A dor da perda

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Dizer "não" para a pessoa a quem eu estava completamente entregue, foi difícil, não sei da onde tirei coragem.
Eu acompanho a susposta " noiva " de Eiri, pra ver se consigo mais respostas para minhas dúvidas aleatórias.
Com certeza isso melhoraria meu ego, e mataria minha curiosidade.
Ela foi fria e franca, um pouco rude nas palavras, mas não hesitou em abrir o jogo. " Odeio que escondam coisas de mim " Olho para o local que estamos e sim é a Foster.
-Porque me trouxe aqui dona... digo Estela.
-Você vai trabalhar aqui foi o que o Eiri me disse.
Minha mente está a beira de um colapso, essa mulher... não sei.. será que ela vai me mata ou algo do tipo?
-Você é jovem, mais tem em mente os problemas que ele está enfrentando, a empresa tá falindo, ele recebeu uma carta para passarmos adiante, minha família sugeriu há 9 anos atrás, que nos casássemos e esse laço iria fortalecer a empresa. Ambas famílias possuem dinheiro.. e com dinheiro você faz o que quiser.
Ela caminha comigo até uma sala de reuniões no décimo segundo andar.
" Pegar elevador é pessimo mais não tem outro jeito ".
-Não posso me meter na briga de vocês.
-A questão não é se meter.. Porque você já está nela, sem querer, apartir do momento que cruzou o caminho dele.
-Eu tenho um dom, o desastre, e tudo que toco sai mal feito, não sou capacitada, e investir em mim foi um erro.
Ela mexe nos cabelos apressadamente.
- Da pra para de choramingar, você é uma mulher tem que agir feito uma.
Me viro com tudo e bato forte na mesa
-Não vou ser moldada por você, se me trouxe aqui para me MUDAR, você tá pegando o bonde errado.
-Escuta.. eu estou aqui pra ajudaaa.
-Se quisesse mesmo fazer isso, deveria estar apoiando seu noivo e não aqui pedindo arrego.
Gal entra com dois chás na mão.
-Com licença, aqui está madames sirvam -se e bom trabalho.
Eu faço que sim com a cabeça, já a "dondoca" permanece a me comer com os olhos.
-Preciso que fique de olho em tudo...
O Eiri está focado demais no trabalho e não presta atenção no principal.. aqueles que administram seus negócios.
-Tem alguém mexendo os pauzinhos..
-Tem, ohhh se tem! ( ela diz tomando o chá ).
-Eiri te enrolo por esses 9 anos? Como?
-Ele não me queria simples assim.
-Não vai tomar chá?
-Não curto.
-Eiri acha que está condenado, as pessoas que ficam ao seu lado morrem ou vão embora.
-Credo que horror.
-A é verdade meu bem.
-Sei que não devia tá tocando nesse assunto mais a Gal tentou me chantagear e não deu certo. Acha que ela é uma dessas pessoas.
-Provavelmente.
-Ela é muito colada nele, acho estranho.
-É normal, afinal é o trabalho dela.
Me esparramo pela cadeira, quando eu vejo que me livrei da assombração, o pior está por vir.
Adam me liga, e eu peço licença pra ela.
-Alô, Adam?
-Escuta aqui garota onde você está, no cú do mundo? Acha que é dona de si mesma, e se você morresse? A culpa ia ser minha, tem idéia de quanto estou preocupada?.. mais não a senhorita..resolve fugir com um gigolô desconhecido.
É minha mãe no telefone, não meu irmão, eu encosto na parede do corredor e suspiro alto, no intuito de não me alto sufocar.
Minha reação é simplesmente apertar o botão vermelho.
Desliguei em sua cara, não é um momento bom para nos xingarmos.
Gal surgi no corredor,
-Preciso que você use roupas sociais e salto tem algum?
-Não.
-Bom tenho algumas se você quiser eu trago pra dar uma olhada e experimentar.
-Não valeu to de boa.
Um grupo de homens engravatados e com pastas surgem quando a porta do elevador abre.
E meus olhos procuram na multidão, aquele que tanto corri atrás, e estou aqui por ele.
Eiri está impecável, perfeito, zero erro, incrível, e aquelas veias saltando então, esse olhar penetrante, perfume suave, e um cabelo de dar inveja.
Seus olhos esbarram nos meus, e ele balança a cabeça num sinal de sim. Eu o cumprimento do mesmo jeito, dando passagem para eles.
Escuto um susurro no meu ouvido,me dando ordens.
-Quero que entre nessa sala, mais primeiro vou colocar uma roupa presencial em você. Vai agir como se fosse o braço direito dele, no entanto só vai observar. ( Gal me da as cordenadas)
E junto com sua voz, meu estômago embrulha, e meu coração acelera em ritmo de samba.
Ela me coloca numa sala vazia, com cadeiras e mesas de madeira, muito lindas por sinal.
A vista da pra ver a cidade toda.
-Toma veste isso.
Ela estende uma saia verde água que molda o corpo com dois palmos acima do joelho.
E uma blusa social preto de manga curta, junto com um blazer preto.
