O silêncio de um adolescente

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Jimin Pov 

Entre quatro paredes, me sentia em uma prisão. Não sabia o que acontecia ao meu redor, as pessoas pra mim só eram apenas criaturas ruins e egoístas. O mundo pra mim era desconhecido, odeio esse lugar. Queria morrer, queria fugir. Infelizmente não tem com sair dessa realidade tão cruel. 

Vivia em casa como um prisioneiro, só morava minha mãe, minha avó e eu. Meus tios e meu primo moravam na casa ao lado, mas a maioria do tempo minha tia sempre vinha ficar aqui em casa para ficar conversando com a minha mãe e minha avó. Poderia ser um bela família, mas não é assim. 

Sempre ouvia palavras afiadas da minha avó e minha mãe concordava com ela, não me defendia, nem demonstrava afeto. Não só ela, mas a família inteira. Todos eram desunidos, desde pequeno vejo minha mãe brigar com minha avó várias vezes. Já ouvi coisas horrorosas. 

Nunca tive amigos, nem falei com ninguém. Pra mim isso era perca de tempo, pra que eu iria me apegar a uma pessoa que depois vai me abandonar e fingir que nunca existi? Eu gosto de ficar sozinho, só que às vezes eu queria sair de casa pelo menos uma vez para saber como era o mundo lá fora. 

Nunca fui ao cinema, nem a um parque. Também nem sei como agir com as pessoas, eu vivia como um animal. Todos os dias eu só comia sopa. Sempre perguntei a minha mãe o porquê de eu não poder sair para viver como um adolescente comum, a resposta é a mesma: Quero te proteger. 

Eu estava cansado disso, estava cansado de debater com minha mãe. Por isso só prefiro ficar em silêncio, minhas palavras não são valorizadas. 

— Jimin, você vive nesse quarto o dia todo. Saia já daí — Minha mãe bateu na porta algumas vezes, soltei um suspiro longo deixando o meu caderno de anotações de lado, para abrir a porta. — Finalmente, você se faz de surdo garoto? Responde. 

— Eu não tenho escolha. — murmurei 

— Já está na hora do almoço — foi andando na frente, acompanhei a mais velha até a cozinha me sentei na mesa de frente para a minha avó que comia em silêncio. Minha mãe colocou um prato de sopa e um copo de suco de laranja. Como sempre a mesma coisa. de manhã, de tarde e de noite. 

— Como foi a escola Chimchim? — minha avó perguntou

— Normal! — bebi o suco 

— Não fez amizade com ninguém? Certeza que você tem medo de falar com as pessoas. Elas não são monstros, deveria falar mais. Não sei porquê ninguém quer ser seu amigo. Não é possível que não tenha nenhum coleguinha pra conversar. — Vovó fez careta — Eu na sua idade tinha vários amigos para conversar.

—  Mas eu não sou você — rebati 

— Não estou pedindo para ser eu, mas você deveria se socializar. Os outros adolescentes são tão vivos, e você é assim. Só tem o que não presta aqui nessa família. Coisa ruim só tem aqui. — lamentou, olhei pra minha mãe esperando que ela fale algo para me defender, mas ela não fez nada. Ouvi isso me magoou muito, como sempre. Pena que meu irmão mais velho não morava aqui para me defender, não iria fazer diferença mesmo. Ele não se importa comigo. 

— Sua avó tem razão, vejo um monte de garotos da sua escola andando em grupinho. Ninguém está sozinho. Acho que você bem fica parado na sala de aula todo desconfiado parecendo um animal selvagem. — Segurei minhas lágrimas saindo da mesa indo para o meu quarto, minha mãe me chama algumas vezes, porém não dei ouvidos. Elas só me julgavam, odiava isso. Odeio essas comparações desnecessárias. Odiava chorar por causa dessas palavras, elas me machucavam tanto que tirava sangue dos meus pulsos e existia marcas vermelhas no meu pescoço por causa da pressão das minhas mãos. Eu estava cansado, o cansaço não era físico era psicológico. A cada dia que passo penso que estou enlouquecendo, tenho medo, medo da vida. Não estou mais aguentando, não deveria está neste mundo. Todos os dias eu imploro a deus pra morrer logo. 

Jungkook Pov 

Nunca pensei que ficaria tão feliz em uma segunda-feira de manhã. Meus amigos e eu nem fomos pra casa de praia no final de semana, para o nosso azar choveu muito. Parecia que era inverno, teve até trovão. Todo mundo ficou bem puto, nossos planos foram por água a baixo. 

Pelo menos as duas primeiras aulas foram de educação física, eu e Tae não fizemos nada só ficamos sentados olhando os outros alunos jogarem queimada. 

— Não acredito que nosso final de semana se estragou assim — Tae fez biquinho — A culpa foi de Hoseok, aquela boca de praga. Ele disse que iria ir, mas acabou dando nisso só pra ele não sair com a gente. 

— A culpa não foi dele, Tae — Ri — Essas coisas acontecem. 

— Sei não, Hoseok às vezes é bem estranho. Tenho até medo, ele é bem mal encarado. 

— Nosso amigo é assim mesmo, já deveria ter se acostumado. — Vi um garoto loiro baixinho todo encolhido no canto da quadra. Ele estava com um caderno de anotações na mão, não sei o que ele escrevia. Estava tão escondido que nem o vi direito, só notei agora. Ninguém olhava pra ele, passavam direto. Creio que ele seja do primeiro ano, já que hoje minha classe joga com eles. Nunca vi esse garoto antes. 

— Por que tanto olha para aquele garoto estranho? — Taehyung deu um tapa no meu ombro chamando a minha atenção. 

— Sei lá, nunca o vi antes. Ele é novato? — falei ainda olhando para o garoto. 

— Não, esse é o menino silencioso do primeiro ano. Ele nunca falou com ninguém, só com os professores, só que em poucas palavras. Não sabia que você não o conhecia.

— E por que ele está sozinho? Ele é tão bonito deveria ter amigos. 

— Não percebe?! Ele não fala com ninguém, como uma pessoa dessa pode ter amigos? Se for falar com ele, nem responde. Por isso melhor esquecê-lo. — suspirou — Enfim, hoje a noite eu quero ir na sua casa comer pizza. Vamos combinar de ver um filme juntos. 

9:30 

Na hora do intervalo fui para o campus da escola escutar música. O refeitório estava muito barulhento. Nem consegui escutar o som com clareza. 

De longe vejo aquele mesmo garoto com um caderno de anotações na mão. Ele sentou de baixo de uma árvore, limpando suas lágrimas. Ele estava bem triste. O mais baixo pegou um lâmina do bolso, fazendo não sei o que no tronco da árvore. Parece que está esculpindo algo. 

Depois de alguns minutos, ele ficou abraçado com suas próprias pernas ainda chorando. Não suporto ver isso, parte o meu coração. 

Saio da minha zona de conforto para me aproximar do menino. Fiquei algum tempo parado pensando no que eu iria dizer. 

— Err, Olá?! — cocei a nuca nervoso — Você está sozinho, quer alguma companhia? — o loiro limpou as lágrimas me encarando, ele não falou nada. — Está com vergonha? Por favor não fique, eu sou bem legal. 

Continua o silêncio 

— Hey, por que você é tão triste? — segurei seu rosto com delicadeza, isso asssustou o mais baixo. 

— Triste?! — riu sem humor — Essa não é a pergunta certa, não vai querer saber. 

— V-você falou — sorri largo, que voz linda. — Quantos anos você tem? Por que é tão sozinho? 

Voltou a ficar em silêncio.

— Ah, por que não me responde? Eu sou muito legal. — fiz biquinho, ouvindo o menor soltar uma risada baixa. — Então você ri né?! Bom saber que eu te fiz rir. — Ele levanta do chão indo embora sem olhar pra trás, que falta de educação. Nem deu um Tchau. Será que sou feio? Porque se disserem que sim é mentira. Lembro que o mesmo tinha escrevido algo na árvore, e com curiosidade dou uma olhada. Era uma frase que me deixou intrigado, queria saber quem é esse garoto. 

Se eu fico em silêncio, é porque vejo algo que não está me agradando. 

O Garoto Silencioso (Terminada)Onde histórias criam vida. Descubra agora