3 - parte 03

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DISPONÍVEL APENAS 8 CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO.

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Chegamos em casa mortos, e Sabrina fica para dormir conosco. Jogamos os colchões na sala, pois não caberia mais um em meu quarto, que é dividido com minhas pequenas pestinhas. E ficamos vendo televisão sem realmente ver o que está passando na tela.

— Ele viu tudo, e nem foi falar com você — acusa Sabrina sobre Tim.

— Ainda bem que não foi, onde eu poderia enfiar minha cara então? Quase matei o irmão dele.

— Não seja exagerada — Ulisses diz do sofá onde tenta assistir ao filme enquanto tagarelamos. — Ele não foi até você porque não teve tempo, você capotou antes. Sorte sua que o irmão dele a pegou na hora.

Sabrina se senta de repente e apesar da pouca luz vejo o brilho em seus olhos.

— O que é aquele irmão dele?

— O que tem ele?

Ela me olha como se eu fosse louca.

— Garota! O cara é lindo! Parece esses atores de novela! Imenso, forte, educado.

— Não reparei. Bem, eu reparei, mas acho que estava em pânico demais, não me lembro nada dele. Só que tem olhos negros.

Ela deita de novo ao meu lado enquanto se abana com as mãos.

— Se você acha o Tim bonito, espere até prestar atenção ao irmão dele. Coloca o Tim no bolso. O homem é realmente maravilhoso. Sem falar que qualquer outro a teria expulsado dali, e ele foi quem a amparou.

— Acho que eu caí em cima dele. O que ele poderia fazer? Me deixar rolar escada abaixo?

— Deveria, já que você o fez rolar escada abaixo — diz Ulisses divertido.

— Você nunca vai me deixar esquecer isso, não é? — resmungo.

Se ele fosse tão bonito eu me lembraria, porque o Tim não consegui esquecer nem por um segundo quando o conheci. Tim. Justo quando estávamos avançando em nosso não relacionamento.

— Por que vida, por quê? — resmungo em voz alta.

— Ela vai começar com as lamentações — avisa Ulisses aumentando o volume da televisão enquanto falo chorosa com o universo.


Quando o filme acaba, terminam também minhas lamentações, Sabrina cochila ao meu lado, respondendo vez ou outra com sua voz arrastada de sono e Ulisses ronca no sofá. Ele sequer tirou a roupa com que foi para a festa antes de dormir, nem mesmo o tênis. Decido não acordá-lo e mandá-lo para a cama, sei que não é acostumado a trabalhar e deve estar mesmo desmaiado. Aproximo-me devagar e tiro seu tênis para que se sinta mais confortável e um barulho de algo caindo no chão assim que puxo seu tênis no ar, chama minha atenção. Pego o celular para iluminar o que pode ter sido, e encontro algo com um brilho singular.

Um prendedor de gravata imitando ouro. Acho estranho, porque meu irmão nunca teve uma gravata, e ao pegá-lo, seu peso chama minha atenção. Ao reconhecer a marca de uma famosa e caríssima joalheria do lado de dentro do pequeno prendedor, minha pressão cai.

Acendo a luz desesperada e o prendedor parece realmente de ouro, realmente de uma joalheria cara. Tem um pingente pendurado em forma de espada, com uma reluzente pedra verde em seu cabo.

— Não — murmuro sentindo meus olhos encherem.

Aproximo-me de novo de Ulisses, que resmunga pela luz acesa em sua cara e Sabrina também acorda. Tento me controlar ao exibir o prendedor na mão, mas não consigo e o que sai da minha boca é um grito.

DEGUSTAÇÃO - Uma mentirinha de nadaOnde histórias criam vida. Descubra agora