Falsa liberdade

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Faltando Alguns metros para chegar, já vou guardando meu livro "A arte da guerra" e tiro os fones que estavam tocando "Never gonna be alone" de Nickelback.
Ao sair do ônibus me deparo com uma enorme estrutura, "deve ser aqui mesmo com certeza" falo para mim mesma.
Tudo é tão bonito.. pera...as paredes estão pixadas , armários tortos e estourados. Pessoas fumando maconha, outros se beijando no corredor..." mais que poha é essa". "Graças a deus minha mãe não veio comigo olha o escândalo que ela ia fazer, capaz de matar o diretor dessa espelunca".
Caminho pelos corredores sem destino, até que uma garota de cabelos e olhos castanhos, magra, com curvas no corpo esbarra com força contra meu corpo.
-Aiii ..desculpe, não foi minha intenção, aliás meu nome é Victória.
Ela parece estar realmente arrependida, mais " quem pergunto o nome dela?
-Bomm.. é.é..sou Katharina, mais pode me chama de Kate ( respondo sem graça).
-Pode me chamar de Vic (ela abre um sorriso cativante).
Ela parece ser legal. Quem sabe até role uma amizade.
Meus pensamentos são atrapalhados pelo som do alarme que ecoa pelo corredor.
Me despeço dela e saio correndo feito um relâmpago a caminho da sala com um papel que minha mãe escreveu...
"com uma letra maravilhosa, né? super da para entender" .
Finalmente chego a sala e todos me olham como se eu fosse uma refugiada, "isso é tenso".
"Nossa tem tanta gente bonita que da até gosto!"
Me sento onde está vazio. Bom aquela turma era de medicina veterinária 711, estava abarrotada de gente, nem deu tempo de guardar minhas coisas ou me organizar, do jeito que eu estava.. acabei indo.
O professor Mayer se apresenta e nos faz se apresentar.
Eu me levanto, mais meu vestido enrosca na cadeira. Logo, ouço vozes rindo baixinho. No mesmo instante puxo com tanta pressa o vestido que acaba rasgando um pouquinho.
"Aiii que vergonha, eu mereço".
Vou até a frente e digo meu nome.
-Meu nome é Katharina German Surian, sou de Port Angeles Washington, meu sonho é ser veterinária ou filósofa, pretendo conhecer o Canadá, Londres e...
Antes de terminar um menino me interrompe.
-Onde você mora só vende cortina né?( ele fala com sarcasmo, me olhando de baixo acima).
-Ohhhh Abajur? Desce dai!!! Você não  tem nem tamanho ( um outro menino do fundo diz provocando).
E por fim muitos resmungos e risadas abafavam o que eu tentava falar.
Sem que eu perceba uma garota rápida se põe, me dizendo:
-Não liga pra eles, são urubus atrás da carne ( Ela diz numa voz sedutora).
E então ela levanta meu vestido, mostrando a calcinha no meio de todo mundo, eu ruborizo e minha vontade e sumir dali o quanto antes.
Então olho pra ela sem entender e ela ressalta:
-Dei a eles o que queriam, E-MO-ÇÃO. ( Ela faz uma cara de vitoriosa).
E todos caem na gargalhada.
Apenas um deles balança a cabeça e coça a nucaz como se não achasse graça alguma.
Em seguida o mesmo que começou a baixaria é o mesmo que taca bolinha de papel em mim. Seguidamente os outros também. Vic uma garota a qual admirei minutos atrás, bagunça meu cabelo e outros que tiraram sarro, jogam minha mochila no lixo.
Sem entender ou raciocinar o que estava acontecendo. Eu choro desesperadamente. E só pra piora..quando saio correndo ainda a porta prensa em mim.
" Ahhh Eu queria morreeeer".
O professor não fez nada só falou " gente, gente, paraaa". E se mando para secretaria. Que tipo de professor é esse?
Encontro uma escada no fim do corredor e me sento pensando na minha vida patética, enquanto cai a chuva lá fora.
Meu celular toca e quando vejo é meu irmão Adam, me dando os parabéns por ter entrado nessa faculdade.
Não consigo segurar minhas lágrimas, levo as mãos ao rosto enquanto um menino se aproxima. Ele  se senta ao meu lado e pergunta se gosto de sexo.
- Quêee??? Tá maluco! ( falo como se fosse a coisa mais bizarra do mundo).
-Sei lá achei que você curtia, te achei mó gatinha. ( ele sorri com perversidade).
Sem pensar duas vezes corro o mais longe que consigo e ainda sim ele me persegue.
-Ei gatinha não foge não! ( ele diz num tom irônico).
E outros rapazes aparecem em minha frente cheio de malícias, falando um monte de asneiras.
Até que um menino de moletom preto e de capuz, surge. Me puxa pelo braço e diz..
- Ela tá comigo, cai fora! ( ele olha como se fosse mata-los ali mesmo).
