Chapter 23- do you need something? Actually, I don't

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Nos primeiros meses de 2002, Frank não saiu do quarto.

Me aventuraria a dizer que realmente não chegou a sair de lá por três meses. Talvez tenha achado um túnel escondido que levava à cozinha que Gerard cavou quando comprou a casa apenas para não ter que interagir comigo pra pegar comida- coisa que sempre suspeitei que havia feito- e se alimentava assim, porque eu não o vi durante três malditos meses.

Em abril, no entanto, ele começou a acordar mais cedo que o habitual, sair e voltar à tarde, com uma mochila nas costas, então comer algo rápido e ir trabalhar no bar.

Foi assim que soube que entrara para a faculdade.

Não apenas por isso, também havia a quantidade absurda de livros que começavam a preencher a casa por todos os lados. Era até meio... apavorador. Quero dizer, haviam tantos que comecei a tomar cuidado ao andar pela sala para não derrubar as inúmeras pilhas de páginas.

A tara por livros durou mais ou menos um mês. Em seguida, veio a por tatuagens.

Eu tava feliz pela primeira ter terminado, mas não fazia ideia de como a segunda seria agoniante. Quero dizer, não era eu quem estava me tatuando até o último pentelho, mas parecia doer demais. Digo, não achava errado nem nada, mas era impressionante como toda vez que o via, estava com um plástico enrolado em uma área do corpo diferente... às vezes mais de um.

Entretanto, sinceramente, se isso o ajudava a... você sabe, lidar com a dor, não era algo com o qual me importava. Agora, já fazia mais de um ano que Gerard se fora, então poderia dizer que Frank estava, no mínimo, perdendo as esperanças.

"Tem como você pedir pra ele dar um tempo?"

Alicia me perguntou, certa vez, após o anão ter fechado o segundo braço. Franzo a testa.

"Ele tem que parar? Digo, tá fazendo mal a ele?"

Ela arregala os olhos, apontando pro próprio peito.

"Tá fazendo mal a mim!"

Exclama, exasperada. Me seguro pra não rir.

"Ele vai lá toda semana, e não é pra fazer uma coisinha pequena... claro, ele paga, mas tecnicamente, é meu pai que paga ele, então é como se estivesse roubando do meu próprio pai. Além disso, tá acabando com a minha tinta! Sabe quanto tempo demora pra eu conseguir um carregamento novo daquela tinta específica? Assim, vou ficar sem para os meus outros clientes. E, ainda por cima..."

Ela para de andar de um lado e pro outro, parando e me encarando, fazendo movimentos desesperados com as mãos, gesticulando para ela mesma.

"Eu tô exausta!"

Reviro os olhos.

"Pensei que tatuadores tatuassem por quanto tempo a pessoa aguentasse..."

Murmuro, levantando uma sobrancelha. Ela própria havia me dito aquilo.

"Não! A gente não tatua! Isso é só pra atrair cliente!"

Coloco uma mão sobre a boca. Alicia semicerra os olhos pra mim.

"Você tá se divertindo, não é, seu idiota?"

Agarro a almofada que ela lança, caindo na gargalhada.

"Deixe-o, Alicia... ele tá sofrendo. Deixe-o ter algo em que se concentrar."

Ela bufa, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha e tornando a se sentar ao meu lado. Coloco um braço ao redor dos seus ombros.

"É, dá pra perceber... ele me pediu pra tatuar uma rola na testa dele, esses dias."

Engasgo.

"Ele pediu o quê?!"

I Slept With Someone In Fall Out Boy And Was Cheated On | PetekeyOnde histórias criam vida. Descubra agora