DISPONÍVEL APENAS 8 CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO.
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Ulisses está assistindo a uma partida de futebol quando chego em casa e tomo o controle de sua mão, desligando o aparelho. Normalmente, ele puxaria meus cabelos por fazer isso, mas quando estamos há mais de uma semana sem nos falar, ele me olha atento e ansioso por minhas palavras.
— Consegui um bico. É apenas por uma noite, mas pagam muito bem.
Ele assente, seus olhos castanhos ainda perscrutando os meus, esperando ansioso o que mais tenho a dizer.
— Você também vai trabalhar lá, como garçom, em uma festa.
Ele assente e nada diz, e finalmente faço a pergunta que martelou em minha mente na última semana.
— Por que, Uli?
Ele parece aliviado, também esperava por essa pergunta há uma semana.
— Porque eu devia o valor exato que roubei a um cara perigoso. Os dois que estavam comigo são da turma dele. Estavam lá para pegar o dinheiro, eu não tive outra saída.
— Por que você devia um valor tão alto a alguém assim?
— Porque não fui capaz de cumprir sua condição para fazer parte da sua turma. São as regras, se você falha, você paga.
— Espera! Está me dizendo que assaltou a loja onde trabalho e me fez ser demitida depois de anos com uma mão na frente e outra atrás, para fazer parte de uma gangue? Você é o que agora, a porra de um delinquente? A confeitaria foi apenas seu primeiro roubo nada brilhante?
— Não seja tonta, irmã. Com a sorte que temos acha mesmo que eu teria coragem de assaltar qualquer coisa? Não viu o que aconteceu quando tentei? Eu só queria salvar minha reputação com esses caras.
Dou um passo para trás cada vez mais confusa e ferida. Quando foi que meu irmão parou de usar o cérebro e sua personalidade desse jeito?
— Não para o que você está pensando. Não quero fazer parte dessa gangue mais, foi uma escolha infeliz. Mas eu tentei, e se não cumprisse o que pediram nem desse o dinheiro, seria o alvo deles. E não sei o que seriam capazes de fazer. Principalmente com você e as gêmeas, eu apenas não quis arriscar.
Sento ao seu lado cansada demais de me decepcionar.
— Não te ocorreu me contar a verdade e pedir o dinheiro?
Ele se levanta rindo e aponta um dedo em minha cara ao defender-se.
— Você? Justo você? A pessoa mais nervosa e esquentada que eu conheço? Você teria pulado nos pescoços daqueles caras e teria levado uma surra. Ou chamaria a polícia e faria um barraco e colocaria a todos nós na mira do chefe deles. Você não é uma pessoa sensata e controlada a quem se pode confiar uma informação dessas.
Levanto-me ferida por suas acusações maldosas e desnecessárias.
— Pois o que eu tenho de esquentada você tem de idiota, maninho! Entrar para uma gangue? Você receberia o troféu de burrice da família com honras.
Ele me avalia e dá um passo em minha direção, quando fala, sua voz é baixa e sentida:
— Você não me deu parabéns no meu aniversário.
— Você não merecia parabéns pela sua existência nesse dia.
Ele avalia as sacolas que deixei no chão da sala e um pequeno sorriso brota em seu rosto.
— Mas mesmo assim vai me fazer um bolo agora, não é? Vem aqui, me dê um abraço de parabéns.
— Não mesmo. E o bolo não é por você. Só sinto falta de fazê-los.
— É para mim sim, vem aqui, me dá um abraço.
Tento correr, mas apesar da pouca idade, meu irmão é maior do que eu e me prende com facilidade em seu abraço, que tanto me fez falta.
— Me perdoa, Ayla. Eu juro que nunca mais farei algo assim. Sinto muito mesmo o quanto a feri.
— Você vai ter que me adular muito pra eu te perdoar.
— Eu vou. Prometo que seu querido Tim vai ficar orgulhoso de mim na terça.
E pronto, falar dele já traz de volta o sorriso bobo ao meu rosto e as batidas frenéticas ao meu coração. E cantarolando como uma tonta apaixonada, vou para a cozinha preparar o bolo de aniversário do meu irmão.
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DEGUSTAÇÃO - Uma mentirinha de nada
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