Capítulo 13-Faça os coisas com o coração e viva sempre de corpo e alma!

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BEATRIZ 

A manhã em Montes Claros amanheceu nublada. Uma garoa fina caia do céu e o vento estava enfurecido. Quando Lucas estacionou em frente a minha casa, ele desceu do carro e se despediu de Lara. Me deu um beijo rápido e quase áspero na têmporas e então deu um tapinha no meu traseiro e me disse que me ligaria mais tarde. Assim que vi seu carro se afastar através da janela, caí na minha cama, meu coração ainda batendo muito rápido... como tinha estado desde que acordei nesta manhã. Eu me sentia sendo corroída por dentro. Um conjunto de sentimentos me fazendo acuada.

Lucas era um homem incrível. E até mesmo os seus defeitos me encantavam. Porque ele era apenas... real. Ele não tentava, nem que precisasse. Ele mostrava o seu interesse de seu próprio jeito. E quando ele falou que me queria como namorada, e futuramente esposa, foi refrescante. Era bom saber exatamente o que estava em sua mente.

Mesmo se o que estava em sua mente me assustava pra caralho.

A coisa era, eu tinha tido uma vida segura o suficiente para saber que quando as coisas fazem você fazer xixi-nas-calças de medo,
elas geralmente acabam por ser as melhores experiências. E eu tinha
uma vaga suspeita que dar uma chance a Lucas, seria um inferno de uma história. Inferno, mesmo se isso colidisse contra mim e me queimasse.

Mesmo se isso terminasse em cinzas.

Será que eu teria coragem de largar tudo e ir com ele? Ou seria egoísta o suficiente para pedir para ele vim para o Brasil? Era óbvio que Lucas tinha muito mais a perder vindo para cá do que eu indo para lá.

Mas quem perderia mais se nosso relacionamento não desse certo?

Essa era a questão do dia. E cada vez que eu pensava que estava mais perto de descobrir o que fazer, mais evidências contraditórias vinham à tona. Os sentimentos formavam um bolo em minha garganta. Eu sentia minha cabeça girar.

— Bia? — Uma voz familiar sussurrou da porta. Em seguida, três batidas duras acertaram a madeira.

Era Emilly.

De início fiquei em silêncio. Eu não queria encarar ninguém, nem queria contar o que estava me perturbando e ter que fingir que estava bem e que ia dar conta.

Eu estava realmente estilhaçada.

— Bia, sou eu. — Ela insistiu

E foi automático. Meus pés se moveram por conta própria e minhas mãos abriram a porta devagar. Do outro lado, estava a minha melhor amiga. Ela estava usando uma das suas camisolas compridas. Cabelo despenteado, rosto inocente e sorridente, mas sua alegria morre ao olhar no fundo dos meus olhos.

— Você está bem?

Mordo o lábio para não romper em lágrimas e balanço a cabeça negando. Então ela entra, segurando o seu próprio corpo em uma espécie de abraço, e sei que ela só fica assim quando está com medo.

— Eu preciso muito de um conselho seu.— Digo em voz embargada.
— Eu estou aqui. — Ela diz, olhando para mim, de certa forma, esperando o que está por vir.
— Eu e Lucas acabamos nos envolvendo, e ele disse que me quer ao seu lado todos os dias. —Começo num murmúrio, encarando o tapete, organizando as palavras — Eu sei que foi rápido. Muito rápido, mas...
— Mas você sempre esteve apaixonada por ele. — Ela concluiu.

Levanto o rosto e a encaro. Emilly, inesperadamente, tem os olhos compreensivos de quem já sabe
a resposta. Não adianta negar.

— O Lucas foi o cara que me mostrou o que é ser magoada por alguém. Mas mesmo assim não houve uma única noite em que eu tenha ido dormir sem a sua imagem miserável passar pela minha cabeça. — Admito sem vitória.

Uma Nova Chance ( Spin-off)Onde histórias criam vida. Descubra agora