Tudo deixa meu corpo mais escultural.
Os saltos que me assustão eu os vistos num medo extremo.
E na hora de andar
-Vrac, vrac, Deus isso não vai dá certo, eu to me arrastando.
-É o barulho tá horrível, mas agente anda pra lá e pra cá um pouquinho.
Ela é otimista, e segura meu braço enquanto ando para que eu me firme.
-Olha para um ponto fixo, vai ajudar no equilíbrio.
-Não posso ir descalça? ( pergunto franzindo a testa ).
-Não, claro que não.
Ela chega comigo no elevador, e lá vamos nós de novo, voltando para o andar de número 12 onde Eiri e Estela estão.
Ela me larga sozinha no elevador e a porta se fecha.
-Boa sorte.
-Nãaaaaaao! ( grito e do um tapa tapa porta).
-Porqueeeee porque euu, tudo euuuuu. ( quase choro quando reparo na situação em que me encontro ).
Quando dou um passo para fora do elevador, tomo um capote, e por sorte ninguém estava lá pra ver a cena de comédia. Me levanto como se nada tivesse acontecido, faço a monalisa.
Meus cabelos estavam soltos, então os prendo num rabo de cavalo no alto e abro a porta.
"Sabe a vontade amar reuniões, encontros, ter posses, cuidar de empresas, ser o braço direito do cara que sou fã?  pois é nunca tive isso."
Meu subconsciente toca uma orquestra  de funeral nesse momento.
Dou um passo sorrateiro de cada vez, e todos me olham com curiosidade, dou uma de " Madame". Isso me da um ar de confiança.
Eiri me  olha com o polegar no rosto, quase rindo da minha atuação dignia de óscar.
Apoio minha mão em sua cadeira e ele só vê de relance e continua a reunião.
Não entendo nada daquilo, mais vejo que está tenso, ele massagea as mãos umas nas outras, coça o cabelo,e passa o dedo nos lábios.
"Tão previsível".
Eu me seguro para não abrir a boca mais um dos caras barbudos e engravatados me irrita.
-O que uma criança como você sabe sobre admistra empresas?
-Muito mais do que você imagina, até porque o senhor só tem emprego porque eu indiquei. ( Eiri lança um olhar maligno e frio ao homem a sua frente ).
O homem se cala e segura para não dar uma responsta ignorante.
-Você não tem condições de continua, não tem mais da onde tira dinheiro.
( o outro enquadra Eiri com o argumento ).
Eiri coloca a mão na testa, tentando encontra uma saída.
-Tem sim ( eu digo em voz alta ).
Eiri bilista minha cocha e reagi com um "não", movimentando a cabeça.
-É mesmo minha jovem e como vai fazer? ( ele me olha com malícia, tentando me joga contra parede também ).
-Agente dá um jeito.
Todos dão gargalhadas e  soquinhos na mesa, outros tiram muito sarro.
- Se estão tão preocupados, é porque querem tomar o lugar dele, vocês são inferiores, porque são gananciosos e egoístas. Já ele deu duro pra chegar onde chegou, vocês não são um terço dele.
O ambiente antes barulhento agora se silencia, só o som dos carros lá fora é que quebra um pouco o clima.
Gal me olha horrozida da porta, pelo jeito não era o que ela queria.
-Tirem ela daqui ( Gal anuncia no rádio).
A pessoa da outra linha pergunta quem.
-A de cabelo vermelho, a ruiva de piercing.
-Nada vai mudar essa situação criança, estamos afundando feito um Titanic. ( um moço da mesa irritado, esbraveja).
-Simples vendam carros, casas, joias, o que custa?
Todos parecem panelas de pressão prontos a explodir.
-Cala a merda dessa boca ( diz Eiri entre dentes pra que ninguém escute).
-To ajudando você  ( digo susurrando quase sem voz).
-Tá piorando as coisas ( Eiri diz num tom furioso, porém baixo).
-Querem saber tá todo mundo fudido, e vocês vão ir todos pro olho da rua, vocês são péssimos conselheiros, só sabem reclama, e tem muita gente querendo emprego, não é justo sustentar um bando de frango de padaria.
-Chegaaaa pela mor de deus ( Eiri está se descabelando os olhos  estão arregalados, tipo de um gato ).
Ele passa a mão na cara e em seguida bate a testa na testa na mesa várias vezes.
Vejo pessoas querendo enfia mão na cara do outro, papéis voando, gente puxando a gravata do outro, todos perderam a compostura em menos de 20 minutos de reunião.
Eiri me arrasta pra fora da sala, me segurando firme para que eu não me solte.
Ele afroxa a gravata,  respira devagar tentando se acalmar.
-Olha eu tentei por tantos anos, manter a paz, nesse ambiente, me contendo para não falar besteira e chega VOCÊ EM MENOS DE 20 MINUTOS, transformando o "PARAÍSO" NUM CAMPO DE BATALHA.
Eu dou risada sem parar, ele me fez perder a compostura agora.
-É DE RI MESMO, PORQUE AGENTE TÁ MUITO FERRADO AGORA. ( ele grita pra mim segurando o riso ).
