrar, voltei a sentar no primeiro degrau da escada, distante daquela conversa.

Rayn [10h17pm]. Só se tiver flores nela... muitas flores!

(...)

Não consegui convencer minha mãe de me deixar ir a casa de Max para passar a tarde, ainda mais depois de chegar da consulta que ela havia marcado. Dona Rose estava frustrada como nunca, já que o medico desacreditou completamente da sua preocupação. Jonas não estava em casa, tinha ido trabalhar, o que piorava a situação, uma vez que ele era o único que conseguia acalmar minha mãe. Talvez se ele estivesse aqui, poderia ter ido passar a tarde bebendo e rindo no porão rico de Max. Também não consegui convencer meus amigos, afinal ficar na casa de Max sem supervisão nenhuma era bem melhor do que ficar aqui com minha mãe ouvindo a nossa conversa atrás da porta.

A PRIMAVERA QUE MUDOU AS NOSSAS VIDAS (Romance gay) (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora