CAPITULO 27

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O pior aconteceu: Nós dormimos.

Rayn me acordou com um chacoalhão. Acordei com uma puta dor de cabeça, por alguns minutos até te pensei que meu mundo iria desabar se não fosse Rayn me chamando. Ainda estava escuro, muito mais do que estava quando pegamos no sono. Me sentei rapidamente e ele fez sinal para que entrássemos no carro. Assim que as portas se fecharam Rayn deu partida, e saímos dali. Olhei no relógio do painel do carro e me dei conta do que o preocupava tanto. Já passava das três da manhã, e eu aposto que assim como eu, Rayn deveria ter perdido a noção do tempo e estava no mínimo muito encrencado.

Acordei com um tremendo mal estar. Meu estômago parecia estar invertido, bagunçando todos os meus órgãos internos. Apoiei a cabeça no painel do carro e respirei fundo, meus pensamentos giravam com força, se embaralhando, não sabia o que sentir: medo, angustia, felicidade, empolgação. Tudo era uma nuvem densa e escura, que guiava o mal estar que me dominava, como a dor na base dos meus pulmões e no abdômen, deixando-me sem rumo.

— Está passando mal? — Rayn perguntou preocupado.

— Estou animado com a ideia de vomitar no carro do seu irmão — brinquei, mas Rayn não riu.

— Está pálido, com os lábios azulados... como vai subir no telhado assim?

— Rayn, só acordei assustado — Fiz uma pausa para respirar fundo — Não deveria ter pego no sono.

— Nico, como vai subir pelo telhado neste estado?

— Estou bem, Rayn, só precisamos chegar rápido — completei encerrando a conversa.

Rayn mantinha os olhos na estrada, e também estava visivelmente preocupado, e resolvi apenas ficar pensando em meus problemas. Eu estava feliz de ter dado um passo nesse tipo de romance que tenho com Rayn, mas aflito com aquele mal estar que não passava por nada. Peguei meu telefone para conferir quanto tempo levaríamos para chegar até a minha casa, e quase pulei pela janela quando percebi quatro chamadas perdidas de Jonas, não fazia nem meia hora da ultima ligação.

Porra! — sussurrei frustrado.

— O que foi? — Rayn perguntou preocupado.

— Meu padrasto me ligou, estou fodido — praguejei voltando a guardar meu telefone.

— Calma, se quiser posso falar com ele...

— Sem chance, Jonas é esperto demais, ele perceberia o que aconteceu só de nos ver juntos — comentei sentindo um arrepio fantasmagórico percorrer minha espinha.

Ficamos quietos novamente. Eu queria ligar o rádio para preencher aquele silencio, mas de certa forma eu queria muito que Rayn dissesse qualquer coisa romântica ou no mínimo sensata do que fizemos na noite anterior. Só de pensar naquilo eu ficava quente. Definitivamente nós dois tínhamos ultrapassado qualquer barreira do bom senso, ou qualquer limite entre o certe e o errado. Eu já nem conseguia me reconhecer. Domingo teria que sentir na igreja, rodeado por pessoas que não podiam imaginar minimamente o que rolou entre nós dos na caçamba daquele carro. E eu ainda conseguia sentir seu cheiro em mim.

— Nicollas, eu gostei do que fizemos — Rayn comentou me pegando de surpresa, como se pudesse ler meus pensamentos.

— Acho que deveríamos nos controlar... pelo menos estabelecer limites...

— Limites? — Rayn me interrompeu incrédulo — O único limite que eu quero é o fim da sua garganta!

— Rayn! Pelo amor de Deus, não fale assim — adverti, estava mortalmente envergonhado com aquilo.

— Qual é? Vai me dizer que está envergonhado? Cara eu ainda consigo sentir a sua boca no meu...

— Não ouse em dizer essa palavra — O interrompi com a voz mais alta.

A PRIMAVERA QUE MUDOU AS NOSSAS VIDAS (Romance gay) (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora