A Última viga

Entrando em um coração gelado

OBS:
( )   gestos, comportamentos, descrição do personagem.

"     pensamentos.

-     fala do personagem.

"Me pego lembrando daquela vida chata e sem graça, sem emoção. Sério se dependesse da minha eu estava num convento, a segunda opção era se casar com o Jordan, terceira morar com ela num sítio no interior.
Meu desejo sempre foi ser como minhas amigas, mas fui ensinada que eu deveria ser diferente e sou.
Passei minha vida Mais em casa que brincando na rua, minha mãe tinha medo de tudo: sequestrador,estuprador, e principalmente tinha preconceito com os meus vizinhos que a maioria veio da favela.
Ela sempre foi chata, teve tudo na mão, nunca lavou uma louça, era tratada como uma princesa até os 20 anos. Acho que a criação estragou um pouco sua personalidade e seu comportamento.
Quando conheceu meu pai ela aprendeu a fazer comida, trocou os belos passeios para ficar trancada em casa cozinhando. De Cinderela passou a ser gata borralheira.
Se casou aos 21, Adam veio um ano depois aos 22, Mia nos 24, e com 34 eu mesma, 10 anos depois da minha irmã, e 12 de meu irmão. Meu pai nos trocou pela bebida,jogo e amigos aos 46 anos de minha mãe.
Eu tinha apenas 12 anos, ele sumiu no mundo, pelo menos ficamos livre de suas reclamações, suas grosserias sem sentido. Ele era explosivo, quebrava tudo que via pela frente, colocava o som no último volume para irritar mesmo .
Minha mãe achou que tinha casado com um príncipe, mais era um ogro.
Graças a deus meus irmãos são controlados, defensores da paz, não irritam nem mosca, ninguém puxou a personalidade da mamãe a não ser...eu."
Coloco um som no último volume, lavo a louça, seco, faço omelete com tomates, orégano e queijo. Limpo o fogão que sujei de gordura.
Estou usando uma blusa social branca dele, e fiz um coque no cabelo.
O ap é gigante e bem devorado com coisas antigas.
"Ele tem bom gosto".
Ligo a TV e assisto filme de romance, aproveito e entro em seu escritório que está com a porta aberta.
Pego alguns livros e abro por pura curiosidade, ele tem uma biblioteca lá dentro.
Tá meio bagunçado e então decido arrumar. Tiro o pó, abro as janelas, bato nos livros com um pano, e vejo algo brilhando na gaveta a frente, decido agachar e pegar.
" nooooossaa,éee lindo".
Encontro um anel de prata puro com uma várias bolinhas brilhantes, parecem... diamantes " uouuuuuuu".
Coloco no meu dedo e se encaixa perfeitamente, levanto e sorrio admirando aquele brilho forte e bonito.
É encantador, nunca vi um anel tão bem trabalhado. " E olha que meu tio trabalha com isso. Em sua loja não se acha um assim."
O que faz aqui ? (Uma voz grossa,rouca, e imponente surgi no ambiente silencioso).
-Ahhhh bom eu... era seu né ( digo completamente surpresa e sem graça).
-Não pertence a você coloca no lugar, agora. ( diz com a Voz firme e séria ).
- Eu achei tão bonito.... de quem era.
-Já falei que é meu e ponto.
-Mas é feminino.
-Você é sempre tão chata assim?
- Não. Só curiosa..
-Era da minha noiva..
-O que houve com ela?
Ele suspira e olha pros lados desolado, como se algo o incomodasse.
- Ela morreu no altar, ela já estava doente, não tinha muito tempo de vida.. Só isso.
Ele serra os punhos e morde o lábio com força.
Uma lágrima cai de meu rosto, me seguro na ponta da mesa para não desabar.
Ele percebe e respira fundo colocando as mãos no bolso.
Eu coloco uma mão em meu coração e vejo ele bater mais que o normal.
-Se quer ler algo, pegue e vá. ( Ele sim tá para porta com a cabeça).
- Não vou sair até você me contar tudo, preciso saber...
-Você não me dá escolha, mas mesmo assim não vai me convencer.
Tenho um mini frio na barriga e começo a arrepiar ao ver ele vindo em minha direção.
Ele passa a mão em meu rosto, seca a lágrima que está escorrendo, põe uma das mãos em minha cintura e derrepente...
" ele me abraço....comoo"
Seu abraço é tão gostoso, quente e não frio, sua pele é macia e seu cheiro é suave.
Fico sem reação, mas logo retribuo colocando minha cabeça em seu peitoral.
Ele passa a mão enroscando seus dedos no meu cabelo e me puxa para um beijo... um beijo em câmera lenta, daqueles de novela, é uma sensação de desabafo, já que ele não consegue se expressar com palavras.. acaba sendo grosso.
Nossaa línguas  buscam mais sabor, mais desejo até a velocidade aumentar.
Sua mão no meu cabelo é forte. É como se ouvesse mini puxões e carinhos.
A outra mão vai na cintura, massageando, sendo pega com força, no jeito, na garra, com confiança.
" Isso que é pegada". Ele faz isso no automático .
Logo ele me separa e olha no fundo de meus olhos, encosta testa com testa, em seguida beija minha testa com delicadeza.. Se afasta aos poucos sem eu perceber, me dá as costas.
E eu num passo o agarro pelas costas e fico abraçada até ele para de anda.
Ele me olha seriamente e sem emoção.
-Por favor não vai, eu quero cuida de você, por favor não vaiii.
-O que você quer de mim garota ?
Ele tira minhas mãos de sua cintura.
E antes que eu diga algo...
-Se você acha que vou me deixar seduzir por uma criança, você tá enganada, isso não foi nada.
Eu engulo seco, o viro pra mim, o puxo pela gola da camisa e dou outro beijo.
Ele continua com os olhos abertos e frios...
- Vai fala... diz que não significou nada pra você.. ( digo entre lágrimas).
Ele me olha de cima, com olhos assustadores.
- Não.
Eu aceno com a cabeça num sinal de sim, mordo o lábio, riu sozinha de nervoso.
E saio da sala batendo a porta com força.
Me visto com tudo, de qualquer jeito, só quero sair dali.
Pego minhas coisas e saio, clico no botão do elevador desesperada e começo a dar mini socos no botão.
Não adianta então vou pelas escadas.
O porteiro pergunto se estou bem e eu nem respondi, passo reto.
Pego um táxi, passo o endereço e fecho o vidro do carro.
Chegando na recepção, dou de cara com minha mãe...
-MÃE???? O que você tá fazendo aqui..
-Vim ver você, não me liga a três dias, não manda mensagem, queria ver se estava viva, e lembra que você ainda tem mãe.
- Meu cel tá no modo avião, eu nem me lembrei de falar com você, minha vida tá um caos.
-E essa cara de choro, deixa eu ver.. levou outro pé na bunda?
-É.. É isso tá feliz?
- Não fico feliz com a desgraça dos outros. Eu avisei.
-Sim, tô sabendo.
-Seu irmão saiu da cadeia, tá em casa descansando, ver se encontra outro emprego porque foi demitido .
Eu arregala os olhos
-Nossaa, até que saiu cedo, cumpriu a pena então.
-Peguei a fiança dele
-Ahhh
-E minha irmã?
-Nem desconfiou, trouxe uns presentes e disse que vai volta semana que vem.
-Pra que?
-O casamento, esqueceu...?
-Ahhh é né eu nem me toquei..tão recente ( murcho na hora)
- Que é ta infeliz porque, a vida tá me dando uma nova chance, você deveria se orgulhar... ( ela diz fazendo gestos com as mão).
-Sem escândalo mãe
- Não estou fazendo escândalo, você que tá com frescurite.
-Victóriaaaa.. ( digo olhando pro chão)
-O que?
- Não quero que ela esteja lá.
-Mais vai estar e você também.
Serro os dentes, e olho para os lados para não encara-la.
-Se não aceitar o problema é seu, minha felicidade depende de mim.
-Parece eu, realmente somos parecidas, não só no tamanho mais na personalidade forte.
- Não sou eu que virei roqueira e maconheira?
-O que? Mãe para, é só um estilo, deixa de ser careta.
-Parece uma palhaça, tá ridículo, tá querendo chama atenção..? é isso?.
Eu olho indignada com a arrogância dela.
-OLHA na boa, ja deu mãe, você gosta de me humilha,  tá no seu sangue.
-Cala sua boca, que eu sei o que você está fazendo, só cego pra não ver.
-Senhoritas podem falar um pouco mais baixo estão assustando os hóspedes. ( diz o recepcionista).
- Falo ALTO MESMOOO quem são vocês meros comedores de arroz e feijão, pra me calar. Vocês não são nada.
-Mãeeee... ( grito horrorizada)
-E você não se intromete.
-É sobre mim que estamos falando.
-A é viro adulta né, só porque parece a viúva negra com esse cabelo e boto esses pinos na cara, acha que pode ser dona da razão.
-Senhoritas, vou ter que retira-las.( diz o recepcionista pela segunda vez).
-Se pega pelo meu braço, te arremeço longe.( Minha mãe ameaça com a bolsa maior que ela).
Eu olho feio pra minha mãe.
-Pra ir no meu casamento pode tirar essas coisas da cara, e essa coisa horrível do cabelo, tá horrível.
- Não sei se vou..
- Ahhh vai nem que seja.. ( a corto no mesmo instante).
-Arrastada ? Com que acha que a senhora tá falando, com uma criança de cinco anos?
Logo sinto uma ardência no rosto, meus cabelos voando e eu caindo no chão.
Ela me deu um tapa sem dó no rosto e ainda me fuzilo com o olhar.
-Você Não é minha filha.. Não é.. foi um erro me preocupa com você.
Ela sai pela porta de vidro assustando a todos que presenciaram isso.
- Quer ajuda? você tá bem? ( o recepcionista me levanta com cuidado).
-Valeuuu..
(mostro um " joinha" pra ele e abro um sorriso amarelo).
-Essa é sua mãe? ( ele pergunta).
-É.. é sim, é normal.
Ele ri sem graça e pede desculpa depois.
Subo, e vejo a porta destrancada, tudo virado, jogado as traças.
-O que aconteceu aqui? ( pergunto a mim em voz alta)
Desço correndo e tiro satisfação com o recepcionista.
-Sua mãe que fez isso.. ela praticamente nos ameaçou pra dizer seu quarto e entregar a chave.
-Nooossa,precisava disso?
Ele balança a cabeça e continua digita no computador.
Eu arrumo meu quarto inteiro, e me perguntando " pra que aquilo".
Isso leva o dia todo e a metade do outro dia.
Faço uns currículos no notebook, salvo no pen drive e imprimo.
No dia seguinte começo a entrega nos lugares de meu interesse.
Com minhas famosas roupas sem graças.
Olho no calendário enquanto como uma maça..
" o casamento da minha mãe é daqui a três dias, um dia antes do meu aniversário".
- Que tristeza ( digo pra mim mesma).
Vejo algumas palestras no YouTube, apreciando um bom miojo.
Jogo uma bolinha no teto e ela volta na minha mão. É com isso que passo meu tempo.
A luz na minha cara como sempre me acordando.
Jogo o travesseiro longe. E uma campainha toca.
-Já vaiiii, o inferno da minha vida.( reclamo)
-Tem uma mulher lá embaixo querendo fala com você. ( diz um rapaz novo, deve ser novato).
-Manda ela subi. " sei que é minha mãe".
- Ela não quer, disse que quer conversar la embaixo.( o novato insiste).
-Taaaa você venceu.
Visto uma blusa rosa claro com listras brancas, uma saia jeans de botão acima do joelho, uma jaqueta de linha grande, trabalhada a mão em tons de azul.
Nem pentei o cabelo só faço um coque, coloco uma sapatilha cor salmão.
A cara de sono e visível.
Me deparo com uma mulher na recepção.
-Olá tudo bom? Fiquei sabendo que está em busca de um emprego.
Eu me aproximo lentamente, ainda tentado digeri aquilo.
-Desculpa você éeee... a
-Sou a secretária do senhor Eiri Yuki.
Ela continua..
-Vim te oferecer uma oportunidade de entrar na nossa empresa. Como redatora, supervisora, ou até escritora.
A única palavra que sai da minha boca é...
-Caracaaa.