Eu  tento sair de seus braços mais ele é forte demais. O garoto do capuz se põe com uma postura valente e se inclina ao meu ouvido dizendo:
-Fica queita ou eu largo você aqui ( num tom sedutor e ameaçador).
Eu sem ter saída apenas obedeço.
Os caras fingem recuar, mas em seguida um deles vira e dá um soco no rosto do rapaz que está tentando me ajudar.
-Vaza daqui!!! AGOORAAA. ( ele grita pra mim ).
-Eu me viro... essa luta não é sua, Branquela. ( ele olha pra mim, como se fosse a última esperança ).
Eu empurro o cara que fez isso a ele no intuito de ajudar... o cara mal intencionado, segura meu braço com força e me joga na direção dos armários.
Logo em seguida o menino de capuz briga com os outros de igual pra igual, Mas a fúria toma conta de seus olhos, ele cai por cima do garoto que me empurrou e começa a dar uma série de socos.
Todos saem para os corredores gritando
-BRIGA, BRIGA, BRIGA!
Mais ninguém ajuda, são 4 contra 1.
Até que alguns  funcionários e alunos sensatos tiram eles de lá.
O coordenador entra no meio, puxa para si o menino de capuz, e segue com ele até a sala principal.
-Me acompanhe senhorita Surian (Diz o coordenador stefany).
E eu tremendo e com os olhos arregalados engulo um seco e vou.
Na sala dele, me sento e já ouço sermões...
-Senhor Meliev sabe MUITO bem que brigas são PROIBIDAS e essa já é a quinta esse mês. ( ele olha fixamente para nós).
"Então... o nome dele é.. Meliev, peraaa.. não é o sobrenome! " O que isso importa agora, eu tô fudidaaa."
E ele esse tal de Meliev olha pra mim com desprezo e observa o coordenador feito uma cobra pronta pra dar o bote.
- Eu estava ajudando uma ratinha acoada, os caras queriam come-la ali mesmo, e eu odeio esse tipo de coisa.
E pra sua informação, meu nome é Light.
Eu cai a cara " além de lindo,o nome era bonito, e acima de tudo, não leva desaforo pra casa não...amore"
-Tem algo a falar em sua defesa? ( Stefany olha pra mim com o rabo entre pernas).
- Ele tem razão... " antes que eu termine o mocinho apressado fala na minha vez".
-Caso encerrado, não tenho mais o que fazer aqui, afinal vocês não sabem cuidar dessa merda. Viro um putero, todo mundo faz o que quer desde que eu entrei, e como sempre só querem encher o CÚ de dinheiro.
( ele sai batendo o pé e bate a porta numa força que quebra a maçaneta).
E eu calada fiquei, os outros 4 só ficaram olhando pro chão. Pareciam um bando de coitados.
-Vocês vão lavar o banheiro por uma semana OUVIRAM BEM! ( ele fala em alto e bom tom ao se levantar da mesa com poltrona de coro).
-SIM..! ( dizem num tom rouco mais firme).
- E você.. vai ficar um dia sem vir a faculdade, ouviu? ( ele me olha bravo).
-Ahh como assim, perai eu..eu.. Ahhh.. (começo a gagueja).
E ele continua.
-Todos precisam de punição, se não as coisas viram festa por aqui. ( ele explica).
Os outros saem da sala de cabeça baixa e resmungando. Eu saio logo em seguida.
Minha mochila está em cima da minha mesa e a sala vazia, " devem estar comendo" .
Ouço passos atrás de mim e dou de cara com Light.
- Você é muito boba, tem que ser mais esperta, não pode deixar os outros pisarem em você. Da onde veio? De um castelo? ( ele já se impõe e me põe contra parede nas perguntas).
- Eu tô acostumada, tudo da errado, sou azarada e desastrada, ninguém me quer por perto desde a infância.
Eu olho para ele..querendo chora de novo. " Caraca já é a terceira vez que choro".
Ele me olha fixamente, olho no olho, sinto até o calor de sua pele, seu suspiro, e seu ar quente...dou um passo pra trás e quando vejo já estou na parede. Ele chega no pé do meu ouvido e sussurra..
-Ainda bem que eu encontrei você.. My Lady. Eu vou te ajuda a sobreviver nesse ninho de cobra, só me fala se você quer ou não. A não ser que queira sofrer mais um pouco.
Ele me olha com convicção do que diz.
"Será que ele é confiável?" ( converso com meu subconsciente).
Seus olhos são cor mel e seus cabelos são negros, tem uma tatuagem de Dragão negro no braço direito. Seu pescoço..tem uma rosa negra, e na sua testa uma palavra em japonês que me chama atenção, significa "amor".
Observo cada detalhe daquela pele estranha porém bonita.
- Que foi? ratinha medrosa ( ele abre um sorriso de canto ainda comigo na parede).
- Eu topo qualquer coisa pra mudar isso. ( falo sem gaguejar desta vez até me surpreendo, e continuo olhando para aqueles olhos.. mel ).

A Última vigaOnde histórias criam vida. Descubra agora