-Onde tá a Gal?
Eu seco as lágrimas, porque me matei de ri.
-To no lugar dela.
Sua cara de tipo " Fudeu mais ainda" é nítida.
-Faz o seguinte vai pra minha sala, e fica lá quetinha, finge que é um móvel e não sai de lá nem pro banheiro.
-É uma prisão?
-Pode chama de gaiola se você quiser. ( ele ironiza o que falo por estar nervoso).
-É no vigésimo andar, boa sorte.
Ele me entrega a chave e eu me vou.
-Grrrrrrrr não tenho sussego.
Chego lá, e a porta está entre aberta, Gal está mexendo em suas gavetas.
-O que procura? ( digo sem saber o que se passa).
Ela toma um susto.
-Nada, só tava arrumando  ( ela diz num sorriso forçado ).
-Ahh, bom Eiri... o senhor Eiri me mandou vir pra cá.
-Ata eu estava de saída mesmo, fique a vontade.
Ela sai acelerando o passo, e ali minhas suspeitas se iniciam.
O telefone em sua mesa toca, e eu quase pulo de susto.
"Atendo ou não atendo, ó dúvida cruel"
Um homem pergunta se pode vender a empresa de Dubai. E minha língua trava no mesmo instante.
Penso o quanto está sendo difícil manter uma, imagina 3.
Eiri entra na sala e me pega com o telefone nas mãos, ele começa a convulsar de nervoso, e eu começo a tremer feito gelatina.
"MANO MORRE É POUCO ELE VAI ME TORTURAR ATÉ A MORTE".
Eiri começa a ficar ofegante, passar a mão no pescoço como se lhe faltasse ar e desmaia.
-EIRIIII? EIRIIIIIII? ACORDA FALA COMIGO, por favor, por favor ,por favor.
-ALGUÉM AJUDA!!!
nesse instante surgem pessoas falando
-Chefe, CHEFE.
Outros..
-Deixem ele respira saíam de perto dele.
O telefone está pendurado e o moço do outro lado escutando tudo.
Pego no telefone, me ajoelhando e dizendo numa voz baixa e controlada.
-Sim.
O moço agradece
- Sim senhorita Gal . ( e desliga o telefone).
"Gal? Gal? GAL? PERAI TEM CAROÇO NESSE ANGU, Ela taa.. o que ela ta fazendo com um telefone que é restrito, só o Eiri pode mexer.
Eu olho para o chão, numa expressão aterrorizante.
Acompanho os médicos chegando e levando Eiri.
Quando caminho pelos corredores uma mulher grita socorro.
Eu corro na direção da sala onde a Estela tinha me levado, tiro aqueles malditos saltos, e vou atende -la.
Ela está no chão, numa expressão de dor.
-Estela, Estela ei eiii to aqui, vai fica tudo bem viu, tudo bemm ( tento acalma-la mesmo estando nervosa).
-Eu.. sei.. olha não confie em ninguém daqui, só no Eiri.. foca nele, não desgruda dele.. tem muita gente, que quer ve-lo na pior.
-Eu to percebendo Estela, eu viii  a Gal tem dedo nisso, certeza.
-Não se precipite Katharina, você é boa demais, mais muito ingênua, qualquer um te leva na lábia e te passa pra trás.
Eu começo a derrubar lágrimas em seu rosto.
-Tem que se manter firme ( ela diz quase sem voz ).
Mal escuto seu coração bater.
-Deixa eu te ajuda... faço qualquer coisa pra você ficar comigo.
-Tem um pen drive nas minha bolsa.. com idéias ...que.. podem dar certo, não as utilizei porque ..E-iri não deixava me metee-rr em seus negócios.
( sua voz é falha, e ela esforça pra dizer o que estava entalado a muito tempo).
-Shiiii, chega tá bom, eu entendi, você tá me ajudando.. mais a troco de que?
-Eiri fez essa mesma pergunta a mim, quando eu trabalhava pra ele. Meu único interesse é agir pelo certo. Não gosto de pilantragem.
Eu espanto com tanta, sabedoria ,ela me da uma aula, uma lição de vida.. ela faz sem interesse nenhum? Impossível.
-Ensine ele a enxergar...com os seus olhos ( ela passa seus dedos delicados sobre meu rosto).
Ela vai me soltando aos poucos .
-A-aajuda já ta vindo, eles tão vindo.
Eu olho para a porta numa agonia, desespero e esperança... será que alguém vai aparecer?
-A filha dele é linda, se quiser vê-la  está Madri com a irmã dele, ela ainda é pequena, mais muito esperta, uma fofa..  é a cara do Eiriii.
Meu coração está um caco, procuro um espaço em mim para respirar e não consigo, as alternativas estão em falta, e eu empaco feito mula.
Meu rosto não suporta tantas lágrimas transbordando.
Ela da um último suspiro e se solta da minha blusa.
Seus olhos perdem o brilho, tudo se torna escuro e vazio.
Dou um grito tão forte e tão agoniado que o Andar inteiro escuta, e quando a ajuda chega, já é tarde.. demais.

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