CAPITULO 19

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Passar a tarde com o diretor foi incrível. Fomos ao cinema, depois ele me levou a um fliperama, comemos em um restaurante temático de dinossauros e até arriscamos jogar bola no parque. Fizemos tantas coisas. Ele era definitivamente muito diferente do cara durão do colégio. Acho que eu tinha me esquecido de como era se divertir, sem ter que pensar em vários problemas que eu tinha em casa ou em como a minha vida era uma droga. Era quase como se eu não tivesse desmaiado no colégio. Quando a tarde foi caindo, e a hora de Jonas chegar estava se aproximando, o Diretor William me deixou em casa, e me deu um longo abraço antes que eu descesse do carro. Eu deixei que minha cabeça repousasse sobre o peito dele por um tempo, era bom sentir esse carinho, era bom ser abraçado por alguém de vez em quando. Me afastei devagar, o diretor estava sorrindo para mim, com aquele sorriso meio bobo, e eu me senti sem graça, podia jurar que minhas bochechas estavam coradas.

— Obrigado por hoje — disse encarando aqueles olhos claros como água e ele concordou.

— Não, obrigado você — o diretor agradeceu colocando a mão no meu ombro.

— Foi muito bom passar o dia com o senhor!

— Nicollas — ele chamou diminuindo a minha euforia com o seu tom sério — Adoraria fazer mais programas como esse com você e eu realmente sinto muito pela sua mãe – ele disse diminuindo o sorriso aos poucos e eu apenas concordei.

— Sei que não parece... que talvez o serviço social tenha dito muitas coisas sobre a minha mãe... sobre nós — fiz uma pausa e vacilei por um instante — Mas mamãe fez tudo que pode para me manter seguro – confessei e o diretor concordou.

— Eu me preocupo com seu bem-estar — O diretor encarou a rua antes de voltar a me encarar — Você é um bom garoto, não merece ter passado pelas coisas que passou — concluiu com um tom embargado.

O momento ficou um pouco pesado. Os olhos do Diretor pareciam estar nadando, por conta das lagrimas que acumulavam em seus olhos. Ele desviou o olhar por um momento e deu uma risada, acho que para aliviar a situação ali entre nós dois.eu gostava dele de certa forma. Eu o achava cativante. Ele era um homem educado, elegante e desde o dia que eu cheguei no colégio ele busca formas para aliviar a minha existência. Gostava dele, e me sentia culpado por conta disso. Culpado por contrariar mamãe, culpado por estar me aproximando cada vez mais dele. O diretor ajeitou a postura, para poder me olhar diretamente nos olhos, o que me deixou um pouco mais desconfortável. E eu acabei abaixando o olhar.

— Vá descansar, te vejo na escola amanhã — O diretor se despediu sem me encarar.

— Muito obrigado por tudo, de verdade — agradeci tocando seu ombro.

Sai do carro e entrei em casa, o diretor esperou que eu entrasse para dar partida e sair. O observei sumir pela janela. Agora teria que lidar com essa nova rotina, meu primeiro impulso foi pensar m minha mãe, provavelmente ela estaria em casa para me receber e perguntar como foi meu dia, mas ela não estava aqui e isso doeu demais, sua falta rasgava meu peito, e a expectativa de nunca mais vê-la me destruía aos poucos. Meu celular vibrou em meu bolso e o peguei instantaneamente.

Logan [18h04pm]. Espero que esteja vivo, não dá mais sinal que está bem!

Emma [18h04pm]. De sinal de vida menino vampiro, sentimos sua falta

Logan [18h05pm]. É sério, sentimos sua falta!!!

Chacoalhei a cabeça e dei uma risada com as mensagens, não nos falamos desde que saímos da casa do diretor no domingo e hoje nem os vi no colégio, responderia meus amigos depois. Joguei minha mochila no sofá, conferi se tinha alguma mensagem, mas Rayn absolutamente não tinha enviado nada. Será que ele sabia que eu passei mal no colégio? Claro que ele sabia, Rayn sempre sabia de tudo! Bom, se ele sabia, porque ele não mandou nenhuma mensagem para saber se eu estava bem? Provavelmente ele ainda estava bravo comigo por conta de hoje? Tinha sido um completo idiota! Passei a tarde com o Diretor, poderia ter passado a tarde com ele, como tinha prometido no sábado, e agora, ele estava com raiva de mim. Me senti mal por pensar assim. Não queria que Rayn estivesse com raiva de mim. Fiquei olhando meu celular, esperando magicamente alguma coisa, algum sinal que provasse que eu estava errado, que Rayn só não teve tempo.

A PRIMAVERA QUE MUDOU AS NOSSAS VIDAS (Romance gay) (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora