CAPITULO 16

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Jonas tinha me levado ao hospital para ver a minha mãe, mas ela estava dormindo, com uma aparência bem abatida. Eu consegui ficar um pouco com ela, segurei a sua mão, acariciei seu rosto e beijei os seus cabelos antes de ir embora. Devo ter chorado pelo menos nove litros de água, mas me sentia um pouco melhor em saber que ela estava bem, viva e que tudo tinha passado. Depois no caminho de Volta Jonas me contou todo o plano de mamãe. Ela iria se divorciar de Patrick, estava ensaiando isso a semanas. Tudo começou com minha mãe tirando aos poucos nossas coisas de casa, depois disso encontrando um lugar para ficar. Mamãe estava desesperada demais, ao ponto de querer tirar a própria vida, por isso decidiu pelo divórcio. Jonas me disse que eu poderia ficar com ele, recentemente havia trocado de casa para um lugar maior onde caberia nós três. Ele estava sendo muito carinhoso, e o suporte que eu precisava. Passamos numa loja, onde Jonas comprou centenas de roupas para mim, ele disse que não sabia o que Patrick fez com as malas, mas a polícia não as encontrou. Falei em dar a ele o envelope de dinheiro assim eu Max me entregasse, mas Jonas negou, dizendo que não precisava do meu dinheiro, que era um presente que ele estava me dando.

Num momento de fragilidade e desespero contei tudo a Jonas. Contei a ele sobre a festa. Não poupei detalhes, aos prantos contei tudo, inclusive que o diretor havia ido me buscar na delegacia. Contei sobre a briga, sobre as drogas e o álcool, era quase como uma confissão. Eu chorava descontroladamente, mas depois que ele suspirou e sorriu, querendo me confortar, era como se uma tonelada saísse das minhas costas, e me deixasse respirar novamente. Jonas não me julgou, ele ouviu tudo em silencio, e quando eu terminei, ele apenas deu alguns tapinhas na minha coxa e disse que tudo tinha acabado, finalmente Patrick estava morto e longe de nós. E por mais que fosse errado, eu estava feliz em saber que Patrick estava no inferno, que era o seu lugar.

Jonas estacionou na frente de uma casa vermelha e branca, num bairro com muitas outras parecidas. Ele entrou na garagem e desligou o carro. O ajudei com as compras e entrei. A casa era linda e espetacular, por dentro mais parecia uma casinha de bonecas, as paredes também eram azuis, a sala impecável com sofás de couro preto e uma cozinha pequena, porém extremamente bem organizada, a sala de jantar com uma mesa pequena de carvalho envelhecido, tudo muito bem arrumado e decorado, era uma vida que eu nunca tinha visto. A televisão era grande, e eu pensei em quantas horas eu poderia ficar assistindo TV. Na minha casa a sala era de propriedade de Patrick, eu nunca sentava para assistir qualquer coisa, logo que o sofá tinha um cheiro forte de sujeira e bebidas.

— Vem, eu vou mostrar os quartos — disse Jonas apontando para as escadas.

Deixamos as coisas na sala e subimos as escadas. Ele foi na frente, e eu logo atrás, pensei na minha mãe e em como ela ficaria feliz em estar aqui comigo, acho que ela dormiria no mesmo quarto que eu então não me preocupei muito em subir sozinho, o meu entusiasmo conseguia ser bem maior que a minha timidez ou vergonha. O corredor de cima não era muito longo, tinha quatro portas e eu presumi que a última seria a minha acomodação. Jonas apontou para a porta do banheiro e disse algo que eu não consegui muito bem diferenciar, de tão nervoso que eu estava para ver o meu quarto. Sabia que seria temporário, mas mesmo assim estava feliz.

Como havia previsto era exatamente a última porta, eu fiquei na frente dela enquanto ele esperava ansioso para que eu abrisse, só que não me sentia confortável para tanta intimidade. Depois de um longo tempo olhando a maçaneta eu a girei, ficando boquiaberto com a imagem do quarto.

Era perfeito.

As paredes eram em um verde escuro, não era muito grande, o que me preocupou logo que não sabia como colocaria a minha mãe naquele quarto. A cama ficava no centro e no lado esquerdo ficava uma escrivaninha, acima a janela aberta deixando a claridade entrar, o guarda roupa ficava no outro lado, e uma porta do que eu presumi ser um banheiro estava fechada. Meus olhos começaram a lacrimejar, e eu olhei para o chão para que Jonas não percebesse a minha emoção, eu sentia uma vontade louca de abraça-lo e agradecer por tudo que ele estava fazendo por nós.

A PRIMAVERA QUE MUDOU AS NOSSAS VIDAS (Romance gay) (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora