Tudo vai ficar bem

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Kara ON

    Sabe quando você sente que algo ruim está prestes a acontecer? 

Era isso que eu estava sentindo nesse momento enquanto Lena estava me ajudando a chegar em seu carro.

Kara: Nós podemos passar na minha casa? Se você não se importar é claro.- Falei com uma certa angústia na voz.

Lena: Porque está falando com essa voz?- Pergunta me ajudando a sentar no banco do passageiro.

Kara: Eu não sei. É que eu tô sentindo que algo de muito ruim vai acontecer. É como um aperto no peito.- Ela liga o carro e dá partida. 

Lena: Fale o endereço.- Fala tirando o carro  da garagem.

Kara: Rua Medeiros, casa 52.

Lena: Quando você ia me contar que você e minha vizinha?- Faço uma cara de indignação.

Kara: Quando eu soubesse. Você não é minha vizinha, pelo que eu saiba eu nunca te vi perto de casa.- Falo surpresa.

Lena: Eu sou sua vizinha de frente, praticamente de porta.

Kara: Eu não sou muito de sair de casa, só para a escola. Nunca percebi.- Ela para o carro na porta da minha casa.

Lena: Chegamos.- Sai do carro e abre a porta para mim.- Aquela é minha casa.- Ela aponta para uma casa bem grande na frente da minha. Como e que eu fui cega de não ver uma casa desse tamanho de frente para minha casa?- Agora vamos.- Me ajuda a sair do carro.

Kara: Porque você não é assim na escola?- Pergunto meio irónica.

Lena: Porque não sou obrigada.- Dá um sorriso de canto de rosto. Eu já falei que eu babo nessa mulher? 
Ela me acompanhou até a porta. Quando entrei, a sala de minha casa estava uma zona, fiquei com um pouco de vergonha mais aparentemente ela não se importou.

Lena: Sua casa é muito bonita.- Disse pegando um porta retrato que estava sobre a bancada.

Kara: Minha mãe e meu pai que decoraram, eu e Alex ajudamos em algumas coisas. Na época em que ele ainda era vivo.- Falo pausadamente.- Vou lá em cima falar com a minha mãe e ver se ela está bem. Você espera aqui em baixo?

Lena: Claro.- Responde meio entusiasmada?!?

    Subi degrau por degrau e aquela sensação de angústia só ia aumentando. Quando cheguei no final do corredor, a porta do quarto estava entre aberta. O silêncio era o que mais me assustava, não havia um único som, um único movimento e muito menos um único sinal da minha mãe. 

No começo fiquei feliz, finalmente ela havia saído do quarto. Mas logo percebi que suas roupas também não estavam. Suas gavetas estavam jogadas no chão sem nada. O porta jóias onde ela guardava suas economias estava aberto mas não havia nada dentro. Sobre a cama havia um papel dobrado com o meu nome escrito. Lágrimas desciam pelo meu rosto sem eu nem me dar conta, e o pior passou pela minha cabeça. 

Logo peguei a carta já sabendo o possível assunto que ela se tratava.

Kara

Sei que depois da morte de seu pai eu fui e ainda sou ausente. Eu tive que ir. Ver você sofrer e chorar em seu quarto a cada noite era agoniante. Ver você acordando sem motivação e sem aquele brilho no olhar de antes me doía. Prefiro te deixar do que te ver sofrer por mim. Sei que você ira ficar bem, já tem dezoito anos e merece viver sem ter uma doente que não serve nem para ficar de pé novamente. Eu preciso de um tempo, na verdade não sei quanto tempo. Talvez uma semana, um mês ou até mesmo um ano. Ou talvez nunca mais volte.

Saiba que eu realmente te amo, Mamãe.

Ela se foi. 

Ela foi embora e me deixou para trás. 

As lágrimas caiam cada vez mais grossas em meus olhos marejados pelo choro. Eu imediatamente sai do quarto e fui para a sala. Lena estava lá sentada no braço do sofá me esperando provavelmente. Faltavam uns seis degraus para eu chegar a ela.

Lena: Ei falou com ela? Já podemos ir?- Ela se virou e sua expressão de tédio passou para expressão de preocupação.- Aconteceu alguma coisa com sua mãe?

Kara: Eu...eu...ela foi embora. Ela...- Ela veio até mim me segurando pelo braço.- Eu não tô muito bem, minha cabeça tá doendo muito.- Minhas pernas pareciam ter perdido a força e ela me ajudou a descer. Mas antes de chegar ao sofá, eu perdi totalmente o equilíbrio que me restava e fui ao chão em lágrimas.

Lena: Ei levanta Kara.- Ela fala calmamente, mas minhas pernas não obedeciam o comando do meu cérebro.- Vai ficar tudo bem, eu to aqui.- E pela primeira vez eu não vi ela como a menina que fazia da minha vida um inferno, ou aquela menina que só me fazia sofrer. 

Eu vi ela como uma amiga, e aquele abraço aqueceu o meu corpo, e foi ali no meio do chão da minha sala onde tivemos o nosso primeiro contato de pessoas que não se odeiam, foi o nosso primeiro contato de amor.

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Parece que alguém ama a Kara não é meismo? E parece que alguém ama a Lena.

E ai o que acham que aconteceu com a mãe da Kara. Só nos próximos caps que vão saber.

Beijos, e até o próximo cap.

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