18 - Angelina

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Continuei presa sobre seu olhar por um momento, sem fazer questão de quebrar nosso pequeno e simples contato. Por fim, ele colocou minha mecha de cabelo atrás da orelha, e com as costas de seus dedos, acareciou-me sobre minha mandíbula, quase me fazendo fechar os olhos.

De repente eu pude assimilar aquilo. Suas palavras. Sua confissão. Esse olhar. Tudo isso.

Parei. Não existia mais burburinho de vozes, nem o som de nossas respirações. Não havia mais pensamentos tumultuosos, incompatibilidade, raiva ou destinos traçados... existia apenas, eu congelada, encarando esse verde fulminante, despertador e extremamente erótico.

Por alguns segundos permanecemos assim: calados, estáticos, ambos tentando assimilar as palavras que ele acabara de dizer. Mas ao que parece ele conseguiu fazer isso mais rápido do que eu.

-- Eu juro que tentei não amar você. --- ele continuou, em uma voz tão baixa, como se devesse uma explicação. -- Tentei me afastar, manter distância... mas já era tarde demais.

Eu podia ouvir meu coração pulsar com tanta força em meu peito.

Eu não tinha uma resposta para aquilo. Poderia ser algo tão vago como "Eu também te amo, Cole" ou um simples "Eu também", mas não quer sair, não tinha o porquê de sair.

Respirei devagar, sem saber ao certo o que reagi ou dizer. Eu queria encontrar um pensamento a que me apoiar, mas a única coisa que eu conseguia fazer era sentir. E eu sentia como se fosse explodir. Bem alí, sobre seus olhos.

-- Lili... --- sua mão tocou a minha, levando-a até seus lábios, deixando sua saliva com álcool sobre minha pele. -- Me prometa algo?

O que me restou foi assenti, com um aceno leve de cabeça.

-- Não me ame.

Arqueei minha sobrancelha em indagação. Deixando escapar um riso pelo nariz.

De alguma maneira aquilo me indignou. Como ele me pede algo assim?

-- Eu não sou digno de tê-la por completo. Você não merece me amar, Lili. Você não pode me amar. É errado, e confuso, muito confuso.

Eu não entendo. O cara me leva ao céu e ao inferno com seu sexo irresistível, me pede em casamento mais de duas vezes, diz que me ama e quer que eu não o ame?

Mas de um certo ponto bem percetível por nós, ele está correto. É errado, extremamente errado eu sentir algo por ele, mas é inevitavelmente difícil não amá-lo, não querer ele só para mim.

-- Você está agindo como um louco.

-- Louco?

-- Sim! --- gritei. -- Me pede para casar contigo e me proíbi de amá-lo?

Cole passou suas mãos sobre seus cabelos e suspirou.

Como você irá casar com alguém que não quer que tenha sentimentos? Ele tem um coração de metal? Pois é impossível, ou você ama uma pessoa, ou você odeia, não tem meio termo no casamento.

-- Coração... não, não. Não é assim... merda!

Ele estava se embolando em suas próprias palavras, talvez seja a bebuda em seu sangue, o que me faz pensar que é falta de tempo discutir com um bêbado.

-- Apenas eu posso te amar. Não está de bom grado? Eu te amo e nada mais importa. Apenas eu. Eu e mais ninguém.

Senti minha bochecha molhar por uma lágrima idiota que fugiu, mas essa foi a única. A única que desceu sorrateiramente até minha coxa direita.

A PRISIONEIRA - sprousehartOnde histórias criam vida. Descubra agora